Datos del trabajo


Título

O SIGNIFICADO DE VIVER COM HIV/AIDS: RELATOS DE ADULTOS JOVENS

Introdução

O HIV/aids configura-se, mundialmente, em um importante problema de saúde pública. Apesar dos notórios avanços, nos últimos anos, tanto nos aspectos sociais como biológicos, viver com HIV/aids ainda significa vivenciar as marcas do estigma e do preconceito1. Considerada como uma condição crônica de saúde a infecção pelo HIV/aids vem sendo destacada como uma situação complexa que abarca múltiplos processos que envolvem a descoberta do diagnóstico, o tratamento e, em alguns casos, a experiência do adoecimento2. Sentimentos como medo da morte física e social e do afastamento das pessoas que amam também fazem parte do viver de adultos jovens com HIV/aids3. Dados epidemiológicos retratam que no Brasil, entre 2007 até junho de 2017, houve um aumento na notificação desta infecção nas populações de adolescentes e adultos jovens especialmente, no sexo masculino. O Estado de Santa Catarina também vem sinalizando o crescimento no número de casos de infeções pelo HIV nesta população4. A juventude é um dos momentos mais intensos e ricos da vida, um momento de experimentação e amadurecimento. Deparar-se com um diagnóstico de HIV nessa fase, é uma experiência delicada que merece ser compreendida por todos aqueles envolvidos nesse processo.

Objetivos

Compreender o significado do viver com HIV/Aids para adultos jovens com HIV/aids atendidos em um serviço especializado no município de Florianópolis.

Método

Trata-se de recorte do estudo de métodos mistos “Adesão ao tratamento de adultos jovens com HIV/aids em municípios prioritários do sul do Brasil”, financiado pelo edital Universal/MCTI/CNPq/14/2014. O delineamento qualitativo de pesquisa foi a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). O estudo ocorreu em um serviço de assistência especializada no município de Florianópolis. A coleta de dados se deu entre setembro a dezembro de 2017. A seleção dos participantes foi realizada por meio de amostragem teórica e de maneira intencional. Foram adotados os seguintes critérios de participação: ter diagnóstico de HIV/aids, ter idade entre 15 e 24 anos, estar cadastrado no Sistema de Controle Logístico de Medicamentos dos serviços de assistência especializada, estar em uso da terapia antirretroviral há pelo menos 6 meses. Foram excluídas deste contexto, as gestantes e puérperas. O acesso aos participantes foi acordado previamente com os profissionais do serviço, farmacêuticos e infectologistas. Para amostragem teórica foram constituídos grupos amostrais. Neste estudo, serão apresentados os dados do primeiro grupo amostral, formado por 10 adultos jovens com HIV/aids que haviam participado da primeira etapa da pesquisa (etapa quantitativa). A pergunta norteadora das entrevistas foi: Fale-me como é para você fazer o tratamento para o HIV/aids? Tal questionamento suscitou algumas hipóteses, como: os adultos jovens consideram normal viver com HIV/aids , mas é complexo, pois impõe rotina diária de cuidados, com medicações e efeitos colaterais dos antirretrovirais além da convivência com a morte social, preconceito e a discriminação, cujos resultados serão apresentados. Os dados foram obtidos a partir de entrevistas em profundidade que tiveram duração média de 20 minutos. As entrevistas foram gravadas em um dispositivo eletrônico de áudio, transcritas e inseridas no software NVIVO®, versão 10, para codificação e organização dos dados. Foi utilizado o método comparativo constante para análise dos dados. Foram respeitados os preceitos éticos da pesquisa segundo Resolução nº 466/2012.

Resultados

Os dados referentes à análise do primeiro grupo amostral foram agrupados e originaram múltiplas categorias, dentre elas a categoria intitulada “O significado de viver com HIV/aids na juventude”. Tal categoria evidenciou que os adultos jovens percebem o HIV/aids como uma condição “normal”. Tal normalidade foi justificada por eles como sendo algo que não há muito que fazer, impondo se acostumar com a sua condição e aprender a conviver com ela. Outros significados atribuídos pelos adultos jovens foram: viver com HIV/aids é experienciar o novo e enfrentar o medo; viver com HIV/aids é um “bicho de sete cabeças”, ou seja, é uma coisa complicada e complexa; viver com HIV/aids é enfrentar diariamente os efeitos colaterais dos medicamentos, e ao mesmo tempo, entender que é necessário seguir com o tratamento para se manterem saudáveis e iguais ao demais jovens que não possuem o HIV. Também foi apontado pelos adultos jovens que viver com HIV/aids é deparar-se com limitações que os levam, muitas vezes, ao isolamento social e ao afastamento das pessoas que amam. Isto foi atrelado ao medo de terem seu diagnóstico descoberto e sofrerem de perto o estigma e o preconceito que ainda marcam esta condição de saúde. Vale destacar que um dos participantes referiu ter consciência de que “algo/vírus” está vivendo dentro dele, os demais referiram lembrar-se do HIV somente quando tomavam a medicação.

Considerações Finais

Os adultos jovens significam o viver com HIV/aids com base na vivência dos processos de descoberta do diagnóstico, realização do tratamento e convívio social. Ademais, associam a lembrança de terem o HIV a tomada dos antirretrovirais e destacam que a descoberta do diagnóstico e a adesão ao tratamento contribui para o cuidado de si e para uma melhor qualidade de vida. Compreender o significado atribuído pelos adultos jovens acerca do viver com HIV/aids contribui para reflexão das práticas de saúde dos profissionais que realizam a gestão do cuidado desses jovens, visto que é de extrema importância o estabelecimento de um plano de cuidado direcionado para esta população que tem as suas particularidades e que passam a vivenciar inúmeros desafios frente o diagnóstico e tratamento da infecção pelo HIV/aids. Referências: 1Moreira V, Bloc L, Rocha M.Significados da finitude no mundo vivido de pessoas com HIV/AIDS: um estudo fenomenológico. Estud. Pesqui.psicol., 2012; 12(2): 554-71; 2Reis CBS, Araújo MAL, Andrade RFV, et al. Prevalência e fatoresassociados às intenções de paternidade em homens com HIV/aids em Fortaleza, Ceará. Texto Contexto Enferm.,2015 out; 24(4): 1053-60;3Costa VT. Adesão ao tratamento dos adultos jovens com HIV/aids em um serviço de assistência especializada. Florianópolis. Tese (Doutorado em Enfermagem) -Universidade Federal de Santa Catarina, 2016; 4Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Aids e DST. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.

Palavras Chave

Area

Doenças Transmissíveis

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Geovana Pfleger, Lucas Andreolli Bernardo, Veridiana Tavares Costa, Betina Hörner Schlindwein Meirelles