Datos del trabajo


Título

REFLEXOES SOBRE A ETNOGRAFIA COMO METODO DE PESQUISA EM INSTITUIÇAO DE LONGA PERMANENCIA PARA IDOSOS

Introdução

No período entre o fim do século XIX e início do XX o trabalho de campo foi incorporado ao método etnográfico. Desenvolvido na antropologia, trata-se de um método constituído de técnicas e procedimentos de coleta de dados a partir do convívio prolongado do pesquisador com o grupo social estudado.(1) A partir da descrição detalhada dos fatos, por meio da interação e observação desse grupo social, são construídos modelos ou teorias. Trata-se de um método multifatorial, que permite a utilização de duas ou mais técnicas de coleta de dados, que fortalecem os achados e permitem a triangulação dos dados.(2) Realizar etnografia implica no exercício constante do olhar (ver) e do escutar (ouvir), o que exige do pesquisador por vezes afastar-se de sua própria cultura para observar e compreender o fenômeno a ser estudado, por meio de sua participação efetiva no interior desse contexto.(1) A descrição densa das pesquisas etnográficas se revela como um instrumento importante para direcionar as práticas de enfermagem e fundamentar novas formas de cuidado.(3) Para isso, sugere-se que enfermeiros busquem inspirações nesse método para o desenvolvimento de pesquisas qualitativas a fim de compreender os significados dos fenômenos envolvidos no processo de cuidar em enfermagem, as condições sociais nas quais se desenvolvem e suas relações com os sujeitos inseridos nesse processo, tais como clientes, famílias e profissionais de enfermagem. Dentre os serviços de atenção em que se dão as práticas de enfermagem estão as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), cenário esse que tem acompanhado e amparado as pertinentes alterações demográficas e epidemiológicas de nossa sociedade.

Objetivos

Refletir sobre a utilização da etnografia como método de pesquisa em Instituição de Longa Permanência para Idosos.

Desenvolvimento

O encontro etnográfico é entendido como um movimento dialógico de várias vozes que envolvem os fatos e modelam a escrita do pesquisador. Em vista disso, é importante situar os acontecimentos e o comportamento humano no contexto social, cultural e histórico.(2,4) Ao se utilizar do método etnográfico em ILPI, torna-se importante considerar que essas instituições são dotadas de diferentes significados e construções sociais que foram sendo atribuídas desde as criações dos primeiros asilos de velhos. No Brasil, no século XIX surgiram as primeiras instituições asilares responsáveis por acolher e abrigar as pessoas que viviam em condições de pobreza, vulnerabilidade social e desprovidas de famílias.(5) A partir da Política Nacional do Idoso se institui a modalidade asilar como instituição que atende idosos sem vínculos familiares e sem condições de subsidiar suas necessidades de moradia, alimentação e saúde.(6) Porém, atualmente, mesmo dispondo de melhores condições nos serviços prestado, muitas instituições ainda provocam o cerceamento da liberdade dos idosos e o modelo de gerir a vida desses indivíduos no interior desses espaços, que as caracterizam como “instituições totais”, termo atribuído por Goffmann. O espaço social fechado, as regras rígidas para delimitar e padronizar as atividades de um conjunto de pessoas, que são os residentes, aproximam as ILPI das características de instituições totais.(7) Ao se realizar pesquisas etnográficas nesses espaços e, então, observar e participar dos acontecimentos junto aos idosos institucionalizados é importante relativizar os diferentes aspectos envolvidos nesse processo, como a história da criação desses espaços, as características da ILPI a ser estudada e o contexto social na qual se insere. Assim como, a organização de cada instituição, as características socioeconômicas dos idosos, os motivos que os levaram a passar a viver nesses locais, os laços e afetos construídos ou rompidos nesse processo, a cultura que os idosos carregam consigo e, ainda a cultura do pesquisador. Nessa perspectiva, a etnografia se revela como valioso método de pesquisa qualitativa a ser utilizado por pesquisadores da área da saúde, como enfermeiros, a fim de compreender os aspectos que envolvem a velhice institucionalizada e que podem influenciar no cuidado aos idosos. Destaca-se que para a utilização do método etnográfico, a enfermagem pode buscar na interdisciplinaridade, a partir da Antropologia, referenciais teórico-metodológicos que possam fundamentar esse tipo de estudo.

Considerações Finais

A busca pela compreensão dos diferentes significados que permeiam o contexto das ILPI na perspectiva dos sujeitos que residem nesses locais é necessária e traz desafios aos profissionais de saúde e pesquisadores que atuam e desenvolvem pesquisas nesses locais. Assim, destaca-se a pertinência em desenvolver etnografias em ILPI, pois a aproximação com esses locais e os sujeitos inseridos nesse contexto podem revelar aspectos que subsidiem a prática de cuidados em enfermagem e que proporcionem melhor atendimento ao idoso institucionalizado. Referências: 1- Rocha ALC, Eckert C. Etnografia: saberes e práticas. Rev Iluminuras. [online] 2008 [acesso em 2018 Mai 26]; 9(21):1-23. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/iluminuras/article/view/9301. 2- Angrosino M. Etnografía y observación participante en investigación cualitativa. Madrid: Morata. 2012. 3- Sousa LB, Barroso MGT. Pesquisa etnográfica: evolução e contribuição para a enfermagem. Esc. Anna Nery. [online] 2008 [acesso em 2018 Mai 26] 12(1): 150-55. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452008000100023&lng=en&nrm=iso. 4- Clifford J. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no século XX. Gonçalves JRS (org.). 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. 5- Alves CML, Sousa SMN. E quando não se pode mais viver sozinho na velhice?: um estudo sobre o processo de envelhecer em uma Instituição de Longa Permanência para Idosos. Publ UEPG Appl Soc Sci. [online] 2016 [acesso em 2018 Mai 26] 24(2): 145-157. Disponível em http://www.revistas2.uepg.br/index.php/sociais. 6- Brasil. Decreto n. 1.948, de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei n. 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Brasília: Ministério da Justiça; 1996. 7- Goffman E. Manicômios, prisões e conventos. 8ª ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 2015.

Palavras Chave

Etnografia. Enfermagem geriátrica. Instituição de Longa Permanência para Idosos

Area

Saúde do Idoso

Instituciones

Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Jamile Lais Bruinsma, Margrid Beuter, Zulmira Newlands Borges, Larissa Venturini, Eliane Raquel Rieth Benetti, Caren da Silva Jacobi, Carolina Backes