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Título

MEDICALIZAÇAO NO CONTEXTO UNIVERSITARIO

Introdução

O termo “Medicalização” é utilizado para se referir ao processo que traduz problemas variados em termos médicos. Eidt e Tuleski (2006) dizem que a medicalização é um fenômeno expressivo nos dias de hoje que ocorre quando o que era tido como característica de um indivíduo torna-se um problema médico. Segundo a “Organização Mundial da Saúde define o medicamento como um produto farmacêutico para recuperação ou manutenção da saúde. Dessa forma, isto quer dizer que o produto na prateleira realmente é mercadoria. Ele passa a ser medicamento no momento que é orientado para isto, seja por uma prescrição ou diagnóstico e terapêutica específica", alertou o Presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Jaldo de Souza Santos (CNS, 2005). Corroborando com essa linha de pensamento Conrad (2007) explana esse conceito como o processo no quais problemas não médicos se tornam decididos e tratados como questões médicas, geralmente utilizando termos de doenças e transtornos. O processo de medicalização está relacionado com o desvio e o controle social. Concomitantemente, ao tempo que a área da saúde foi entrando na vida familiar e escolar, a Medicina foi adquirindo o papel de agente normalizador dos desvios, se tornando responsável por comportamentos que até então eram da esfera de outras instituições, tais como aprendizagem e criminalidade (BRZOZOWSKI e CAPONI, 2013). Na área da educação, Moysés & Collares vão falar da criação das “doenças do não aprender” refletindo a ampliação desse processo. A crítica à “medicalização da educação” refere-se a transformação de crianças e adolescentes saudáveis (que apresentam dificuldades na aprendizagem e na maneira de se comportar que é diferente da padronização e homogeneidade da dita normalidade) em doentes. Obviamente, não há como negar que há estudantes com doenças reais que podem comprometer seu desenvolvimento cognitivo.

Objetivos

Tendo em vista esse cenário, objetivou-se problematizar o uso de medicamentos por universitários.

Desenvolvimento

Maria Rita Kehl (2011) vai falar em “epidemia de sofrimento psíquico” onde os sintomas tendem a ser classificados em forma de transtornos baseados no DSM e manuais diagnósticos. Logo, estamos numa cultura que valoriza esses supostos transtornos onde, o sofrimento e qualquer desconforto emocional pode ser solucionado com a “pílula da felicidade”. Por isso, encontramos dentro da universidade diversos estudantes de fazem uso de medicamentos de maneira inadequada ou de forma desnecessária e contendo um diagnóstico equivocado referente aos seus sintomas. Muitos dos estudantes que procuram atendimento psicológico no Núcleo de Apoio à Aprendizagem (é um espaço que a Universidade Federal de Santa Maria oferece atividades de ensino, pesquisa e extensão a partir de uma abordagem interdisciplinar, com ênfase na aprendizagem e que conta com apoio de uma equipe multiprofissional que fazem parte psicólogos, pedagogas e educadoras especiais, dando assistência ao estudante) fazem uso de medicamentos alguns inclusive sem a orientação de um médico adequado. Num estudo realizado com acadêmicos, regularmente matriculados no primeiro semestre do terceiro ano de graduação (quinto semestre) de cada curso da área da saúde, da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Campus Pedra Branca em Palhoça/SC constatou-se que metade dos alunos fazem uso da automedicação (Fontanella, Galato, Remor, 2013). Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) a automedicação é considerada uma necessidade a fim de complementação ao tratamento de doenças tendo em vista a precariedade do sistema público de saúde. Outro fator muito importante que está cada vez mais visível em nossa cultura é “negação” do sofrimento. Produção e consumo são palavras de ordem da nossa sociedade e demandam tempo e disposição. Não há tempo para ficar deprimido, não há espaço para se lidar com nossos sintomas ansiosos. É preciso estar feliz e bem dispostos para produzir e consumir informação, bens de consumo, relações. Logo, essa cadeia de pensamentos captura o sujeito que acaba por fazer uso de medicação, seja para relaxar, dormir melhor, ou até mesmo se manter acordado e seguir produzindo. Atualmente, tudo acontece num período de tempo muito menor, pois, se propagou a idéia de que há uma maneira mais simples e rápida para se obter a felicidade. Fendrik e Jerusalinsky apontam os diversos artifícios aí elencados: livros de autoajuda para situações específicas, cirurgias plásticas para manter contentes espelhos virtuais, listas de comportamentos adequados para assegurar a qualidade ótima de qualquer conduta e, acima de tudo, uma boa bateria farmacológica para empurrar nossa subjetividade em uma direção pré-programada. O estudante na ânsia de querer que tudo se resolva imediatamente acaba por sufocar seus sintomas e dificultando a manifestação de suas emoções. A medicalização no contexto universitário também está bem voltado para criação das “doenças do não aprender” conforme diz Moysés & Collares onde qualquer dificuldade na aprendizagem ou qualquer outro aspecto que impeça o sujeito de aprender se torna uma doença e requer uma intervenção medicamentosa.

Considerações Finais

Diante disso, é necessário repensar que sociedade estamos criando e a que preço essa felicidade está valendo já que nos impede de sentir. Quais cuidados em saúde estão sendo produzidos para que os estudantes se sintam confortáveis para manifestar suas questões. A medicação é importante sim, mas de forma alguma é a única forma de cuidado em saúde uma vez que, o tratamento medicamentoso combinado com psicoterapia tem mais efeitos positivos para o sujeito.

Palavras Chave

estudante, medicação, universidade

Area

Cultura e saúde

Instituciones

Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

DANIELLE MACHADO DANIELLE VISENTINI, Bianca Zanchi Machado