Datos del trabajo


Título

A APLICAÇAO DA TEORIA FUNDAMENTADA NOS DADOS NA COMPREENSAO DO CUIDADO ECOLOGICO JUNTO A POPULAÇAO RIBEIRINHA URBANA DE MACAE

Introdução

conhecer a saúde na relação com o cuidado ecológico da população ribeirinha urbana e rural de Macaé (cidade do estado do Rio de Janeiro, Brasil) emergiu da busca pela percepção de pesquisadores, que estudavam as águas da cidade e que captaram uma lacuna importante para a pesquisa, pois não se sabia como as populações das águas se relacionavam com o meio ambiente, haja vista as repercussões para a saúde integral. Para que essa questão fosse trabalhada, criou-se uma integração com três centros de pesquisa: o Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Ambiental de Macaé (NUPEM), a Pós-graduação da Escola de Enfermagem Anna Nery e a Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)/ Campus UFRJ-Macaé Professor Aloísio Teixeira. O trabalho aqui apresentado faz parte do projeto: “Saúde das famílias ribeirinhas: o cuidado ecológico no centro da discussão”. A pesquisa é ampla, tendo cronograma previsto até 2030. Neste sentido, envolve as famílias que moram à beira dos rios, canal e lagoa de Macaé, com caráter quanti-qualitativo. Aqui, caberá uma reflexão teórica-metodológica da parte qualitativa, que é desenvolvida à luz da Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory. Cabe a ênfase que se trata de reflexão resultante dos investimentos das bolsistas de iniciação científica (graduandas do Curso de Enfermagem e Obstetrícia), que veem se apropriando do método.

Objetivos

Apresentar percepções sobre aplicação da TFD por parte das bolsistas de iniciação científica e discutir adequação do método mediante o estudo da população ribeirinha.

Desenvolvimento

Antes de tudo, o entendimento sobre a metodologia é de extrema importância para que se prossiga a discussão. A TFD, ou Grounded Theory (nome original), surgiu com Strauss e Glaser, tendo suas raízes no Interacionismo Simbólico. A TFD tem a intencionalidade de gerar uma teoria que emana dos dados (enraizada nos dados). O processo de construção é cíclico, depende de muita dedicação e sensibilidade do pesquisador, pois o mesmo precisa trabalhar com o material coletado, quase que concomitantemente, a participação direta no campo. Isto para que as percepções sobre a entrevista e o ambiente também possam gerar memorandos teóricos, observacionais e/ou metodológicos. Para que a coleta ocorra, vendo sendo aplicada a entrevista semiestruturada, sendo as falas gravadas na íntegra. Após a entrevista, o pesquisador transcreve o áudio, na sequência, parte para a codificação que se dá em três etapas: aberta, axial e integração. Através desse processo, é possível analisar fatores intervenientes, ação/ interação e consequências cabíveis aos fenômenos apreendidos, sendo o contexto transversal no estudo. Dessa forma, relacionando as categorias com as subcategorias, bem como na articulação com o modelo paradigmático, é possível visualizar de uma maneira científica, contudo também com nexos simbólicos, aquilo que os dados revelam. As entrevistas acabam quando há saturação dos dados, ou seja, a coleta já permite uma abrangência explicativa que vai ao encontro dos objetivos anunciados na pesquisa. É válido acrescentar que este projeto seguiu a resolução 466/2012 e foi avaliado, bem como aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de Enfermagem Anna Nery - CAAE: 70709717.2.0000.5238. No que tange a questão relacionada a população ribeirinha, as bolsistas de iniciação científica perceberam que a aplicação da TFD é uma importante ferramenta no desenvolvimento do acadêmico como pesquisador, reiterando o seu papel como atuante no mundo da ciência. Destaque para o aprimoramento mediante a observação e a escuta-ativa, com distinções cognitivas preliminares e conceituais. Com o decorrer do uso do método, as bolsistas de iniciação científica conseguiram perceber que por mais que os ribeirinhos da parte urbana, muitas vezes, coloquem como solução para seus problemas “acabar com o rio”, ou seja, a priori demonstrando desapego e desafeto; o que eles querem é acabar com a poluição, querem viver em um lugar que se sintam seguros e que tenham condições de manter a sua saúde física e mental. Uma questão de grande relevância, é que muitos contribuem para poluição do rio e não se percebem como poluidores, isto é, há uma área simbólica cega no sentido de não se perceberem como também agentes do caos. Nas primeiras entrevistas, as bolsistas de iniciação científica, com dificuldades inerentes cabíveis a condição de principiantes, tinham certo impasse de trabalhar as questões com os entrevistados, contudo, a apropriação do método revelou a flexibilidade, podendo se adequar a cada encontro, visto que se trata de uma entrevista semiestruturada, ou seja, na lógica cíclica proposta pelo método, as questões puderam ser aprofundadas. O método tem trabalhado a habilidade das bolsistas de iniciação científica em prol da interação com a população, que tem marcas existenciais de desconfiança e insegurança. A observação participante permitiu compreender, até este ponto, que além das questões ecológicas, o ribeirinho que mora na área urbana de Macaé, se encontra em uma situação de altíssima vulnerabilidade, haja vista aspectos como: violência, bolsões de pobreza, estereótipos, falta de pertencimentos coletivos, dentre outras mazelas; ou seja, questão que desestimula o indivíduo a se relacionar com o meio de forma positiva, pois compromete a interação e a consciência cidadã autônoma.

Considerações Finais

Refletir sobre a aplicação de uma metodologia qualitativa junto a uma população vulnerável, ainda trabalhar questões como saúde e o cuidado ecológico, é de grande relevância para reiterar que os seres humanos são mais que números, portanto, o ecossistema funciona de uma maneira que, em muitos casos, não se pode quantificar (é reduzir o humano). Cada indivíduo carrega consigo a sua particularidade e a sua singularidade, mas quando muitos indivíduos vivem em sociedade ao redor de algo em comum, no caso aqui, o rio Macaé, essas várias particularidades se unem desenhando uma nova forma de relação, de percepção, de vivência, de saúde e de cuidado. Infelizmente, cruel a vida saudável. Assim, é possível refletir que os traços da população ribeirinha urbana de Macaé têm peculiaridades que vão muito além das conceituações apontadas pelos registros sobre “Comunidades Tradicionais”. De tal modo, a TFD tem possibilitado construtos próprios que emergem, de fato, das significações das pessoas. Revelando o que são, como são e o que pensam, sem a verticalização de textos.

Palavras Chave

Ribeirinhos. Estilo de Vida. Teoria Fundamentada nos Dados.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Autores

Querén-Hapuque Delaquila Machado Pedreira, Laura Regina Ribeiro, Glaucia Valente Valadares