Datos del trabajo


Título

Prevenção do câncer de mama: o temor da doença como fator propulsor de cuidado da mama

Introdução

No ano de 2013, a incidência do câncer foi de 14,9 no mundo, ocorrendo 8,2 milhões de mortes pela doença. No mesmo ano, o câncer com maior incidência em escala global na população feminina foi o de mama (1,8 milhão), sendo a segunda causa de morte (464 000 mil). Foi a localização da doença com maior incidência para o público de mulheres em 161 países e a causa mais comum de mortalidade em 98 países. À nível global, sua incidência tem crescido de modo constante, porém, desde 2000, o aumento tem sido mais lento1. Nesse sentido, a prevenção do câncer de mama torna-se pauta das ações no âmbito da saúde. É neste cenário também que a experiência de mulheres que conhecem ou cuidam de pessoas com o câncer de mama constitui um dos fatores de propulsão para o cuidado da mama em decorrência do temor da possibilidade de ter a doença.

Objetivos

Apresentar a experiência de mulheres que realizam ações de prevenção do câncer de mama em relação ao temor da doença como fator propulsor para o cuidado da mama

Método

trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter interpretativo, desenvolvida em uma Unidade de Saúde da Família do município de Pelotas, Rio Grande do Sul, com 20 mulheres que realizavam exame ginecológico e avaliação das mamas no serviço. A coleta de dados ocorreu de junho a outubro de 2016, por meio de entrevista semiestruturada, e o registro dos encontros foi descrito em notas de campo. Para a análise de dados utilizou-se a análise temática de Braun e Clarke2. O estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas sob o número CAAE: 56981516.1.0000.5316.

Resultados

no instante em que as mulheres se percebem vulneráveis ao câncer de mama ficam preocupadas e com medo, referindo que essa doença é considerada o “maior bicho papão” da vida delas, uma vez que conhecem pessoas que já sofreram e morreram por esta doença e por isso a temem, o que faz com que se cuidem, principalmente, a partir de estratégias relacionadas a prevenção secundária. Dessa maneira, elas reiteram que o sofrimento, a luta, as metástases e as mutilações estão envoltas no conhecimento de quem já viu alguém com este câncer, experiências que marcaram a vida das participantes que já passaram por esta situação, tendo um sentido de que não optar por realizar os exames de detecção precoce pode não ser a melhor opção. A experiência dessas mulheres com pessoas conhecidas e que acompanharam o sofrimento impactam na vida delas e isto influencia no seu temor de desenvolver a doença. Sendo assim, perder e/ou conhecer alguém com o câncer de mama faz com que as mulheres vejam a sua finitude, pensem no sofrimento da família e queiram afastar a possibilidade da doença. Ainda, para elas, em certos casos não adianta tratar o câncer, sendo a saída prevenir, com destaque para os efeitos adversos decorrentes da terapêutica, que pode ser em vão. Nessa linha de pensamento, para algumas mulheres, a prevenção é mais eficiente do que o próprio tratamento, uma vez que creem que a possibilidade de morrer pode estar presente independe da terapêutica estabelecida. Além do mais, para elas a prevenção visa cuidar para que o câncer não se instale ou mesmo poder descobri-lo em um estágio menos avançado, uma vez que poderia impossibilitar o tratamento. Portanto, tomar um rumo sem volta é algo que incentiva as participantes a pensar na detecção precoce do câncer de mama, uma vez que o descobrir tardiamente é incompatível com as terapêuticas existentes para a cura. Nesta lógica, a detecção precoce tem o sentido de proteção para “não passar pelo pior”, ou que tome “proporção que não tenha como voltar atrás”. E para garantirem estarem livres de sinais e sintomas como a mutilação, a alopecia, a incurabilidade e a morte no contexto da doença como certezas oriundas de quem tem ou terá o câncer. Compreende-se nas entrelinhas que elas acreditam que os exames de prevenção e detecção precoce do câncer de mama evitariam a doença, o que as direciona para a sua realização como uma maneira de garantir “o estar livre” da doença, sem ter uma lógica de descoberta precoce.

Considerações Finais

por meio desta investigação foi possível constatar que o medo contribui para que as mulheres realizem os exames para detecção precoce do câncer de mama, tendo uma lógica de que não podem se descuidar, e, portanto, necessitam realizar exames preventivos, ao passo que ter este cuidado pode ser motivo de serenidade na vida da mulher, haja vista a possibilidade de identificação da ausência da doença. As experiências com o câncer de mama por parte das participantes deste estudo configuram um dos principais disparadores para a realização dos exames preventivos à doença, como uma garantia de descobri-la precocemente e ter a oportunidade de tratá-la, antes que seja tarde demais. Algumas explicitam a ideia de doença devastadora, entretanto, tem a esperança de que realizando os cuidados preventivos possam ficar livres dela.

Referências: Global Burden of Disease Cancer Collaboration. The Global Burden of Cancer 2013. JAMA Oncology [internet]. 2015 [acesso em 2017 set 14];1(4): p.505-27. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4500822/pdf/emss-64123.pdf
Braun V, Clarke V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology 2006. 3(2): 77-101.

Palavras Chave

Area

Saúde da Mulher

Autores

ALINE COSTA VIEGAS, ROSANI MANFRIN MUNIZ, MICHELE CRISTIENE NACHTIGALL BARBOZA, BIANCA POZZA SANTOS, DANIELA HABEKOST CARDOSO, DÉBORA EDUARDA DUARTE AMARAL, JULIANA AMARAL ROCKEMBACH, JANAÍNA BATISTA MACHADO