Datos del trabajo


Título

Programa de Educação para o Trabalho em Saúde (PET-Saúde): interdisciplinaridade como dimensão formadora

Introdução

o Sistema único de Saúde impele uma reorientação, em grande parte ainda por se fazer, de novos modos de formação profissional e de produção conhecimentos. É frequente a denúncia do caráter fragmentário de saberes e das práticas em saúde, como elas tendem a se fechar e se reproduzirem em protocolos fechados, isolados e apartados de operações que possam agenciar o “inter”. Esse constitui o cenário central de nossa problemática, justamente o campo no qual os trabalhadores das equipes buscam dialogar ou integrar suas práticas a fim de encontrar estratégias mais razoáveis de do cuidado e acolhimento da população. O PET está inserido no investimento de políticas públicas de atenção saúde coletiva, de formação profissional e de produção de conhecimento de modo que a construção de estratégias de superação dos impasses deixados pela separação disciplinar seja um dos seus objetivos. Constitui investimento na proposição do trabalho como meio de superação dos reducionismos. O PET-SAÚDE coloca alunos de graduação, especialmente dos primeiros períodos dos cursos da área da saúde para estagiarem nas redes sob a orientação dos profissionais que nela trabalham designados na função de preceptores. Em Niterói forçamos esta situação para fazer emergir concretamente a problemática da inter-multi-trans disciplinaridade. O olhar disciplinar pode ser flexibilizado pelo procedimento multidisciplinar, quando diferentes saberes agem sobre um objeto; cada profissional age segundo sua competência de modo mais ou menos isolado, fazendo circular informações no prontuário. Pode também ser flexibilizado pelo procedimento interdisciplinar, quando tentamos realizar o trabalho a partir das zonas de interseção que envolve um objeto comum. Para a adoção da interdisciplinaridade é preciso perceber como as pessoas habitam a cidade, se tem acesso ao lazer e à cultura, nas relações de amizade e amorosas, etc. É o que nos solicita o princípio da integralidade de atenção. É preciso considerar tudo que se encontra em volta e conspira para formar e transformar aquilo mesmo que constitui a pessoa e o que nela é saúde, é bem estar e viver, o que torna imprecisos os limites do que, no humano, é corpo, espírito, ou cultura.

Objetivos

conhecer as práticas interdisciplinares presentes na formação de alunos do PET – UFF- Niterói.

Método

pesquisa qualitativa, cujos participantes foram alunos de graduação de diferentes cursos de graduação da Universidade Federal Fluminense. A pesquisa foi realizada no município de Niterói, Rio de Janeiro. A coleta de dados foi realizada em grupos focais e observação participante. Foi adotada a análise de conteúdo.

Resultados

os alunos de diferentes cursos foram inseridos em pequenos grupos. Alguns exemplos alusivos de como se manifestou o problema da interdisciplinaridade nessa circunstância: a pergunta de um aluno de odontologia a respeito do que pode fazer num equipamento da rede de saúde mental que trabalha com usuários de drogas; o psicólogo que não entende porque o colocaram na vigilância sanitária; ou as discussões entre os assistentes sociais e os psicólogos quanto ao que especifica as atribuições de uma e outra profissão; ou os médicos que não entendem porque devam tratar usuários de drogas, pessoas as quais eles situam muito mais no campo penal do que no da saúde; etc. O ponto de partida foi o de que não tinham que convencer o outro sobre o seu fazer. Cada um com seus métodos, suas técnicas, seus princípios buscando executar seu trabalho. É claro que os problemas apareceram, os dissensos se manifestaram, mas nesse ponto, foi assumido o compromisso de trabalharmos coletivo, dando voz às dificuldades que surgiram. Para isso foi necessário espaços de interlocução, coordenação e uma certa ética de tratar as diferenças e os conflitos como parte integrante do trabalho, não como meras disfunções a eliminar. Desse modo, trabalhar na e com a interdisciplinaridade implica na adoção de uma noção de responsabilidade compartilhada que tem a potência de provocar a participação dos alunos, enquanto desempenhando suas funções e papeis específicos nos cenários dos serviços, na construção das redes de cuidados, visando desse modo a ampliação da capacidade de ação no campo da saúde, proporcionando diversos movimentos de desconstrução e invenção de práticas. Para tanto, é preciso criar dispositivos institucionais que possibilitem rupturas com a posição estática, tipicamente vocacionada a nos instalar no conforto de uma estabilidade alienada como profissional regido por protocolos corporativos. Dispositivos de participação nas quais a palavra circula, geradores de atos de responsabilização e que disseminam o trabalho da diferença, gerando sempre novas identidades e conformações das práticas.

Considerações Finais

a proposta interdisciplinar adotada no PET-UFF não abandona os saberes de cada disciplina, mas cria espaços nos quais as perturbações que vêm do encontro com o usuário, no fazer saúde, podem alcançar novas formulações e novos conhecimentos sejam ali produzidos, no que podemos chamar de produção de conhecimento incorporado na experiência. O acolhimento do usuário exige se defrontar com o não saber, aprender com o saber do outro, outros saberes precisam ser formulados como resposta particular daquele encontro, daquele plano comum. A formulação do PET-UFF ancorada na proposição da interdisciplinaridade tem buscado se inserir na proposta de reorientação da formação da graduação na área da saúde. O papel formador do PET produziu nos atores que dele participaram, um desassossego em relação às suas instalações identitárias, seus saberes, práticas e posicionamentos bem definidos. O deslocamento proposto pelo PET-UFF repercutiu no plano de uma discussão mais ampliada sobre interdisciplinar na formação.

Palavras Chave

Formação; Interdisciplinaridade; Programa de Educação pelo Trabalho ( PET-saúde)

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ANDREA CARDOSO ANDREA SOUZA, Francisco Leonel Figueiredo Fernandes Francisco, Ana Lúcia Abrahão Ana