Datos del trabajo


Título

TECNOLOGIAS CUIDATIVO-EDUCACIONAIS E SUA INSERÇAO NA PRAXIS DE ENFERMEIROS QUE ATUAM NO CENARIO HOSPITALAR

Introdução

As Tecnologias Cuidativo-educacionais (TCE) se inserem no cotidiano da enfermagem como uma possibilidade emergente para significar produtos e processos desenvolvidos, práticas e reflexões que transcendem uma concepção de cuidar e educar de modo isolado. Nesta conjuntura as TCE são concebidas como “um conjunto de saberes/conhecimentos científicos, resultante de processos concretizados, que sustentam a operacionalização do processo de cuidar e educar do outro (usuário/paciente, acompanhante e profissional de enfermagem), de modo direto e indireto na práxis do enfermeiro, a partir da experiência cotidiana e da pesquisa, sob uma perspectiva que envolva uma consciência crítica, reflexiva, criadora, transformadora e multidimensional entre os envolvidos e o meio em que estão inseridos”.
Ao pensar em práxis, sob uma perspectiva filosófica, o termo remete à atividade livre, universal, criativa e autocriativa, por meio da qual o homem (re)cria, faz/produz, reflete, avalia e transforma seu mundo humano e histórico de si e, frente ao universo que habita. Pensar em práxis não deve incisivamente ser visto como uma ação, uma prática, um ato com um fim estabelecido em si mesmo. Práxis existe na atuação do enfermeiro quando avança barreiras de uma prática demasiadamente mecânica, onde o profissional reflete sobre o seu fazer.

Objetivos

Conhecer a inserção das tecnologias cuidativo-educacionais na práxis do enfermeiro em âmbito hospitalar.

Método

Pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, fundamentada no referencial teórico-filosófico da práxis humana. A pesquisa foi desenvolvida em um Hospital Universitário do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Participaram 21 enfermeiras, atuantes em unidades/serviços distintos, selecionadas por meio dos critérios de inclusão: atuar na instituição hospitalar em um período igual ou superior a um ano, estar em atividade durante o período destinado ao estudo.
A coleta de dados aconteceu no período de março a dezembro 2015, por meio de entrevista semi-estruturada. A análise dos dados foi com base na técnica de Análise de Conteúdo Bardin, operacionalizada a partir das etapas: pré-análise, exploração do material e interpretação dos resultados.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Santa Maria sob parecer 932.520/2015. As participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e o anonimato foi mantido por meio da identificação numérica das enfermeiras, com base na ordem sequencial em que se iniciou a coleta.

Resultados

Os resultados apresentados, a seguir, foram obtidos a partir de uma categoria analítica, intituladas “Revelando as Tecnologias Cuidativo-Educacionais no universo do cuidar e educar das enfermeiras”.
Revelando as Tecnologias Cuidativo-Educacionais no universo do cuidar e educar das enfermeiras
Cada profissional de enfermagem ao encarar as situações vividas em âmbito hospitalar demonstraram as Tecnologias Cuidativo-educativas a partir de materialidades (ferramentas palpáveis e materiais, criadas pelo homem, ou seja, o produto final do conhecimento profissional e cotidiano) e, subjetividade (fenômeno que se manifesta a partir do comportamento, do desejo, das ações, da linguagem verbal e não verbal, e da percepção de mundo das pessoas).

[...] é aquela ferramenta que a gente vai usar, como uma forma de ensinar e proporcionar o cuidado. [...] um material ilustrativo, um material de leitura, como também um aparelho - depende muito do propósito deste aparelho. (EEnf 02)

Clarificando as TCE sob à visão de materialidades, se apresentam na práxis das enfermeiras, como possibilidades o intervir educativo a partir do uso de materiais ilustrativos, materiais de leitura e/ou folders e, bonecos (simuladores). Sendo ferramentas/materiais utilizados pelos diferentes atores sociais (paciente, acompanhante, profissionais). Porém a utilização destes recursos tecnológicos tem por propósito/finalidade atender necessidades emergidas do cotidiano profissional, que, por vezes, partem da solicitude dos pacientes.
As ferramentas citadas possuem o propósito de ‘ensinar’ determinado conteúdo/assunto e, concomitantemente, dar subsídios para o ‘realizar cuidados’, e vice-versa. Este processo de “ensinar” indica percepções subjetivas e ampliadas do cuidado em saúde, desvinculadas da ideia de doença. Isso sugere uma representação positiva sobre as TCE, associado-as ao sentido de promover o autocuidado, a autonomia e empoderamento do paciente/acompanhante, vislumbrando o bem-estar, individual e coletivo no ambiente hospitalar.
Sobretudo, as participantes consideraram a utilização de documentos impressos de tamanho reduzido que, composto somente por uma folha de papel, possuindo uma ou mais dobras, apresentando informações gerais sobre algo ou para divulgar e publicitar algo, como importante mediador de comunicação entre os diferentes sujeitos, pessoas, seres humanos. Além disso, ponderados como direta e indiretamente a conversa, a orientação e o vínculo (sensibilidade) como tecnologias.

A gente orienta, desde o primeiro pós-operatório, se o paciente tem condições. De como desprezar uma bolsa de colostomia, como lavar, como limpar. [...] chamar o familiar para aprender também. Do momento mais precoce que a gente possa ter, vendo o paciente, se ele tem uma bolsa de colostomia, no momento que ele começa a levantar e caminhar, a gente já orienta, troca a bolsa para uma posição diferente para poder estimular “ele” a realizar o próprio (auto)cuidado. (EEnf 10)

Revelar o significado das TCE na natureza do cuidar e educar das enfermeiras em âmbito hospitalar permite aproximar-se do mundo dos cuidados com o intuito de ter a compreensão do que é necessário para ver o paciente em sua totalidade. A rotina pré-estabelecida do hospital, muitas vezes, ocasiona, sofrimento físico, angústia aos pacientes, então olhar para esse fenômeno atentivamente, enquanto profissionais, e recorrer a instrumentos/ferramentas/materiais que auxiliam no aprimoramento do cuidado é de relevância para subsidiar a assistência.

Considerações Finais

Nessa investigação, as ferramentas citadas pelas participantes inferiram seu potencial tecnológico cuidativo-educativo, por constituírem-se estratégias para cuidar e educar, criadas a partir da experiência do dia a dia profissional e de necessidades emergentes da clientela. Portanto, percebeu-se a forte presença dos saberes, técnico-científicos das enfermeiras, as quais proporcionavam a informação, o conhecimento e a educação para o (auto)cuidado.
Sob uma perspectiva tecnológica cuidativa-educacional, no momento em que o profissional está realizando uma atividade prática cuidativa, os preceitos da práxis educativa estarão sendo revelados na medida em que a interação profissional-cliente estiver transcendendo o saber e o fazer técnico do cuidado, ou seja, estará elucidando uma práxis impregnada de consciência prática.

Palavras Chave

Tecnologias; Cuidado, Educação; Enfermagem

Area

Informação e Tecnologias da Informação em Saúde

Autores

Elisabeta Albertina Nietsche, Cléton Salbego, Andressa Böck, Tierle Kosloski Ramos, Giovana Colussi, Joseph Wrague da Conceição, Natalia Barrionuevo Favero, José Victor Eiróz dos Santos