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Título

COMUNICABILIDADE NO CUIDADO AOS SUJEITOS ADOECIDOS POR TUBERCULOSE

Introdução

Existem questões pendentes na política de saúde em tuberculose (TB) no Brasil e as estruturas estão ajustadas para o controle da doença nas ações do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (Ministério da Saúde). Entre estas está o cuidado ao sujeito que adoece por TB e às pessoas que convivem, e revela o quão distante está o cuidado ao interagir com os sentidos trazidos pelos sujeitos quanto ao signo tuberculose. No cuidado diário ao sujeito/paciente em tratamento de tuberculose e seus contactantes (pessoas do convívio social e/ou familiares), emergem questões como isolamento do convívio social, transmissão da doença, preconceitos e a naturalização do signo pela presença da doença no cotidiano e na comunidade do sujeito, sendo mais uma situação a ser enfrentada diante dos direitos sociais cerceados e pela marca da pobreza vinculada à TB. A mídia e a circulação textual sobre a tuberculose pode transporta de um movimento mínimo para o macro todos os estereótipos sobre a doença e contribuir com pânico, medo, distanciamento social entre os sujeitos adoecidos e a sociedade, classificando-os como incapacitados de tomar decisões sobre sua vida e saúde. Este trouxe a análise da matéria de um jornal de grande circulação no Rio de Janeiro que abordou a tuberculose caracterizando um sujeito adoecido por TB como dependente dos profissionais de saúde, submetido, assujeitado à assistência e não como um sujeito que tem certa autonomia e resistência. O texto jornalístico entextualizou os discursos de especialistas, para sustentar as ideologias da mensagem sobre a doença, com escolha da linguagem negativa e a utilização de múltiplos elementos convocando a atenção dos receptores da mensagem produzirem sentidos que todo o sujeito com tuberculose vive num “casebre”, “numa maloca escura, com menos de um metro de altura, feita de restos de tudo”, o deprecia, marginaliza, distancia da sociedade como sendo um perigo uma vez que “tosse e expeli muco”, fazendo o leitor esquecer que ele está temporariamente adoecido por TB e promove à circulação do discurso aterrorizante já desde chamada da matéria “Tuberculose, o mal que avança”. Concomitante à matéria, têm-se o recorte de entrevistas realizadas com sujeitos que tiveram contato com a tuberculose: um corrobora com o discurso da mídia, trazendo projeções sociais demarcadas sobre sujeito adoecido e o outro traz a vida do sujeito para além da doença, sua vida com seus familiares e comunidade, suas escolhas e capacidade de tomada de decisões junto à equipe de saúde, com o planejamento do tratamento independente do instituído.

Objetivos

Analisar a matéria sobre Tuberculose do jornal O Globo, coluna Rio, página 12, no domingo dia 15/10/2017, quanto a transmissão e circulação da mensagem para o público;
Analisar os discursos dos sujeitos que vivenciaram a tuberculose no seu cotidiano, os sentidos produzidos a partir do seu próprio adoecimento ou pelo contato com familiar e/ou do convívio social.

Método

Análise textual do artigo do Jornal O Globo, e análise do discurso a partir das narrativas extraídas de duas entrevistadas, contactantes de pacientes com tuberculose pulmonar, acompanhadas no ambulatório de tisiologia de um Hospital Universitário Federal do Rio de Janeiro. No processo de análise identificou-se a rede de significantes sobre o signo tuberculose, as dimensões, direções e relações sócio-históricas, e o processo interacional do sujeito, signo e texto

Resultados

A matéria falha por não a falta de investimentos em saúde no país, apenas traça um panorama do problema da tuberculose no país, nas comunidades e descaracteriza a vida do sujeito. Aproximamos-nos do cotidiano das pessoas vivendo na Maré, uma das comunidades da cidade do Rio de Janeiro, e ao realizarmos uma das entrevistas nos revelou uma realidade diferente do sujeito destacado no início do texto jornalístico, são sujeitos com livre escolha para o seu cuidado, apesar da limitação do acesso aos direitos sociais, e com ação de ir-vir restrita às regras do seu território e subjugada à violência cotidiana. Convivem com conflitos constantes, pela guerra do tráfico entre facções rivais ou marcado pela violência destes grupos com o Estado ou a própria sua ausência. Além de perderem sua liberdade, não dispõe de oportunidades para garantir e expandir suas capacidades e potencialidades, pois têm a destruição das infraestruturas básicas - físico-sociais - como segurança, saúde e educação, isto deveria ter sido o ponto inicial de discussão da matéria. Outro aspecto, o relato dos sujeitos adoecidos por TB, no cuidado diário destacam múltiplos preconceitos em seus pares e nas comunidades, considerando-os fora daquele território, optam por não receberem visitas dos agentes de saúde devido aos comentários na comunidade e movimentos de segregação e temem por sua integridade física e emocional, assumindo como melhor forma de preservação a não realização do tratamento. Portanto, a ideologia da comunicação sobre a doença, apresentada no artigo do jornal, traz de maneira alarmante a doença, nega as vidas dos sujeitos e as responsabilidades do Estado, contribuindo para disseminar (assim como o bacilo da doença) e determinar o distanciamento entre os sujeitos adoecidos e a sociedade, instaurando o medo e sustenta a necessidade de controle, prisão e retirada o sujeito do convívio social.

Considerações Finais

A linguagem da biomedicina na tuberculose é marcada pela epidemiologia, existem outros sentidos que foram atribuídos ao signo. Nos três segmentos analisados, houve um ponto de convergência, entrelaçamento entre a comunicabilidade textual e as narrativas dos discursos, aponta para a falta de investimentos em políticas sociais e de saúde, transformando o sujeito invisível e incapacitado para tomada de decisões no seu processo de cuidado, e que a tuberculose é exclusiva nas comunidades do Rio de Janeiro, a sociedade estaria “blindada”. Estudo contribui para discussão sobre a tuberculose em outra área da produção do conhecimento, compartilhando as discursividades e os sentidos produzidos pelos sujeitos quanto a este signo. As mensagens aterrorizantes e discriminatórias sobre a doença, distribuídas por meios de comunicações, gera mais distanciamento entre sujeito e sociedade, reduzindo-os a um problema de saúde pública, apagando-os do processo de cuidado na sua vida, e que devam ser isolados, presos, controlados, vigiados do diagnóstico à cura, instaura o discurso de pânico, controle e apaga a vida.

Palavras Chave

Tuberculose Pulmonar; Tuberculose Latente; Linguagem; Comunicação; Produção de Saúde;Assistência Centrada no Paciente.

Area

Organização da Atenção em Saúde

Autores

JANAINA APARECIDA DE MEDEIROS LEUNG, FATIMA TERESINHA SCARPARO CUNHA, BRANCA FALABELLA FABRÍCIO, AFRANIO LINEU KRITSKI