Datos del trabajo


Título

PERCEBENDO O ESTIGMA E PRECONCEITO NO VIVER COM HIV/AIDS NA JUVENTUDE

Introdução

Apesar dos avanços biológicos e sociais atrelados ao HIV/aids, esta condição ainda carrega a marca social do estigma¹. Esta carga social, muitas vezes, é relatada pelos adultos jovens com HIV/aids como uma situação envolta de discriminação e preconceito². Isto demonstra que o medo, o preconceito e o estigma que foram colocados no início da epidemia, nos anos 80, ainda se fazem presentes na sociedade visto que se constata indivíduos que demonstram preconceito, ignorância e menosprezam as pessoas que vivem com HIV/aids³. Mesmo com o avanço do tratamento para HIV/aids, os estereótipos negativos e o preconceito são fatores que contribuem para o isolamento, a solidão e a exclusão social das pessoas que vivem com HIV/aids4. Frente a isto, muitas pessoas preferem não revelar o seu diagnóstico, por receio de experienciarem tais situações³. A falta de informação a respeito do que é viver com HIV/aids e o estigma que marca esta condição, ainda não foi superado, concretizando-se em um importante desafio para pessoas que vivem com HIV/aids, familiares e profissionais de saúde. Quanto mais diálogos houver sobre o assunto, maior será a probabilidade de fragilizar esta marca social2,3.

Objetivos

Compreender o estigma e o preconceito vivenciado por adultos jovens com HIV/aids atendidos em um serviço especializado de um município catarinense.

Método

O estudo é um recorte dos dados de uma tese de doutorado que foi realizada por meio de uma pesquisa de métodos mistos vinculada ao macroprojeto “Adesão ao tratamento antirretroviral de adultos jovens com HIV/aids de município prioritários do sul do Brasil” financiado pelo edital Universal/MCTI/CNPq/14/2014. O delineamento qualitativo desta pesquisa foi uma Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). O cenário do estudo foi um serviço de assistência especializada de um município catarinense. A coleta de dados ocorreu entre abril e setembro de 2016. Os participantes foram selecionados por meio de amostragem teórica e de forma intencional. Os critérios de participação foram: ter diagnóstico de HIV/aids, ter idade entre 15 e 24 anos, estar cadastrado no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos dos serviços de assistência especializada, estar em uso da terapia antirretroviral há pelo menos 6 meses. Foram excluídos do estudo, as gestantes e puérperas. O acesso aos participantes foi acordado previamente com os profissionais do serviço. Os adultos jovens que compareciam no serviço para a realização de consultas médicas e para retirada mensal dos antirretrovirais, eram direcionados por esses profissionais a uma conversa com a pesquisadora. Os interessados eram informados acerca dos objetivos do estudo e convidados a participar. A amostragem teórica foi constituída por dois grupos amostrais: o primeiro grupo amostral foi formado por 12 adultos jovens com HIV/aids que estavam em uso de terapia antirretroviral e o segundo grupo amostral por nove profissionais do serviço (duas enfermeiras, quatro médicos, uma farmacêutica, uma assistente social e uma psicóloga) e quatro familiares/mães, totalizando 25 participantes. Neste estudo, será apresentado parte dos dados do primeiro grupo amostral. A pergunta norteadora das entrevistas desse primeiro grupo foi: Como é para você fazer o tratamento para o HIV/aids? Diante deste questionamento, surgiram hipóteses, tais como: O estigma social e o preconceito percebidos pelos adultos jovens constituem-se barreira para adesão ao tratamento e são motivo para manter sigilo sobre seu diagnóstico do HIV/aids. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas intensivas que tiveram duração entre 20 min e 50 min. As entrevistas foram gravadas e transcritas e posteriormente, inseridas no software NVIVO®, versão 10, para codificação e organização dos dados. Os dados foram analisados por meio do método comparativo constante. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética da Instituição e seguiu os preceitos éticos da Resolução Nº 466/2012.

Resultados

Ao fazer uma reanálise dos dados do primeiro grupo amostral obteve-se a categoria: “Vivendo com HIV/aids na juventude e percebendo o estigma e preconceito”. Foi destacado pelos adultos jovens que os mesmos percebem a existência das marcas do estigma e do preconceito ao viver com HIV/aids. Os participantes do estudo mencionaram que mantém segredo sobre o seu diagnóstico por medo de vivenciarem de maneira mais próxima e intensa, as marcas da discriminação social atreladas ao HIV/aids, principalmente, por parte das pessoas mais próximas como familiares, companheiros ou companheiras, amigos e colegas de trabalho. Destacaram que por momentos não tomam a medicação diariamente por receio de que as pessoas associem o tratamento ao HIV e com isso, terão seu diagnóstico revelado e serão discriminados.

Considerações Finais

Os adultos jovens percebem a existência do estigma social e do preconceito ao viver com HIV/aids. Também associam o segredo do diagnóstico ao medo de serem expostos a estas situações e diante disso, podem não seguir adequadamente seu tratamento, pelo risco de terem seu diagnóstico revelado. A percepção dos adultos jovens que vivem com HIV/aids acerca do estigma e preconceito, permite aos profissionais que atuam na gestão do cuidado dessa população identificar aspectos que podem estar atrelados a não adesão ao tratamento. Com isso, acredita-se que a equipe de saúde possa estabelecer ações de educação em saúde que promovam o esclarecimento da sociedade acerca do que é viver com HIV/aids nos dias atuais, desmistificando estigmas passados e sensibilizando as pessoas de forma positiva, contribuindo para fragilizar esta marca social que ainda permeia tão fortemente o viver de adultos jovens com HIV/aids. Referências: ¹Moreira V, Bloc L, Rocha M. Significados da finitude no mundo vivido de pessoas com HIV/AIDS: um estudo fenomenológico. Estud. Pesqui.psicol., 2012; 12(2): 554-71; ²Costa VT. Adesão ao tratamento dos adultos jovens com HIV/aids em um serviço de assistência especializada. Florianópolis. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade Federal de Santa Catarina, 2016; ³Firmino, BR. Trajetória de jovens adultos com HIV: memórias do ambiente escolar. [S.I.]. Cadernos de Educação. Dez. 2017; 16(33):3-27; 4Araújo LF, Lobo CJC, Santos JVO, Sampaio AVC. Concepções Psicossociais Acerca do Conhecimento Sobre a Aids das Pessoas Que Vivem com o HIV. [S.I.]. Rev. Col. Psic. Jul. 2017; 26(2):219-230.

Palavras Chave

*

Area

Doenças Transmissíveis

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Lucas Andreolli Bernardo, Veridiana Tavares Costa, Geovana Pfleger, Betina Hörner Schlindwein Meirelles