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Título

CONCEPÇAO DE PROMOÇAO DA SAUDE E A MUDANÇA DE PARADIGMA NO DISCURSO DE ESTUDANTES E PROFESSORES DE ENFERMAGEM NO BRASIL

Introdução

A Promoção da Saúde é considerada um campo de formulações teóricas e, principalmente, um espaço de manifestações das práticas sociais, podendo se refletir na transformação do modelo de atenção à saúde. A discussão sobre Promoção da Saúde vem se alterando ao longo dos tempos desde uma perspectiva biologicista até as ideias mais progressistas que consideram a centralidade dos sujeitos e suas condições sociais. Isso é devido aos novos desafios sociais, políticos e culturais, o esgotamento do paradigma biomédico e a mudança do perfil epidemiológico da população nas últimas décadas. Dessa forma, questionam-se: Quais concepções de promoção da saúde estão presentes nos discursos de estudantes e professores de graduação de enfermagem? Essas concepções indicam mudança de paradigma nas práticas de saúde?

Objetivos

Analisar as concepções de Promoção da Saúde presentes nos discursos de estudantes e professores de graduação em enfermagem.

Método

Trata-se de um estudo descritivo exploratório de abordagem qualitativa ancorado no referencial teórico metodológico da dialética, resultante da pesquisa nacional “Competências para a promoção da saúde na formação do enfermeiro: experiências, resultados e desafios no contexto brasileiro”. Realizaram-se grupos focais com 82 estudantes, de ambos os sexos, representantes de todos os períodos, com vivências extracurriculares diversas (projeto de iniciação científica, de extensão, estágios) e 46 professores que lecionam disciplinas nos diferentes períodos, com tempos variados de exercício da docência em 11 escolas do Brasil, no período de novembro de 2015 a abril de 2017. A coleta de dados foi precedida de esclarecimento aos participantes sobre os objetivos e finalidades do estudo e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Respeitou-se a Resolução 466/12 do Ministério da Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais sob o parecer de número CAAE- 22830812.5.0000.5149. Os dados foram analisados por meio da Análise de Discurso Crítica proposta por Fairclough e sistematizada por Resende e Ramalho.

Resultados

Participaram do estudo seis escolas públicas e cinco privadas, sendo uma representante da região nordeste, uma da centro-oeste, uma do sul e oito do sudeste do país. O número de estudantes em cada grupo focal variou entre 3 e 14, tendo média 8 participantes. Já o número de professores em cada grupo focal variou de 3 a 7 participantes, tendo média 5 participantes. A abordagem biomédica está presente nos campos de estágios e no processo de ensino, expressa por meio da temporalidade “ainda”. Porém, tanto os estudantes quanto os professores reconhecem a necessidade da mudança dessa concepção, a fim de aproximar as práticas em saúde das reais demandas da população. Ademais, a abordagem behaviorista é presente nos discursos dos estudantes, a partir de práticas de orientação alimentar e de atividade física aos pacientes diagnosticados com hipertensão e diabetes, principalmente. Nessas práticas estão concentradas atividades reiteradas, como expressa no “lanchinho” oferecido aos pacientes, aferição da pressão arterial e da glicemia capilar. A abordagem socioambiental é referida em campos de estágios, principalmente na Unidade Básica de Saúde, onde os estudantes podem conhecer e reconhecer o território e a comunidade. Nessa abordagem, os professores se baseiam no modelo biopsicossocial aproximando-se da abordagem dos determinantes sociais de saúde. Os professores expressam a dificuldade de trabalhar essa concepção de Promoção da Saúde, argumentando a complexidade de compreender o indivíduo no seu contexto social e histórico. Ainda sobre essa abordagem, há um discurso periférico dos professores agregando valores de justiça social e equidade, acionando temáticas como direitos, cidadania e o controle dos indivíduos e coletivos sobre os determinantes de saúde. Por fim, a abordagem crítica social está presente nas práticas de Promoção da Saúde que mobilizam a autonomia dos indivíduos na perspectiva do empoderamento. Essa perspectiva possibilita que os indivíduos tenham um sentimento de maior controle sobre a própria vida. No discurso dos estudantes é expressa uma naturalização de práticas que orientam os indivíduos como forma de empoderamento. No entanto, os estudantes criticam a dificuldade dos professores ensinarem novas práticas de Promoção da Saúde, já que estes foram formados em um modelo tradicional de ensino, no qual as práticas eram predominantemente sanitaristas. Nesse discurso, nota-se uma mudança de concepção de Promoção da Saúde, agregando valores do empoderamento social, como a luta de coletivos sociais, a advocacia em saúde e a clínica ampliada.

Considerações Finais

As práticas de Promoção da Saúde são ancoradas, sobretudo em um modelo de educação em saúde para prevenção de risco e agravos. Porém, é reconhecido que esse modelo é insuficiente para a mudança do modelo assistencial à saúde e para sustentar os desejos e necessidades da população. A mudança de paradigma da Promoção da Saúde é notada na reflexão dos estudantes, quando estes extrapolam a perspectiva do empoderamento como mera forma de autonomia dos sujeitos, agregando valores políticos para a garantia da saúde.

Palavras Chave

Promoção da Saúde; Ensino; Bacharelado em Enfermagem.

Area

Promoção da saúde

Instituciones

Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

Izabela Thaís de Magalhães Neto, Kênia Lara Silva, Stephanie Marques Moura Franco Belga, Bruna Dias França