Datos del trabajo


Título

ABORDAGEM CENTRADA NO USUÁRIO COMO REFERENCIAL METODOLÓGICO PARA O DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA

Introdução

Atualmente, o desenvolvimento de recursos tecnológicos voltados à educação de pacientes e profissionais de saúde tem sido alvo de diversos estudos. São estratégias que têm se mostrado uma opção interessante pelas suas diversas possibilidades como promoção de um ambiente de simulação e interatividade, capacidade de divertir e ao mesmo tempo ensinar, prendendo a atenção de quem a utiliza, por meio de diversos recursos. A possiblidade de utilizar a narração, figuras, gráficos, sons e textos simultaneamente, é um exemplo. Tecnologias, como os videogames, podem fornecer um ambiente informativo, reduzir ansiedades e desconhecimento de pacientes perante sua condição e tratamento, auxiliar na tomada de decisões, motivar a adoção de comportamentos saudáveis e criar redes de comunicação e troca de informações. Apesar de todas essas premissas, a consideração de referenciais teóricos e metodológicos torna-se imperativa para o alcance do sucesso destas estratégias. Dentre eles, o referencial metodológico que tem sido utilizado para o desenvolvimento de tecnologias é o da abordagem centrada no usuário, mais conhecida como User Centered Design (UCD). Um dos pressupostos deste referencial indica que o futuro usuário da tecnologia a ser criada seja considerado ao longo de todo o seu processo de desenvolvimento. Para a coleta destes dados, a pesquisa qualitativa torna-se primordial, permitindo com que o pesquisador acesse informações essenciais, como necessidades e preferências do futuro usuário.

Objetivos

Apresentar os passos que devem ser seguidos para o desenvolvimento de tecnologias, de acordo com o referencial do UCD, com vistas a enfatizar a importância da pesquisa qualitativa na coleta de dados. Tais passos serão exemplificados a partir de pesquisa realizada com crianças com diabetes mellitus tipo 1, para o desenvolvimento de um videogame.

Desenvolvimento

Foco nos usuários e suas tarefas: Este princípio prevê o acesso aos futuros usuários para o conhecimento do seu perfil, das suas necessidades perante a problemática que será abordada, assim como suas preferências, antes que a tecnologia comece a ser desenhada. Este é um momento de geração de ideias, em que o pesquisador irá entender de forma mais aprofundada sua clientela e qual o caminho que deve seguir para o desenvolvimento de um produto que os represente. Ainda, permite conhecer preferências quanto ao uso de tecnologias e escolher a plataforma e o desenho adequados à população alvo. Grupos Focais podem ser estratégias utilizadas para obtenção destes dados de forma a promover a discussão de ideias e percepções sobre o assunto em um determinado grupo. A experiência das pesquisadoras traz a realização de ciclos de grupos focais realizados com crianças, de forma que fossem abordadas e discutidas necessidades de aprendizagem quanto ao conhecimento e autocuidado do diabetes mellitus tipo 1. Este passo mostrou-se primordial para o entendimento de comportamentos que interferiam no tratamento destas crianças. Cabe ao pesquisador, junto à sua equipe, analisar e formalizar as ideias geradas por meio da análise pautada em referenciais da pesquisa qualitativa. Neste momento, o pesquisador pode retornar aos usuários e, a partir destes resultados, identificar junto aos mesmos tarefas que podem ser incluídas no desenho da tecnologia. Um novo ciclo de grupos focais pode ser realizado, confirmando ideias e gerando conteúdo a ser abordado futuramente. O desenho participativo nesta fase pode auxiliar os pesquisadores a entender as preferências dos futuros usuários. Dar a oportunidade de materializar as ideias discutidas, dando voz às crianças para explicar o seu desenho, permitiu o maior envolvimento do participante com a proposta, expressando suas opiniões, conhecimentos e fragilidades sobre o assunto. A mensuração da usabilidade: O segundo grande princípio desta metodologia refere-se à elaboração de versões simplificadas da tecnologia, no papel (protótipo em papel), mas que representem as tarefas planejadas na sua aparência e funcionalidade. Este é um momento de testá-las, a partir da opinião de experts no assunto e também dos futuros usuários. Avaliações individuais ou em grupo podem ser realizadas, permitindo com que o expert e/ou usuário utilize a versão do produto, emitindo suas percepções, dificuldades e pontos que o fortalecem. Enfatizamos aqui a importância da pesquisa qualitativa, que irá permitir maior entendimento da opinião do entrevistado e, consequentemente, aprimoramento do produto a ser desenvolvido. Nesta etapa, as pesquisadoras levaram o protótipo em papel para testes, discutindo questões importantes levantadas pelos avaliadores. Em seguida, a tecnologia passa a ser desenvolvida de forma mais fidedigna ao produto final. Finalmente, o teste da tecnologia junto aos usuários, de forma interativa, traz uma versão, agora ainda mais parecida com o formato final. A tecnologia, neste momento também deve ser apreciada com vistas à coleta de depoimentos, que informam questões de funcionalidade e usabilidade do produto. É importante que a equipe desenvolvedora tenha membros participantes da equipe multidisciplinar do estudo e que tenham acompanhado todo o processo de desenvolvimento, em especial, os dados obtidos junto aos futuros usuários. Isso torna a equipe ainda mais consciente das necessidades e preferências dos usuários do produto em questão. O contato constante com estes profissionais mostrou-se essencial no desenvolvimento do videogame, de forma que as pesquisadoras pudessem informar e esclarecer dúvidas quanto ao conhecimento do diabetes mellitus tipo 1 e preferências da clientela à equipe de profissionais da informática e design.

Considerações Finais

A utilização do referencial teórico do UCD no desenvolvimento de tecnologias permite com que os pesquisadores e equipe avancem gradativamente com os futuros usuários na construção da tecnologia desejada. Os depoimentos, a partir de grupos focais ou de entrevistas individuais, mostram-se essenciais na promoção de melhor entendimento das suas necessidades e preferências. O desenvolvimento de tecnologias é uma estratégia que demanda tempo e recursos financeiros e estar atentos às questões que favoreçam a sua adequada construção é papel de pesquisadores e profissionais. A apresentação deste trabalho, enfatiza a reflexão acerca da importância da inclusão da análise qualitativa dos dados no desenvolvimento de recursos tecnológicos, fortalecendo seus resultados.

Palavras Chave

Tecnologias, Abordagem Centrada no Usuário, Pesquisa Qualitativa, Educação em Saúde

Area

Informação e Tecnologias da Informação em Saúde

Instituciones

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Valéria de Cássia Sparapani, Lucila Castanheira Nascimento