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Título

A DANÇA CIRCULAR COMO UMA PRATICA INTEGRATIVA E COMPLEMENTAR NO QUOTIDIANO DA PROMOÇAO DA SAUDE DA PESSOA IDOSA

Introdução

As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) em saúde são fundamentadas em uma abordagem integral e dinâmica do processo saúde/doença e buscam estimular mecanismos naturais para promover, recuperar, manter a saúde e prevenir agravos, utilizando-se de terapêuticas seguras, eficazes e de baixo custo, podendo ser utilizadas em nível individual e coletivo. Foram inseridas no Sistema Único de Saúde (SUS) principalmente a partir da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPICs), instituída em 2006, através da Portaria n. 971, contemplando as seguintes práticas: medicina tradicional chinesa/ acupuntura, plantas medicinais, fitoterapia, homeopatia e termalismo (BRASIL, 2006). Recentemente, no ano de 2017, o Ministério da Saúde incluiu 14 novos procedimentos à PNPICs no SUS, através da Portaria n. 849, com caráter complementar à portaria anterior. Com estas inclusões, as informações acerca destas práticas passaram a ser mais qualificadas a partir da criação de códigos próprios para registros. Cabe destacar, entretanto, que muitos destes procedimentos já eram realizados em vários municípios brasileiros (BRASIL, 2017). Entre os procedimentos incluídos à PNPICs no SUS encontra-se a Dança Circular, atividade de dança feita em círculo com o propósito de dançar junto, originária da tradição folclórica de diferentes países e culturas. A Dança Circular favorece a aprendizagem e interconexão harmoniosa entre os participantes que começam a internalizar os movimentos, liberar a mente, o coração, o corpo e o espírito. Por meio do ritmo, da melodia e dos movimentos delicados e profundos, os integrantes da roda são estimulados a respeitar, aceitar e honrar as diversidades (COSTA, 2012; BRASIL, 2017).
Na área da saúde, percebe-se ainda um desconhecimento entre os profissionais quanto às PICs, ou mesmo um não reconhecimento de suas contribuições no processo saúde/doença. Mais especificamente, pouco se sabe sobre as contribuições da prática da Dança Circular, como PIC, para a Promoção da Saúde das pessoas idosas.
Diante disso, faz-se necessária a ampliação da produção do conhecimento nessa área com estudos que contemplem diferentes abordagens, indo além do que pode ser mensurado.

Objetivos

Compreender o quotidiano da Dança Circular como uma Prática Integrativa e Complementar de Promoção da Saúde da pessoa idosa.

Método

Estudo interpretativo, de natureza qualitativa, fundamentado na Sociologia Compreensiva e do Quotidiano de Michel Maffesoli. Os dados foram coletados entre setembro de 2016 e março de 2017 por meio de entrevista e observação. Os participantes que integraram esta pesquisa foram 20 pessoas, sendo 17 pessoas idosas praticantes de Dança Circular e três focalizadoras em Rodas realizadas em Unidades Básicas de Saúde de um município do Sul do Brasil. A análise dos dados envolveu processos de análise preliminar, ordenação, ligações-chave, codificação e categorização, fazendo emergir as seguintes categorias temáticas: As rodas que giram; Desafios para novas Rodas girarem; Entrar, estar e permanecer na Roda.

Resultados

Os resultados desta pesquisa apontam a necessidade de oferta de cursos de formação em Dança Circular para profissionais do SUS, em especial da Atenção Primária à Saúde, para que esta prática esteja mais presente no quotidiano do trabalho na área da saúde, bem como trabalho interdisciplinar e conjunto entre profissionais envolvidos na assistência, tornando o cuidado mais sensível, mais afetivo e, portanto, mais efetivo!
O desvelar dos dados mostra que o envolvimento dos profissionais de saúde na divulgação, planejamento e execução da Roda de Dança proporciona maior adesão dos usuários, provavelmente devido ao vínculo que esses profissionais desenvolvem junto à população assistida na Atenção Primária.
Diante disso, a Enfermagem precisa se apropriar de estratégias de cuidado com vistas à Promoção de Saúde, para que possa contribuir de maneira mais efetiva com a melhoria da assistência prestada à população, bem como com a consolidação das PICs no SUS.
O presente estudo mostrou que as pessoas idosas que vivenciaram a prática da Dança Circular manifestaram sua percepção de melhora de sua saúde em aspectos muito além do físico. Experienciaram a solidariedade orgânica a partir dos laços afetivos, da partilha de sentimentos e sensação de pertença.
A Dança Circular no quotidiano das Unidades Básicas de Saúde proporcionou a sensação de pertencimento a um grupo entre as pessoas idosas, aliada a sensações de prazer e bem-estar. De modo que vivenciar o quotidiano da Dança Circular como uma experiência positiva contribuiu com a Promoção da Saúde deste grupo populacional.

Considerações Finais

A inclusão da Dança Circular às Práticas Integrativas e Complementares disponíveis à população no SUS amplia as ações de cuidado, para além da biomedicina e racionalidade médica, favorecendo a manutenção da vida num quotidiano mais integral, amoroso e solidário.
Foi possível compreender que para a Dança Circular ser efetivamente ofertada à população como uma PIC no SUS muitos desafios precisam ser superados.
a Dança Circular é realizada de acordo com uma razão sensível, que possibilita a construção da socialidade entre os participantes marcada por empatia e sensibilidade. Configurando-se em um fenômeno contemporâneo de retorno das tradições e ancestralidades, através da dança, música, gestos e símbolos, atualizadas no momento presente vivido e no prazer de estar aqui e agora, dançando e sentindo juntos.

Palavras Chave

Dança Circular; Práticas Integrativas e Complementares; Promoção de Saúde; Enfermagem; Saúde do Idoso; Atividades Cotidianas.

Area

Promoção da saúde

Instituciones

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - Santa Catarina - Brasil

Autores

KELLY MACIEL KELLY MACIEL, ROSANE GONÇALVES NITSCHKE, ADRIANA DUTRA THOLL, ANGELA MARIA ALVAREZ