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Título

CONSUMO DE ALIMENTAÇAO SAUDAVEL TRANSMIDIALIZADO: NOVAS SUBJETIVIDADES E SENSIBILIDADES

Introdução

O entrelaçamento entre a Comunicação, a Nutrição e as práticas de consumo realça a presença transversal da subjetividade nas questões sobre alimentação saudável. Segundo Maria Cláudia Carvalho, Madel Therezinha Luz e Shirley (1) nutrientes e confere “às experiências vividas menos ‘objetividade’ do que se espera na tradição dos inquéritos nutricionais, levando a questão para a dimensão da subjetividade”. Alimentação saudável é, portanto, um objeto polissêmico e denso. Neste contexto, consideramos essencial deslocar o olhar do racionalismo para a exploração de sentidos e significados na prática alimentar, a partir da discussão de subjetividades e sensibilidades. Afinal, o consumo de alimentação saudável, em uma relação quase de sinonímia com “qualidade de vida”, espelha um fenômeno social que hoje está presente de modo intenso nas pautas midiáticas e toma o espaço urbano. As narrativas sobre estas temáticas constroem-se com base no olhar da cultura, do simbólico, dos contextos sociais, dos afetos, das emoções e dos sentimentos. Para Jesús Contreras e Mabel Gracia (2), “os comportamentos alimentares marcam tanto as semelhanças como as diferenças étnicas e sociais, classificam e hierarquizam as pessoas e os grupos, expressam formas de conceber o mundo e incorporam um grande poder de evocação simbólica”. Ao pensar as razões de consumos tão diversos, Mary Douglas e Baron Isherwood (3) relatam que “é extraordinário descobrir que ninguém sabe por que as pessoas querem bens. A teoria da demanda está no centro exato, na própria origem da economia como disciplina. E no entanto, duzentos anos de pensamento sobre o tema esclarecem pouco a questão”. Face a todo complexo entrecruzar de elementos simbólicos que envolvem a alimentação saudável, consideramos que sua conceituação pode ser operatória e constituir uma ferramenta útil em análises nos campos da Alimentação e Nutrição e da Comunicação e do consumo. Com efeito, a compreensão das práticas do comer dos indivíduos, dos saberes e tendências circulantes em torno dos alimentos na cidade possibilita novas alternativas de intervenção e, sobretudo, a construção de novos olhares que permitam a reflexão sobre recomendações nutricionais, sem desconsiderar os aspectos sociais e culturais dos indivíduos e os múltiplos sentidos e significados presentes na prática cotidiana.

Objetivos

A partir de um panorama midiático de revista, programas de rádio e TV, e seus ambientes virtuais, analisaremos criticamente a concepção de consumo de alimentação saudável na cultura contemporânea, dentro de mentalidades que engendram afetos e emoções nas relações sociais e nos sentimentos dos indivíduos, para torná-la operatória na compreensão da relação entre práticas alimentares, nutrição e subjetividades. Para tanto, com as verdades e os sentidos manifestos acerca do comer saudável, sistematizaremos a construção de sua legitimidade observada nesse contexto midiático que lhe atribui muita visibilidade.

Desenvolvimento

Devido à importância da subjetividade nas questões referentes à alimentação saudável, é particularmente importante a reflexão sobre práticas de consumo nos campos da Alimentação e Nutrição e da Comunicação na cidade. Contreras e Gracia (2) nos motivam a ultrapassar as fronteiras do biológico para compreender sentidos e significados da alimentação, especialmente no ambiente midiático. “A comida é algo mais que uma coleção de nutrientes eleitos de acordo com uma racionalidade unicamente dietética ou biológica [...] ‘Comer” é um fenômeno social e cultural”. Donde estabelecemos uma relação com o consumo da alimentação saudável por meio de recortes da alimentação, nutrição, saúde, consumo e comunicação em espaços midiáticos representativos das urbes. Envolvemo-nos assim com o fenômeno da transmidialidade, no qual um mesmo conteúdo flui em distintas plataformas de mídia. As narrativas transmídia referem-se a uma nova estética a partir de diversas mídias e constituem-se como o eixo estruturado e estruturante da "cultura da convergência"(4). Apoiados na análise de conteúdo de Laurence Bardin(5), elencamos a revista Vida Simples (Ed. Abril) e os programas Bem-estar & Movimento (rádio CBN) e Mais Você (TV Globo), ampliando para seus ambientes virtuais. Este panorama nos aponta a construção da alimentação saudável a partir de mídias que lançam e ressignificam saberes e tendências que se retroalimentam nas interconexões entre os agentes sociais. Como considerar o conceito de saudável na cidade com os mais díspares interesses de consumo e distinções? As escolhas que fazemos cotidianamente compreendem Bricolagem Alimentar (6) e trocas simbólicas nas fluidas mudanças de comensalidade. Nessa abordagem, os conceitos de distinção social e poder simbólico de Pierre Bourdieu serão referências teóricas.

Considerações Finais

Aspectos simbólicos acerca do alimento circulam em cenários midiáticos distintos e fomentam reflexões que nos permitem pensar a importância da construção de uma noção operatória de consumo de alimentação saudável. Para além dos nutrientes e aspectos funcionais no corpo, e as controvérsias em torno desta temática no espaço urbano, podemos compreender como o alimento incorpora sentidos e significados construídos em contextos plurais - com base no olhar da cultura e das mídias, que se empoderam do capital simbólico conferido pelo alimento e criam pautas sobre ele que se multiplicam entre publicações e emissoras de comunicação, constituindo-se como fonte de motivação para a demanda da moda sob a tríade saúde-juventude-beleza. Assim, finalmente, enxergamos a alimentação saudável não como solução pronta, mas como um modo de se pensar e refletir a partir dela.

Palavras Chave

Consumo; Alimentação Saudável; Nutrição; Transmidia; Subjetividades

Area

Alimentação e Nutrição

Instituciones

UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Rafael de Oliveira Barbosa, Daniela Menezes Neiva Barcellos, Manuela de Sá Pereira Colaço Dias, Maria Cláudia da Veiga Soares Carvalho