Datos del trabajo


Título

O ATENDIMENTO GRUPAL AOS USUÁRIOS DIAGNOSTICADOS COM DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA: A PERSPECTIVA DOS COORDENADORES

Introdução

Na Atenção Básica – AB, a realização de atividades em grupo perpassa todos os membros da equipe que atuam direta ou indiretamente no desenvolvimento nos processos de intervenção. A expansão do uso dessa forma de assistência está ligada à inclusão da atenção à saúde mental no que se refere às ações da AB (Brasil, 2006) e é sustentado por processos de trabalho propostos pelo NASF (2008), que colaborou para ampliar, diversificar e qualificar a atenção em saúde e, mais especificamente, a saúde mental. As práticas grupais, nesse cenário institucional, requerem que os profissionais desenvolvam uma compreensão ampliada dos processos de saúde e doença e de capacidade relacional entre os membros da equipe, o que possibilita a escuta entre os campos de saber de forma a poder lidar com as demandas sociais e subjetivas da comunidade atendida. Nesse contexto, os grupos abarcam diferentes tipos de sofrimento psíquicos e demandas psicossociais observadas tanto naqueles coordenados por profissionais da saúde mental como por outros profissionais. Os usuários com diagnóstico de depressão configuram-se um desafio dado a sua alta prevalência e relevante impacto sobre a saúde, o que torna o usuário com algum grau de depressão frequentemente presente nos grupos. Considerando essa relação entre a prática grupal e a demanda de atenção à depressão no e contexto da AB, o questionamento proposto nesse trabalho é sobre o manejo do usuário com depressão no contexto grupal.

Objetivos

Compreender o manejo grupal de usuários diagnosticados com depressão a partir da perspectiva de coordenadores de grupos no contexto da Atenção Básica.

Método

A abordagem metodológica proposta visa conhecer as vivências, crenças, valores e significados (Minayo e Sanches, 1993) e parte do pressuposto de que o conhecimento é fruto de um processo constante de criação e recriação de significados dos aspectos da realidade que se busca compreender. A pesquisa foi realizada com 21 profissionais coordenadores de grupos que atuavam dentro Rede de Atenção Básica da Saúde contou com 8 psicólogas, 5 profissionais da educação física, 4 enfermeiras, 2 nutricionistas, 1 fisioterapeuta e 1 odontológa. Os profissionais foram convidados a participar de uma entrevista semi-estruturada A coleta de dados foi realizada no local e horário conveniente ao participante. As entrevistas, com duração, em média, de 45 minutos, foram registradas em áudio e posteriormente transcritas. Os dados foram processados por meio do Atlas TI 8 e a ánalise foi realizada da por meio da Grounded Theory (Strauss e Corbin, 2008). As etapas da análise obedeceram os seguintes processos: "codificação aberta" caracterizada pela imersão nos dados a partir de leituras do material coletado; e pela divisão dos dados em incidentes, ideias ou eventos e renomeação com código conceitual que os representasse. Em seguida passaram pela "codificação axial" quando os códigos são classificados de forma a nuclear as propriedades similares ou evidenciar singularidades, seguida pela de "codificação seletiva" em que em que os códigos são refinados e integrados em busca de descrição e compreensão das categorias principais. Os resultados apresentados nesses trabalho são parciais e concernem à análise de 12 participantes e estão descrito em três categorias

Resultados

(1) Paciente deprimido no grupo: identificação e manejo - Os resultados apontam que os usuários com diagnóstico ou que apresentavam um quadro sintomatológico consistente com depressão foram identificados na maior partedos grupos coordenados pelos profissionais NASF. A forma de identificação apresentada por esses profissionais variou entre as categorias de atuação. Os psicólogos e profissionais com formação ou experiência em saúde mental identificaram a depressão utilizando uma gama de sintomas descritos na literatura. Os profissionais de outras áreas da saúde identificam os usuários que apresentam quadro depressivo a partir da forma como esses usuários participam do grupo. Essa diferenciação entre os grupos evidencia a necessidade de capacitação dos profissionais que atuam na NASF para melhor instrumentalizá-los para lidar com as demandas em saúde mental. (2) Impacto do trabalho em grupo para o paciente com depressão - para os profissionais entrevistados, o trabalho em grupo tem impacto positivo para os usuários com diagnóstico de depressão, sendo um dispositivo de tratamento importante no contexto da atenção básica. Os entrevistados evidenciaram que a socialização como um elemento terapêutico importante que possibilita a melhora dos usuários com diagnóstico de depressão. (3) Principal demanda dos profissionais para trabalho em grupo - de modo geral, os profissionais participantes da pesquisa sentem necessidade de uma formação profissional continuada para trabalho com grupos, em específico, no campo da saúde mental. Houve o reconhecimento da importância do saber empírico adquirido com a experiência, da mesma forma que os participantes evidenciaram falta de embasamento teórico. Os profissionais relataram, ainda, sobre a falta de capacitações das quais abordem o trabalho em equipe multiprofissional na rede de atenção primário e o modelo de matriciamento.

Considerações Finais

Os resultados confirmam a potencialidade das práticas grupais como dispositivo terapêutico relevante na saúde e, específicamente, no atendimento à depressão na perpectiva dos profissionais. Ao mesmo tempo, os dados evidenciam a necessidade de formação continuada como instrumento que consolida a importância das práticas grupais e que podem fortalecer essa prática para resultados efetivos no tratamento da depressão e na produção de saúde como todo.

Referência



Brasil. Ministério da Saúde. (2006). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Diretrizes para a programação pactuada e integrada da assistência à saúde/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas. Brasília.


Brasil. Ministério da saúde. (2009). Clínica ampliada e compartilhada. Secretaria de atenção à saúde. Política nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS. Brasília.

Brasil, B. (2008). Portaria nº 154 de 24 de janeiro de 2008. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Diário Oficial da União.

Minayo, M. c. de; Sanches, O. Quantitativo-qualitativo: oposição ou complementaridade? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 9, n. 3, p. 239-262

Strauss, A., Corbin, J. (2008). Pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed.

Palavras Chave

práticas grupais, profissionais de saúde, depressão

Area

Saúde Mental

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

CIBELE CUNHA LIMA MOTTA, CARMEN LEONTINA OJEDA OCAMPO MORÉ