Datos del trabajo


Título

SAÚDE DAS FAMÍLIAS RIBEIRINHAS URBANAS: NEXOS COM O ESTILO DE VIDA E A SAÚDE INTEGRAL.

Introdução

Trata-se este estudo de recorte do PROJETO INTEGRADO MATRICIAL, articulado a Pós-Graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ao Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (NUPEM) – Campus UFRJ-Macaé Professor Aloísio Teixeira. O projeto seguiu a resolução 466/2012, aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem Anna Nery - CAAE: 70709717.2.0000.5238, com cronograma amplo, podendo ocorrer coleta até 2020, bem como análises subsidiárias até 2030. O mesmo busca a compreensão da saúde das famílias ribeirinhas e os nexos com os seus estilos de vida, considerando a perspectiva de discussão associada ao cuidado ecológico. Urge a necessidade de discutir o tema, que abarca o bem-estar humano e ecológico, tendo como finalidade fomentar medidas consistentes que possam acessar a realidade. Dentre muitos aspectos, a promoção da saúde faz nexo com um estilo de vida, por meio de ações que contemplam aspectos múltiplos, ou seja, a saúde como fenômeno multifatorial, bem como a interação do homem com o meio em que vive, sendo o ambiente saudável um dos aspectos de substancial impacto para o advento da vida com qualidade. A este ponto, o recorte em tela pretende relacionar a saúde com o cuidado humano a partir da perspectiva emergente, sistêmica e vitalista. O estudo justifica-se por vários aspectos, a saber: situa-se em um campo complexo, com questões cabíveis a interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, que envolvem a saúde, bem como discorre sobre uma problemática que envolve a situação de degradação global, discutida na contemporaneidade, com demandas importantes para a pesquisa.

Objetivos

Compreender a saúde das pessoas ribeirinhas ao rio (parte urbana) de Macaé na relação com o estilo de vida, considerando repercussões para a saúde integral.

Método

Referencial teórico-metodológico: pauta-se no Interacionismo Simbólico, que tem sido aplicado com êxito na enfermagem, por se tratar de uma Teoria em que o significado é o conceito central. Manifesta respeito pela natureza da vida e da conduta do grupo humano. No que tange ao referencial metodológico, o projeto matricial optou pela pesquisa quanti-qualitativa, sendo a parte quantitativa gerada a partir do tratamento estatístico e a parte qualitativa desenvolvida à luz da “Grounded Theory”, em português, Teoria Fundamentada nos Dados (TFD). Neste recorte, importante atentar, tem-se a parte qualitativa, que já vem acontecendo, junto da comunidade ribeirinha ao rio Macaé na parte urbana. Para tal, optou-se pela aplicação de múltiplos instrumentos de coleta de dados, a saber: a entrevista semiestruturada em profundidade, a observação participante assistemática e a captação fotográfica contextual. Até o presente momento, na articulação da aluna de mestrado (que já defendeu) com as alunas de iniciação científica, foram coletadas mais de 20 entrevistas. Todos os estudos integrados a proposta matricial, na sua fase de planejamento e na sua fase de consolidação. Na lógica do método, após entrevista, os dados são transcritos na íntegra, seguindo a análise cíclica proposta pelo método, em que pese: codificação aberta, codificação axial e integração. Também, é aplicado o modelo paradigmático, que versa sobre as condições intervenientes, ações/interações e consequências. Durante o processo analítico são elaborados memorados, a saber: observacionais, teóricos e/ou metodológicos. Também, para ajudar o pesquisador e a sensibilidade teórica, as explicações podem ser organizadas com apoio em diagramas representativos.

Resultados

É possível apontar a partir dos dados que existe uma relação contraditória e marcada por antíteses, quando na discussão que envolve a ecologia humana com a ecologia ambiental. Isto considerando que se por um lado o rio Macaé remete a expressão de vida, bem como de hábitos saudáveis; por outro lado, reflete um estado desmotivador, não cabível a perspectiva do pensamento ecológico, pós-abisssal e voltado a ecologia de saberes. Ainda é possível notar, até o momento, que a degradação ambiental está por toda parte, não somente nas águas, mas no que tange a vegetação e a todo contexto circundante. Particularmente, quando se faz um foco para Macaé, é possível com os dados afirmar, que os ribeirinhos urbanos são resultantes da especulação imobiliária local, dos bolsões de pobreza e do imaginário eldorado consequente do petróleo. Não guardam na sua maioria ancestralidade com o rio. Atualmente, com a situação do país o agravamento é mais notório. Muitas são as condições intervenientes, não obstante, para este recorte, é preciso dar ênfase a falta de políticas públicas que evitem a ocupação de áreas de preservação e, que sobretudo, possam dar apoio as famílias desfavorecidas. No que tange as ações/ interações, já é possível notar, com os avanços do projeto matricial, que há um comportamento de perplexidade e de paralisação por parte da população, que não se percebe ativa e autônoma o bastante para uma busca crítica no sentido de melhores condições de vida. As consequências, obviamente, são devastadoras para a saúde integral, com destaque aos inúmeros e distintos agravos que assolam cotidianamente os ribeirinhos de Macaé. Não somente, pensando sob o prisma do agravo físico, mas, também, atingindo o adoecimento psíquico, bem como a pior e mais complexa das questões, que é o agravo social, marcado pelo isolamento, pela exclusão e pela estereotipada vulnerabilidade.

Considerações Finais

O estilo de vida dos ribeirinhos urbanos de Macaé, a partir dos dados, aponta para uma total desagregação entre aquilo que, para efeito do ser saudável deveria ser a escolha, na contrapartida, do que de fato pode ser a escolha. Então, percebe-se que os mesmos adotam escolhas desfavoráveis a saúde como reflexo desta degradação ambiental, que fundamentalmente, gera e vem gerando cada vez mais a degradação humana. Há que se pontuar que a pesquisa ainda está em curso, logo, muitos dados ainda apontarão para situações e construtos que possam explicar a dada situação fenomênica. Entretanto, já é possível afirmar que os ribeirinhos urbanos de Macaé merecem uma linha de cuidado que lhe possa representar, nas suas necessidades e nos seus desejos, diminuindo a linha abissal que separa os que tem e pode, daqueles que não tem e não terão como acessar.

Palavras Chave

Ribeirinhos. Saúde. Cuidado.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Autores

Glaucia Valente Valadares, Fabrícia Costa Quintanilha Borges, Lígia Santana Rosa, Quéren-Hapuque Delaquila Machado Pedreira, Laura Regina Ribeiro, Letícia Santos da Costa, Claudinier Francisco Alves Neto