Datos del trabajo


Título

RODAS DE CONVERSA COMO ESTRATEGIA DE PRODUÇAO DE DADOS QUALITATIVOS: UMA PESQUISA COM UNIVERSITARIOS E UNIVERSITARIAS

Introdução

Ao tratar do conceito de metodologia, diferentes significados e discussões se fazem presentes no que se refere à temática. Metodologia é conceituada, de forma ampla, como a discussão sobre o “caminho do pensamento” requerido pelo objeto, a apresentação dos métodos, técnicas e instrumentos que devem ser utilizados para a investigação e a “criatividade do pesquisador”, que tem relação com a capacidade pessoal de associação entre teoria e métodos, considerando aspectos como a experiência reflexiva, a memória e o nível de comprometimento com o objeto1.

Objetivos

Descrever o caminho percorrido na produção e análise de dados de um estudo qualitativo que utilizou rodas de conversa.

Desenvolvimento

A investigação compreendeu a participação de estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem de uma instituição superior pública localizada no Norte do país. As rodas de conversa consistem em uma metodologia de discussão coletiva sobre determinadas temáticas, por meio da criação de espaços de diálogo, nos quais os sujeitos podem expor sua opinião, escutar os outros e a si mesmos. São capazes de motivar a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da socialização de saberes e da reflexão voltada para a ação. Logo, abrangem trocas de experiências, conversas, discussões e divulgação de conhecimentos entre os envolvidos nessa metodologia2,3. Neste estudo foram realizadas quatro rodas de conversa, constituídas da seguinte forma: sete estudantes compuseram as rodas de conversa A e C, três fizeram parte da roda B, e cinco constituíram a roda D, totalizando 22 estudantes. As discussões foram conduzidas pela pesquisadora responsável, em salas de aula da instituição. Além da pesquisadora, as rodas de conversa contaram com a presença de colaboradores que desempenharam as funções de auxiliar na organização do espaço físico, registrar as principais impressões verbais e não verbais dos sujeitos da pesquisa, contribuir para o adequado funcionamento da gravação; analisar a rede de interações presente e viabilizar discussão com a pesquisadora após o término de cada roda. Após a recepção dos estudantes e orientação de que deveriam se acomodar de acordo com sua ordem de chegada, utilizando o crachá numerado disposto no assento, foi realizada a apresentação da pesquisadora e dos colaboradores, agradecendo, de imediato, a disponibilidade dos sujeitos. Os estudantes foram esclarecidos acerca da ética em pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O tempo de cada discussão foi de aproximadamente uma hora e meia nas rodas A e B e uma hora e cinquenta minutos nas rodas C e D, totalizando, aproximadamente, seis horas de discussão. As rodas de conversa foram gravadas em áudio, sem intercorrências. Todos os estudantes conseguiram interagir muito bem. Ao término da discussão, a pesquisadora solicitou que fossem relatados os sentimentos dos estudantes durante a discussão das temáticas. Todos relataram ter sido um momento positivo, principalmente pelo fato de ainda não terem tido oportunidade de serem ouvidos em relação às questões da universidade, assim como pelo fato de nunca terem se perguntado sobre as questões que fazem parte do seu cotidiano como estudantes, mesmo entre grupos de alunos. A maioria definiu o momento pela expressão de palavras como “desabafo”, “importante”, “felicidade”, “proveitoso”, “agradável”, “esclarecimento”. Vale ressaltar que, antecedendo a realização da produção de dados, foi realizado um estudo piloto para adequação do procedimento escolhido, do roteiro proposto e da atuação da pesquisadora como mediadora, que contou com a presença de sete estudantes. Além da pesquisadora, o piloto contou com uma colaboradora, o que foi fundamental para apontar as reações da pesquisadora, suas falhas, dificuldades, limitações e potencialidades, além de ter visualizado questões relacionadas à interação dos estudantes, fazendo sugestões para que essa interação pudesse ser aperfeiçoada. A experiência do piloto foi de grande importância para que a produção final pudesse ser iniciada posteriormente, pois foi possível adequar o que foi identificado como “falha”, tomando o máximo cuidado para uma produção de dados adequada. No que diz respeito à fase de análise de dados, na pesquisa qualitativa ela está relacionada à superação do empirismo e à apreensão dos significados que os sujeitos compartilham com as suas vivências1. Nesse estudo, a análise fundamentou-se na Análise de Conteúdo do tipo temática. Os depoimentos foram transcritos e, posteriormente agrupados a partir das temáticas contidas no roteiro pré-estabelecido. Salienta-se que a transcrição das falas foi feita literalmente, preservando as características textuais, a fim de preservar os aspectos relativos à subjetividade. Os depoimentos foram interpretados exaustiva e atentivamente; após diversas leituras, foram apreendidas unidades de contexto e, destas, retiradas unidades de registro de acordo com cada temática previamente estabelecida. A confluência das unidades de registro deu origem aos núcleos de significado e estes às categorias, procedendo-se assim a fase de discussão final.

Considerações Finais

No contexto desse estudo, as rodas de conversa possibilitaram momentos de encontro, de escuta e de troca entre os estudantes e com a mediadora, os quais tiveram oportunidades de expressar suas vivências, concepções e expectativas em relação às questões inerentes à universidade, sendo a pesquisadora a responsável por sugerir as temáticas de interesse da pesquisa de forma que os alunos pudessem debatê-las. Assim, considera-se que foram momentos valiosos e que as rodas de conversa possuem amplo potencial para subsidiar a produção de dados junto a universitárias e universitários.

Referências
1. Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2010b.

2. Coelho, DM. Intervenção em grupo: construindo rodas de conversa. In: Encontro Nacional da Abrapso, 14., 2007, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: ABRAPSO, 2007. Disponível em: <http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/anexos/AnaisXIVENA/conteudo/pdf/trab_completo_55.pdf>.

3. Nascimento, MAG.; Silva, CNM. Rodas de conversa e oficinas temáticas: experiências metodológicas de ensino-aprendizagem em geografia. In: Encontro Nacional de Prática de Ensino em Geografia, 10., 2009, Porto Alegre. Anais eletrônicos... Porto Alegre: AGB, 2009. Disponível em: <http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/Poster/P%20(36).pdf>.

Palavras Chave

Estudantes
Graduação
Pesquisa Qualitativa

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

Patrícia Danielle Feitosa Lopes Soares, Andréa Ribeiro da Costa, Cristiano Gil Regis, Sylvia Helena Souza da Silva Batista