Datos del trabajo


Título

O CUIDADO AO PARTO E NASCIMENTO NA PRESENÇA DO ACOMPANHANTE DE ESCOLHA DA MULHER

Introdução

A gestação é um momento singular na vida da mulher, que implica em alterações físicas, emocionais e socioculturais, além dos processos familiares envolvidos. É nessa perspectiva que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda no documento intitulado “Sumário de recomendações da OMS para uma experiência positiva de parto” que todas as mulheres tenham o direito a um acompanhante de livre escolha durante o parto e o nascimento1. No contexto nacional está e uma prática garantida por Lei desde o ano de 20052, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), e reforçada em várias proposições ministeriais3, 4. A presença do acompanhante tende a gerar uma sensação de bem-estar para a parturiente, modificando a forma como ela percebe o ambiente hospitalar, pois, a presença de um indivíduo familiar em um local institucionalizado fomenta um sentimento positivo para a mulher e de acordo com a literatura emana confiança, tranquilidade, diminuindo a ansiedade e a dor durante o trabalho de parto5.

Objetivos

Analisar a dinâmica do cuidado ao parto e nascimento em uma unidade de Pré-parto, Parto e Pós-parto (PPP) de um hospital de ensino, com a presença do acompanhante de escolha da mulher.

Método

Trata-se de um estudo de natureza exploratória e abordagem qualitativa, realizado em uma unidade de PPP de um hospital de ensino localizado na capital do estado de Mato Grosso vinculado à Rede Cegonha e ao Projeto de Aprimoramento e Inovação no Cuidado e no Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Projeto Ápice On). Participaram do estudo, após consentimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), parturientes, profissionais que atuam na unidade, bem como os discentes dos cursos de enfermagem e medicina que estavam diretamente envolvidos no cuidado ao binômio mãe-filho da instituição. O estudo foi realizado entre outubro de 2016 e fevereiro de 2017, com a aplicação da técnica de observação participante e registro dos dados em diário de campo. Para a análise dos dados foi implementada a técnica de análise de conteúdo do tipo temática. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob parecer n° 1.302.939.

Resultados

Em conformidade com o que é exigido por lei, o direito ao acompanhante foi garantido a todas parturientes que participaram do estudo. Observou-se que, durante a interação, em nenhum momento foi questionado ou impedido a escolha da mulher quanto, ao indivíduo que a acompanharia durante seu processo parturitivo. No que diz respeito a relação entre equipe profissional e o acompanhante, essa se deu – em sua maioria – de forma harmoniosa, uma vez que este era incentivado a participar de forma ativa em todo o processo, desenvolvendo ações tais como, o auxílio durante as técnicas de alívio da dor, no banho quente e/ou no uso da bola e massagens dentre outros. E também, durante a realização de condutas mais complexas como, por exemplo, o corte do cordão umbilical. Vale ressaltar que tais procedimentos visam à promoção do conforto, bem-estar e a segurança da parturiente e do Recém-Nascido (RN). Durante a observação poucos foram os momentos em que os profissionais se sentiram desconfortáveis com a presença de um indivíduo que não fazia parte da equipe, dentro da sala, como por exemplo os momentos em que já havia uma quantidade exacerbada de profissionais e acadêmicos. Quanto a relação entre acompanhante e a mulher percebeu-se que a presença de uma pessoa com a qual ela possuía proximidade e alguma tipo de vínculo, seja familiar, conjugal ou de amizade, conforme apontado na literatura, amenizou as tensões, medos e incertezas relacionadas ao momento que a mulher estava vivenciando, sendo capaz de transformar o ambiente, antes desconhecido, em um local mais aconchegante e tranquilo. Para além, os acompanhantes proporcionaram às parturientes sentimentos de segurança e confiança, com palavras calmas e carinhosas e com o toque e o abraço. Isto tem reflexo direto na qualidade do cuidado desenvolvido, uma vez que quando a mulher está mais tranquila, ela se torna mais ativa e autônoma no processo parturitivo, favorecendo uma assistência mais segura e de qualidade. No que corresponde ao contato entre acompanhante e RN, este não se deu de forma ativa durante a primeira hora após o parto, pois, em alguns nascimentos, a equipe pediátrica imediatamente examinava e iniciava as condutas assistenciais ao bebê, antes mesmo de entregar o recém-nascido aos braços da mãe. Nas situações em que o neonato foi colocado em contato pele a pele imediato com à mãe, prática indicada pela OMS e MS, como cuidado adequado e seguro ao RN que nasce bem, o acompanhante exercia ação mínima durante este momento realizando cuidados, apoiando o contato entre o binômio mãe e filho.

Considerações Finais

Os resultados obtidos durante a pesquisa vão ao encontro com a literatura, pois, demonstram que a presença do acompanhante é de vital importância para a parturiente durante o seu trabalho de parto, parto e pós-parto, pois garante, um ambiente mais tranquilo e favorece um cuidado mais seguro e de qualidade para mulher e ao RN. Observou-se também que o acompanhante influência de forma positiva na dinâmica do cuidado ao parto e nascimento, na medida em que promove sentimentos positivos na parturiente e até mesmo na equipe, pois, participa de forma ativa e auxilia nos cuidados a mulher, servindo de apoio para ela e para os profissionais. Para além, evidencia-se a necessidade de ampliar as boas práticas no que se refere ao cuidado com RN.

Palavras Chave

Parto humanizado; Assistência ao parto; Acompanhantes de pacientes.

1. WHO. World Health Organization. Maternal and Newborn Health/Safe Motherhood Unit. Care in normal birth: a practical guide [Cuidados no parto normal: um guia prático]. Geneve: WHO; 2018.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2015;
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.459, de 24 de Junho de 2011. Brasília - DF: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_24_06_2011.html>. Acesso em 16 de setembro de 2016;
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia. Brasília – DF: Ministério da Saúde, 2017;
5. OLIVEIRA, A. S. S.; RODRIGUES, D. P.; GUEDES, M. V. C.; FELIPE, G. F.; GALIZA, F. T.; MONTEIRO, L.C. O acompanhante no momento do trabalho de parto e parto: percepção de puérperas. Cogitare Enfermagem, v. 2, n. 16, p. 247 – 53. 2011.

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil

Autores

Kauana Meire Pereira Guerra, Ingrid de Melo Veloso, Áurea Christina de Paula Corrêa, Fabiane Blanco e Silva, Renata Cristina Teixeira