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Título

O ENSINO DA HUMANIZAÇAO NAS PRATICAS DE INTERNOS DE MEDICINA NA ESTRATEGIA SAUDE DA FAMILIA: UM ESTUDO SOCIOCLINICO INSTITUCIONAL

Introdução

Entende-se que os alunos que iniciam sua formação em medicina, trazem uma educação pessoal diversificada, com diferentes experiências de vida e expectativas sobre a aprendizagem.Com os conhecimentos adquiridos e reflexões realizadas durante o curso, o interno de medicina chega aos diversos cenários de práticas de saúde, onde busca aplicar um cuidado humanizado ao paciente a ser atendido conforme a Política Nacional de Humanização (PNH).Considerando a quantidade de aulas e horas de estudos na graduação, a formação por tradição histórica com ênfase em bases técnico biológicas, pode-se pensar que durante o processo de formação possa estar ocorrendo pouca reflexão sobre a humanização e como aplicá-la nos locais de ensino-serviço. O conceito de humanização utilizado neste estudo assume que a mesma deve ser vista como política que transversaliza todo sistema: das rotinas nos serviços às instâncias e estratégias de gestão, criando operações capazes de fomentar trocas solidárias, em redes multiprofissionais e interdisciplinares; implicando gestores, profissionais e usuários em processos humanizados de produção dos serviços, a partir de novas formas de pensar e cuidar da saúde, e de enfrentar seus agravos.

Objetivos

Analisar coletivamente o ensino da humanização nas práticas de cuidado dos internos de medicina, com vistas a verificar o conhecimento dos mesmos sobre a Política Nacional de Humanização e, propor estratégias de ensino aprendizado que venham favorecer uma prática de cuidado humanizado.

Método

Trata-se de uma pesquisa intervenção com abordagem qualitativa, realizada nos anos 2017 e 2018, tomando como referencial teórico metodológico a Análise Institucional na modalidade socioclínica institucional das práticas profissionais. A Análise Institucional “tem por objetivo compreender uma determinada realidade social e organizacional, a partir dos discursos e práticas dos sujeitos”. A intervenção consiste em criar um dispositivo que permita se analisar coletivamente uma situação coletiva. Escolhe como participantes internos e preceptores do curso de medicina que atuam em cinco unidades da ESF no município de Petrópolis/Rio de Janeiro. Os instrumentos de coleta de dados foram um diário do pesquisador para análise de suas implicações pessoais, afetivas e profissionais, e três encontros com os participantes. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa, número CAAE 83367918.3.0000.5245. Os encontros foram previamente agendados com os participantes, e a todos foi disponibilizado o TCLE respeitando-se as Resoluções do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. O primeiro encontro aconteceu em março de 2018, com 13 internos de medicina, utilizando-se como dispositivo o GEASE -Groupe Entrainement de Situation, onde um relato da prática é selecionado pelo grupo para ser colocado em análise. No segundo encontro que será realizado em junho com preceptores e internos de medicina, o dispositivo utilizado será um roteiro de questões. O terceiro encontro de restituição parcial dos dados agendado para julho, será realizado com todos os participantes, para aprofundamento das questões já debatidas ou para colocar em debates novas questões. Em todos os encontros vai se trabalhar com as características da socioclinica institucional a saber: análise das implicações dos participantes (incluindo o pesquisador); a encomenda para a realização da pesquisa e as demandas que serão levantadas no decorrer das intervenções; as transformações que ocorrem à medida que o trabalho de intervenção avança; a criação de novos conhecimentos. A análise dos dados que teve início com a gravação e transcrição das falas do primeiro encontro, seguirá o mesmo processo no segundo e terceiro encontro. A leitura e releitura das falas do primeiro encontro, possibilitou a análise preliminar dos resultados aqui apresentados. A discussão final dos resultados será realizada a partir de eixos de análise, utilizando-se os conceitos da análise institucional como instituído, instituinte, analisador e de autores que realizam debates e reflexões sobre a humanização no ensino e no cuidado.

Resultados

No primeiro encontro, a partir do dispositivo GEASE os internos de medicina puderam realizar uma análise coletiva de aspectos relacionados a humanização no cuidado e no ensino. O caso escolhido foi referente a uma gestante deixada sozinha no pré-parto, devido a dificuldades de relacionamento com a equipe que a acompanhava. Neste relato, o grupo identificou o distanciamento dos profissionais das necessidades físicas e psíquicas da parturiente, em um momento que a mesma estava bastante fragilizada pelas dores provocadas pelas contrações do trabalho de parto, configurando-se como um cuidado não humanizado. Avaliaram diferentes aspectos que poderiam favorecer um cuidado mais humanizado colocando em debates porque esta situação os incomodava como pessoas e como profissionais. Ao colocarem em análise suas percepções sobre a situação, foi possível que refletissem sobre suas ‘implicações pessoais, profissionais e afetivas” 3 com relação a sua formação e a humanização do cuidado. Durante os debates, trouxeram como “demanda” 3, a necessidade de se abordar na graduação situações onde a humanização do cuidado ou a falta dela, possam ser debatidas no coletivo de maneira a favorecer a integração teoria e prática. No decorrer do encontro foi possível identificar “as transformações que ocorrem no contexto” 3, observadas pela mudança no posicionamento dos estudantes com relação a percepção sobre o significado do cuidado humanizado. Ao final do encontro, todos revelaram ser esta dinâmica inovadora no processo ensino aprendizado e que o encontro foi capaz de “produzir novos conhecimentos” 3 com relação a humanização.

Considerações Finais

A análise parcial dos dados, realizada com internos de medicina sobre a humanização nas práticas de cuidado, revelou que a metodologia proposta pela socioclinica institucional é um dispositivo potente para que os participantes avaliem seu conhecimento e seu papel como pessoas e profissionais no âmbito da saúde. O dispositivo utilizado neste primeiro encontro, proporcionou que os estudantes analisassem seu conhecimento sobre a política nacional de humanização, constituindo-se também em uma estratégia de ensino-aprendizado que poderá ser replicada pelos preceptores no campo prático favorecendo a integração ensino- serviço. Pode-se afirmar diante destes resultados, que ainda há situações de distanciamento entre o que se pretende com a Política Nacional de Humanização e as práticas dos profissionais de saúde, havendo necessidade de ampliar os estudos e os debates sobre esta temática.

Palavras Chave

Humanização da assistência, Educação Médica, Análise Institucional

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Instituciones

MPES-Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Lucille Annie Carstens, Lucia Cardoso Mourão, Ana Clementina Vieira de Almeida, Juliana de Gregorio Oliveira, Vilma Vieira Silva