Datos del trabajo

Título

Da idealização à prática: a promoção da saúde do idoso no contexto da institucionalização

Introdução

O envelhecimento populacional é uma realidade no Brasil e no mundo, consequência do aumento da expectativa de vida pelos avanços nas medidas médico-sanitárias. Somado às mudanças culturais e sociais, no que diz respeito aos arranjos familiares, principal provedor de cuidados, faz-se necessário desenvolver estratégias cuidadoras para além do ambiente familiar. Como consequência disso, as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), expandiram-se consideravelmente trazendo novos desafios intersetoriais. Destaca-se, a promoção da saúde dos idosos institucionalizados, uma vez que a institucionalização repercute na qualidade de vida destes residentes. Nesse sentido, é fundamental que as instituições ofereçam ações promotoras com foco na diminuição dos efeitos negativos da institucionalização e potencializem autonomia, integração e prazer em viver desses idosos.

Objetivos

discutir os significados e práticas de promoção da saúde do idoso institucionalizado em Belo Horizonte e região metropolitana.

Método

Pesquisa qualitativa, descritiva-exploratória, de caráter participativo, realizada por meio de sete oficinas com 60 gestores e profissionais de 12 instituições e 13 gestores municipais da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Contaram com média de 9 participantes por sala e foram norteadas a partir do referencial descrito por Spink, Menegon e Madrado (2014, p. 34): “Estratégia facilitadora de troca dialógica e da coconstrução de sentidos, cujos procedimentos metodológicos articulam grupos focais, estratégias de dinâmica de grupo e rodas de conversa”. A análise foi feita a partir do conteúdo manifesto, considerando a atuação dos participantes no cuidado ao idoso, por meio da construção de categorias temáticas.

Resultados

Em um primeiro momento os participantes responderam a seguinte questão: “O que significa a promoção da saúde do idoso institucionalizado?” Para os participantes a promoção da saúde ao idoso institucionalizado relaciona-se com sentimentos como: amor, carinho, respeito, atenção e afeto. É proporcionar autonomia, conforto, bem-estar biopsicossocial e espiritual, qualidade de vida, segurança, dignidade e liberdade, garantir a participação do idoso nas decisões da instituição, promover o convívio familiar, lazer e atividade física. A garantia dos direitos dos idosos, o respeito à historia de vida construída e às diversidades, a valorização do ser humano e o cuidado também foram colocados como significados para a promoção da saúde. Proporcionar um ambiente seguro e diversificado fazendo com que o idoso sinta-se em casa, considerar a singularidade de cada idoso, levando em conta sua cultura e hábitos. Em um segundo momento, os participantes elegeram atividades que acontecem em sua prática diária e que promovem saúde do idoso e aquelas que não acontecem, ou seja, são idealizadas por eles, mas que também são promotoras da saúde. As categorias que emergiram da análise das práticas realizadas foram: atividades diversas, atendimento multiprofissional, vínculo sociofamiliar, educação continuada, segurança e organização de prontuários e do espaço institucional. Os participantes das oficinas foram unânimes em pontuar a importância de uma equipe multiprofissional capacitada continuamente para atender aos idosos institucionalizados em suas múltiplas necessidades. As atividades com músicas apareceram em diversas oficinas, tanto como atividades realizadas como atividades idealizadas. Oficinas de leitura, artesanato, culinária, grupos de convivência, festas comemorativas, visitas a grupos na comunidade, assistência religiosa e passeios também foram pontuados como atividades realizadas nas instituições que promovem saúde ao residente. Os atendimentos médicos e fisioterápicos foram citados como atividades que ocorrem na instituição e promovem saúde ao idoso. Quanto às atividades idealizadas foram levantadas 190 práticas. A partir da análise surgiram sete categorias: atendimento multiprofissional, vínculo sociofamiliar, atividades com a comunidade, autonomia e desempenho das funções, cultura e lazer, ambiente e segurança, educação continuada. As ações mais comumente mencionadas estão ligadas às necessidades de assistência multiprofissional capacitada, necessidade do olhar integral e humanizado, maior investimento financeiro, comprometimento das diretorias, seguido da participação ativa da família, atividades de lazer, autonomia, políticas públicas eficientes, maior acessibilidade nos espaços públicos, estímulo e desenvolvimento das habilidades e potencialidades do idoso. Rodas de conversas e interação social entre os idosos da mesma instituição e entre outras instituições apareceram como atividade idealizada nas oficinas. No grupo de gestores municipais apareceu como ação idealizada a capacitação dos conselheiros municipais para que possam atuar de forma mais eficaz na garantia dos direitos aos idosos, além da necessidade das leis serem efetivadas na prática, para uma melhor atenção e cuidado; melhorias no processo de organização do trabalho nas ILPI, o trabalho em equipe e a intersetorialidade. Não houve nas oficinas a participação de idosos nem de cuidadores, no entanto, maior capacitação dos cuidadores e relações afetivas com os idosos emergiram como uma atividade promotora da saúde, idealizada neste contexto. Todas essas práticas perpassam pela idealização de moradia especializada da qual se espera uma assistência integral com vistas à satisfação das múltiplas necessidades, para o qual a equipe devidamente habilitada é fundamental, bem como o papel da família como estratégia de cuidado e promoção da saúde.

Considerações Finais

Diante da análise das oficinas, percebe-se que os profissionais e gestores buscam ir além do atendimento às necessidades básicas dos residentes. Ações promotoras da saúde já são desenvolvidas em várias instituições que reconhecem a necessidade de implementar algumas outras práticas sinalizadas nas oficinas. No entanto, muito foi debatido quanto à necessidade permanente das instituições em promover autonomia ao idoso para decidir e escolher o que e quando fazer, além de flexibilizar rotinas institucionais. Toda e qualquer oferta de atividade promotora de saúde deve passar pelo desejo do idoso, deve fazer significado para ele, para que ele possa ser o protagonista de sua vida, de sua história. Constatou-se a necessidade do movimento reflexivo de " olhar para dentro" seja a gestão municipal ou das instituições para melhoria nos processos internos, na capacitação da equipe e de "olhar para fora" na formação de redes e ações intersetoriais. Cada instituição deve representar o residente em seu modo de ser e viver!

Palavras Chave

Instituição de longa permanência para idosos; promoção da saúde; pesquisa participativa.

Area

Promoção da saúde