Datos del trabajo


Título

GRUPOS FOCAIS COM CRIANÇAS: DESAFIOS PARA A PESQUISA QUALITATIVA

Introdução

A técnica dos grupos focais é uma estratégia de coleta de dados em pesquisa qualitativa que promove um ambiente de interação entre os participantes, potencializando a expressão de vivências e opiniões diversas sobre determinado tópico. É uma excelente escolha quando as indagações do estudo requerem uma discussão, o que permite ao pesquisador um melhor entendimento sobre como o grupo pensa e atua perante comportamentos de saúde. Além disso, os grupos focais podem ser a estratégia que mais se adequa às pesquisas que procuram promover o desenho participativo de soluções e produtos. No entanto, a utilização dos grupos focais como fonte de dados qualitativos em pesquisas com crianças requer a consideração de diversas questões, dentre elas, aquelas relativas às particularidades da idade, como níveis de compreensão, habilidade, sensibilidade, capacidades e estilo, além da valorização cultural. Por este motivo, requer do pesquisador um planejamento minucioso.

Objetivos

Apresentar os passos metodológicos que devem ser considerados para o desenvolvimento efetivo de grupos focais com crianças, com vistas a contribuir com estudos qualitativos que privilegiem a condução de pesquisas com o uso desta técnica de coleta de dados em pediatria.

Desenvolvimento

Preparo dos Grupos Focais: O primeiro passo é considerar o número de crianças em cada grupo a ser realizado. Segundo a literatura e de acordo com experiências vivenciadas pelos pesquisadores, grupos menores, compostos por 4 a 6 crianças, pode ser manejado com mais facilidade e também favorecem a obtenção dos depoimentos. Grandes grupos podem levar a dispersão das crianças, o que dificulta o papel do moderador em engajar e facilitar a sua participação. O pesquisador também pode optar por realizar grupos divididos por idade. Por exemplo, uma pesquisa proposta para uma população entre 7 e 12 anos de idade, pode considerar grupos focais com crianças de 7-9 e 10-12 anos. Esta estratégia pode minimizar dificuldades de engajamento, de compreensão e permite identificar opiniões e comportamentos pertinentes à cada faixa etária. O consentimento dos pais e o assentimento das crianças deve ser sempre solicitado antes do início da atividade. Local da coleta de dados: Deve-se preparar o ambiente para torná-lo confortável, acolhedor e confiável aos participantes. Pode-se forrar o chão com papel colorido ou utilizar almofadas, caso não seja prejudicial à criança. Ainda, se perceber que este formato contribui para a dispersão das crianças, um local com mesa e cadeiras pode ser planejado. Cabe ao moderador, apreender a dinâmica de funcionamento dos seus grupos. Ainda, deve ser informado à criança a possibilidade de deixar o grupo a qualquer momento se assim desejar, e garantir a proximidade da mãe/responsável, o que promove tranquilidade e colaboração da criança. Condução dos Grupos Focais: O moderador convidará as crianças para se sentarem em círculo e distribuirá adesivos para que elas se identifiquem e se apresentem aos colegas. O moderador pode chamá-los pelo nome durante a condução da atividade, o que promove maior aproximação com a criança, além de facilitar a futura transcrição dos dados. O moderador apresenta a si mesmo e o assistente de pesquisa (se houver), assim como explica a função do gravador digital a ser utilizado. É importante que as crianças conheçam todas as pessoas e materiais que estejam na sala, caso contrário, seus depoimentos podem ser inibidos por desconfiança ou vergonha. O papel do assistente de pesquisa é de realizar anotações verbais e não verbais das interações e diálogos, constituindo uma fonte importante de dados. Os objetivos da dinâmica, assim como o que se espera da criança para a realização do grupo deve ser explicado, utilizando uma linguagem adequada à faixa etária dos participantes. A interação do moderador com o grupo, conversando e compartilhando ideias sobre o assunto é essencial, assim como, atuar para que todas as crianças tenham voz para se expressar. Utilizar figuras, personagens de desenhos ou cartazes pode ser um recurso para disparar o assunto a ser abordado e que vai de encontro às preferências lúdicas dessa clientela. Além disso, o pesquisador pode promover atividades como desenhos, construção de um brinquedo ou apresentar um videoclipe para envolver as crianças e evocar seus depoimentos. A experiência da pesquisadora em grupos focais em que fantoches e desenhos foram criados pelos participantes proporcionou um ambiente enriquecedor para a condução e interação das crianças, além de valiosos depoimentos. Além disso, uma forma de recompensar e demonstrar o agradecimento pela participação da criança é a entrega do brinquedo ou desenho que ele mesmo construiu. Ao terminar a atividade, o moderador deve se certificar se todas as crianças contribuíram com a proposta e é desejável dar espaço para declarações finais.

Considerações Finais

Mais do que reconhecer o valor da voz das crianças no entendimento de questões pertinentes às suas vivências e condições, o pesquisador qualitativo deve atentar-se para as formas apropriadas de condução da coleta de dados em pediatria. Acreditamos que a exploração da técnica dos grupos focais e a troca de experiências entre pesquisadores podem contribuir para o primor metodológico da pesquisa qualitativa em pediatria, levando em consideração as particularidades da infância e da obtenção de dados que representem as crianças fidedignamente.

Palavras Chave

Criança; Pesquisa Qualitativa; Grupos Focais

Area

Saúde da Criança

Instituciones

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Valéria de Cássia Sparapani, Rebecca Ortiz La Banca, Patrícia Kuerten Rocha, Juliana Coelho Pina, Ana Izabel Jatobá de Souza, Jane Cristina Anders, Lucila Castanheira Nascimento