Datos del trabajo


Título

INFLUENCIAS DA VIOLENCIA NO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM EM AMBIENTE HOSPITALAR

Introdução

A violência é um fenômeno sociocultural e histórico que acompanha a humanidade ao longo de sua existência e que se distribui de forma bastante heterogênea no planeta, gera grande pressão sobre os sistemas de saúde, justiça e serviços sociais e, cada vez mais, é identificada como um fator que deteriora a economia dos países, constituindo um desafio pelos efeitos físicos e emocionais que produz nas pessoas(1-2). No contexto do trabalho, a violência tornou-se um fenômeno crescente no mundo, considerada um problema de saúde pública que atravessa fronteiras, diferentes setores econômicos e grupos profissionais. A Organização Internacional do Trabalho(3) determina violência no trabalho como qualquer ação, incidente ou comportamento fundamentado em uma atitude voluntária do agressor, em decorrência da qual um profissional é agredido, ameaçado, ou sofre algum dano ou lesão durante a realização, ou como resultado direto, do seu trabalho. A violência contra trabalhadores da área saúde é uma questão abrangente e complexa, que envolve usuários, acompanhantes, gestores e chefias, assim como colegas de outras categorias profissionais, cada um desses sendo influenciador e influenciável pelos episódios. A literatura menciona que a violência que ocorre na área da saúde é responsável por um quarto dos acontecimentos de violência no trabalho(4). Nesse contexto, destacam-se os trabalhadores de enfermagem, que representam a maior força de trabalho nos cenários de saúde e estão frequentemente expostos ao fenômeno. Estes sofrem violência rotineiramente no seu ambiente de trabalho estão vulneráveis a ter inúmeras consequências relacionadas a saúde física e psicológica, o que também implica na condição de exercer seu trabalho cotidiano (5).

Objetivos

analisar as implicações da violência no processo de trabalho da Enfermagem no ambiente hospitalar e para a saúde destes trabalhadores. Ainda, identificar as características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores de enfermagem e diferentes tipos de violência sofrida.

Desenvolvimento

Método: estudo com abordagem quanti-qualitativa. O local da pesquisa foi um hospital público no Sul do Brasil. Os participantes foram 198 trabalhadores de enfermagem, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, selecionados por sorteio aleatório. Utilizado o instrumento para levantamento da violência, Survey Questionaire Workplace Violence in the Health Sector e uma entrevista com 15 profisionais que participantes da primeira etapa e que sinalizaram ter vivido um ou mais episódios de violência nos últimos 12 meses. A coleta ocorreu de outubro de 2014 a novembro de 2017. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Para comparar médias, o teste t-student para amostras independentes foi aplicado. Em caso de assimetria, o teste de Mann-Whitney foi utilizado. Para avaliar a associação entre as variáveis categóricas, os testes qui-quadrado de Person ou exato de Fisher foram utilizados. Para controle de fatores confundídores, a análise de Regressão de Poisson foi aplicada. O nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05) e as análises foram realizadas no programa SPSS versão 21.0. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da HCPA (parecer n° 933.725) e o estudo contemplado com financiamento da Fundação de Amparo a Pesquisa de Santa Catarina (FAPESC), integrando também uma macropesquisa desenvolvida em outros hospitais do Sul do país.
Resultados: entre os participantes do estudo 25,8% da amostra da etapa quantitativa eram enfermeiros, 71,2% técnicos de enfermagem e 3,0% auxiliares de enfermagem, sendo 84,2% do sexo feminino. Foram identificados como fatores associadas com a violência: contato físico frequente com os pacientes, número de filhos, preocupação com os episódios e posição de chefia. Profissionais que têm contato físico com os pacientes e estão em cargo de chefia apresentam uma probabilidade de sofrer violência no ambiente de trabalho, sendo o profissional médico o perpetrador mais frequente. Na etapa qualitativa aspectos singulares do fenômeno estão sendo desvelados, especialmente a relação com a segurança do paciente. Em análise, a maioria dos profissionais relatou após ter sofrido alguma violência se sente desmotivado e por muitas vezes a demanda de trabalha compromete a segurança do paciente. Além disso, o colega de trabalho foi o perpetrador mais comum, sendo medidas de prevenção e punitivas não emergiram nas duas etapas de pesquisa, revelando a banalização do fenômeno na realidade pesquisada. O conjunto dos achados permitiu também identificar que os sentimentos gerados a partir dessas experiências com a violência, além de gerarem consequências para a vítima interferem diretamente em sua relação com o ambiente e a equipe de trabalho, podendo ser um fator tanto de fortalecimento para a equipe, que busca formas para o enfrentamento dessas situações, como também, pode influenciar para uma relação fragilizada, dificultando a comunicação e o desenvolvimento das atividades laborais. Assim, tem repercussão no processo de trabalho, na condição de física e psíquica da forma de trabalho, no modo de cuidar e, consequentemente interfaces na assistência prestada aos usuários.

Considerações Finais

O estudo revelou a existência de violência no ambiente hospitalar e sua influência negativa sobre os trabalhadores. O fenômeno se destaca como problema de saúde pública que pouco tem sido identificado, mensurado e prevenido. A escassez de trabalhadores para exercer as atividades no setor de saúde é uma das causas que gera a violência, pois o estresse causado pelo excesso de trabalho interfere nas relações interpessoais, muitas vezes fragilizando o trabalho em equipe, o que acaba diminuindo a qualidade da assistência prestada ao paciente, podendo gerar situações de conflito também com familiares e acompanhantes. Para a redução do estresse gerado no ambiente de trabalho é indispensável à implementação de estratégias de combate da violência, incluindo as ferramentas que qualificam o processo de trabalho da enfermagem. O melhor planejamento do processo de trabalho e a garantia de recursos necessários para o bom funcionamento do serviço podem ser considerados fatores associados a proteção destes trabalhadores e promotores da Cultura de Segurança dos usuários, com isso, devem fazer parte da rotina diária da equipe de enfermagem, garantindo aos mesmos a autonomia necessária para desenvolvimento do cuidado focado no melhor atendimento ao paciente garantindo uma assistência segura e humanizada.

Palavras Chave

Enfermagem. Violência. Saúde do Trabalhador.

Area

Violências e Saúde

Autores

Daiana Brancalione, Manoela Marciane Calderan, Letícia de Lima Trindade , Grasiele Fátima Busnello