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Título

POLITICAS DE ATENÇAO A SAUDE DAS PESSOAS COM AMPUTAÇAO: ANALISE NA PERSPECTIVA BIOPOLITICA

Introdução

A deficiência fará parte do cotidiano das pessoas em algum momento da vida(1), portanto considera-se pertinente a discussão biopolítica no que diz respeito a a atenção à saúde das pessoas com amputação. A biopolítica é destacada por Michel Foucault como um poder diante da vida (2) e se estabelece como reguladora da população, por meio de ferramentas que asseguram a vida, permitindo problematizar as práticas e a gestão da saúde às pessoas com amputação. A Biopolítica lida com a população como problema político, sendo constituída de um conjunto de processos: nascimento, morbidade, mortalidade. Tais processos são objetos de saber e alvo de controle dos problemas econômicos e políticos de cada época. Logo, a biopolítica consiste em racionalizar os problemas da prática governamental, utilizando-se de estatística para intervir onde é possível estabelecer uma regulação, possibilitando segurança(3). Considerando as políticas públicas como representantes dos sistemas de regulação, tem-se as políticas públicas como um operador biopolítico e elas expressam um discurso que demarca e dá visibilidade às condições de saúde da pessoa com amputação no cenário da atenção à saúde, privilegiando determinados processos de reabilitação, recuperação e inserção social.

Objetivos

analisar a atenção à saúde da pessoa com amputação na perspectiva dessas e dos enfermeiros; compreender como as políticas públicas dispõem e ordenam dispositivos de atenção à saúde na perspectiva dos enfermeiros e das pessoas com amputação; compreender o modo como a promoção da saúde se expressa na atenção à saúde da pessoa com amputação.

Método

Compuseram o material empírico do estudo entrevistas semiestruturadas com 21 enfermeiros e sete pessoas com amputação e a análise documental das políticas em prol das pessoas com deficiência/amputação. Os dados foram organizados no software AtlasTi e sua análise deu-se pelo referencial da análise do discurso em Foucault. A análise do discurso em Foucault se baseia nos discursos proferidos e o contexto pelos quais se expressam. Os discursos estão inerentes aos acontecimentos e são a “reverberação de uma verdade” que passa a existir(4).

Resultados

A partir dos dados coletados, os discursos que emergiram envolvem questões como: acessibilidade, descentralização das informações e capacitação de recursos humanos. E neste contexto o saber-poder se apresenta e demarca suas relações, confirmando o poder inerente de cada um, o qual se amplia a partir das condições de possibilidades estabelecidas de acordo com o contexto vivenciado. Destaca-se que o discurso da atenção à saúde para a pessoa com amputação está aquém do esperado, não há equidade, integralidade e universalidade no atendimento a essa população, em que todos são corresponsáveis - pessoas com amputação, os profissionais de saúde e o Estado. Acredita-se que a ineficiências no processo de atenção à saúde da pessoa com amputação, está relacionada ao distanciamento presente entre o que a política prescreve e o que é visível no cotidiano de cuidado dos profissionais e das pessoas com amputação. Pode-se considerar que a maneira como a pessoa com amputação e o enfermeiro determina seu modo de ser e agir na atenção à saúde, repercute diretamente na maneira como o processo de recuperação/reabilitação é delimitado. Neste contexto, toma-se a promoção da saúde como elemento a favorecer o processo de recuperação/reabilitação da pessoa com amputação elevando a responsabilidade da atenção básica na atenção à saúde dessa população. Logo, a educação em saúde pode ser considerada um mecanismo a promover ações de promoção da saúde, em que a autonomia da pessoa com amputação deveria ser estimulada a ser adquirida. Mostra-se a promoção da saúde como estratégia a possibilitar a inclusão social, delineando caminhos que proporcionam um ambiente saudável, visando à continuidade do cuidado às pessoas com amputação.

Considerações Finais

A política pública em prol da pessoa com amputação evidencia a importância da atenção básica, e por meio desta receber atendimento a fim de promover saúde, prevenir agravos, desvelando suas necessidades e garantindo o acesso ao cuidado, visando à manutenção da saúde. Em contrapartida, o discurso que circula como verdade mostra o desconhecimento político e social dos enfermeiros sobre a complexidade da atenção à saúde das pessoas com amputação, assim como a vulnerabilidade dessas diante do predomínio do discurso biomédico do profissional da saúde e da lacuna na infraestrutura física e de materiais. Esperar-se-ia a continuidade do cuidado às pessoas com amputação em que a circulação pela rede de atenção seria de forma fluida, efetivando cada etapa do processo de reabilitação pelo profissional de saúde, não se restringindo somente pelas orientações repassadas à pessoa com amputação. No entanto, o discurso proferido apresentou no decorrer deste estudo, aspectos que não classificam o atendimento em rede, mas cuidados isolados, em que a pessoa é quem “se movimenta” para obter acesso ao cuidado nos diferentes níveis de atenção.

Referências:
1. Organização Mundial da Saúde (OMS). Relatório mundial sobre deficiência [Internet]. São Paulo: Sedpcd, 2012. Tradução Lexicus Serviços Lingüísticos. [citado em: 2018 mai 20]. Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/usr/share/documents/RELATORIO_MUNDIAL_COMPLETO.pdf>.
2. Foucault M. História da Sexualidade: a Vontade de Saber 1. 3 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2017.
3. Foucault M. Em Defesa da Sociedade. 2. ed. São Paulo:WMF Martins Fontes, 2010.
4. Foucault M. A ordem do discurso. 24. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

Palavras Chave

Políticas Públicas de Saúde. Pessoas com Deficiência. Amputação. Enfermagem.

Area

Deficiência, Inclusão e Acessibilidade

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Ana Maria F B Marques, Mara Ambrosina O. Vargas, Dulcinéia Ghizoni Schneider