Datos del trabajo


Título

EDUCAÇAO PERMANENTE EM SAUDE: ATIVANDO ITINERARIOS FORMATIVOS NA SAUDE DA FAMILIA

Introdução

O trabalho apresenta o processo de (re)elaboração do material didático destinado ao curso de qualificação de agentes comunitários de saúde (ACS) ofertado por uma Escola de Saúde Pública brasileira. O processo foi motivado pela necessidade de atualização de conteúdos do material didático do curso e, ainda mais contundente, a necessidade de revisão e adequação do processo à missão institucional que é “fortalecer o Sistema Único de Saúde, produzindo e disseminando conhecimento junto a usuários, trabalhadores e gestores por meio de ações educacionais e de pesquisa, tendo como referencial político pedagógico a Educação Permanente em Saúde”.

Objetivos

apresentar o processo de (re)elaboração do material didático destinado ao curso de qualificação de agentes comunitários de saúde (ACS) ofertado por uma Escola de Saúde Pública brasileira;

refletir sobre a potencialidade da Educação Permanente em Saúde como eixo norteador de processos de trabalho e de formação.

Método

O processo de (re)elaboração foi conduzido pela equipe da Superintendência de Educação e Trabalho em Saúde (SETS) da instituição, que identificou a necessidade de compartilhar com alguns ACS um espaço de reflexão sobre as materialidades e vivências que conformam o cotidiano de trabalho desses profissionais. Nesse sentido, foram realizadas oficinas de trabalho com profissionais que atuam em diferentes territórios (incluindo municípios de pequeno, médio e grande porte). A dinâmica das oficinas, conduzidas por trabalhadoras da SETS, buscou provocar/disparar narrativas sobre vivências dos ACS e suas interpretações sobre elas, procurando compreender as atividades realizadas pelos profissionais, como eles se organizam para desenvolvê-las, o contexto no qual se dão estas ações, assim como os atributos mobilizados para o seu desenvolvimento. Foram realizadas 3 oficinas identificadas como 1, 2 e 3 respectivamente. A oficina 1 foi realizada em município de médio porte (328.871habitantes) e contou com a participação de 10 profissionais do sexo feminino e escolaridade incluindo nível médio completo e nível técnico completo. A oficina 2 foi realizada nas dependências da Escola de Saúde Pública com 10 profissionais, do sexo feminino, que atuavam em município de pequeno porte (39.128 habitantes) e escolaridade incluindo nível médio completo e nível técnico completo. E a oficina 3 também realizada na Escola de Saúde Pública contou com a participação de 3 ACS de um município de grande porte (2.523.794 habitantes), todas mulheres com escolaridade incluindo nível médio completo e nível técnico completo.

Resultados

Nos relatos iniciais das profissionais foi possível identificar, de maneira geral, que a inserção na profissão se deu pelos muitos caminhos, encontros e desencontros da vida.. Em suas falas as participantes apontaram aspectos que facilitam e que dificultam o seu trabalho, havendo claramente mais relatos sobre obstáculos e desafios como por exemplo: rotatividade dos integrantes da equipe, sobretudo profissionais de nível superior de escolaridade (médicos e enfermeiros); defasagem de profissionais para o desempenho de funções administrativas e gerais, como a limpeza da unidade; trabalho focado em metas de produtividade que gera impacto na qualidade das atividades desempenhadas; exposição a situações de risco incluindo desde a visita domiciliar a pacientes com doenças transmissíveis, como a tuberculose, até o trânsito por territórios de violência; dificuldade em manter a privacidade por residirem na mesma localidade que trabalham; sentimento de impotência diante de situações vivenciadas no trabalho que levam ao próprio adoecimento. A integração entre os profissionais da equipe de Saúde da Família, a articulação com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e outros grupos, e a boa relação com a população foram destacadas como aspectos que facilitam o trabalho. Foi demandada, nas oficinas, a abordagem de temas específicos no material didático destinado à qualificação de ACS como: hipertensão, diabetes, cuidados com puericultura, pré natal, alimentação, vacinação incluindo função, efeitos colaterais, aplicação concomitante com outras vacinas, o paradoxo entre a identidade profissional e a identidade pessoal, exacerbada pelo fato das profissionais residirem no mesmo território que atuam. No entanto, para além da especificidade de temas foi possível apreender a vulnerabilidade do cotidiano de trabalho dessas mulheres, permeada por situações de violência, tráfico de drogas, baixa renda e os muitos problemas sociais e de saúde (gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis, HIV, entre outros) daí decorrentes e o quanto esse cenário as expõe a situações de risco que se convertem em fragilidade física e emocional. Durante o processo de elaboração do material a equipe responsável procurou dialogar com o acervo discursivo produzido na/pelas oficinas de forma a construir um material comprometido com os desafios e potencialidades vivenciadas pelas ACS em seus itinerários cotidianos de trabalho e de vida. Um exemplo foi a problematização, no material, sobre a violência contra mulher perpetuada pelo discurso enviesado sobre questões de gênero. A previsão é de que o material seja utilizado para qualificação de 3.120 ACS atuantes em 154 municípios.

Considerações Finais

A experiência de elaboração do material do curso de qualificação de ACS, tendo como ponto de partida as oficinas com as profissionais, permitiu que a equipe de trabalhadoras da Escola de Saúde Pública “experenciassem” a potencialidade dos processos de trabalho e formação norteados pelos pressupostos da Educação Permanente e que o material fosse revestido por sentidos e significados tecidos pelas profissionais a que se destinam.

Palavras Chave

saúde da família; educação permanente em saúde; agentes comunitários de saúde; formação profissionais de saúde

Area

Saúde da Família

Autores

Rose Ferraz Carmo, Adriana Alves de Andrade Melo Franco, Ana Paula Martins Lara, Danielle Costa Silveira, Érica Menezes dos Reis, Juracy Xavier de Oliveira, Tatiane Fernandes Maia, Thaís Lacerda e Silva