Datos del trabajo


Título

DESRESPEITO NA ASSISTENCIA A MULHER PARTURIENTE: DESVELANDO A VIOLENCIA INSTITUCIONAL OBSTETRICA EM UMA MATERNIDADE PUBLICA.

Introdução

Introdução: A violência institucional se apresenta em estabelecimentos prestadores de serviços públicos, como maternidades, de diversas formas como maus tratos sofridos pelas usuárias, discriminação de ordem de gênero, raça e questão social. Durante a atenção ao trabalho de parto e parto, a violência institucional pode se apresentar quando há violação dos direitos das mulheres. A violência institucional obstétrica é uma designação usada para caracterizar a violência sofrida por mulheres no trabalho de parto, parto e pós-parto dentro de instituições públicas de saúde, no caso, os hospitais. De acordo com a Fundação Perceu Abramo em pesquisa intitulado “Mulheres brasileiras e Gênero nos espaços públicos e privados” um quarto das mulheres sofre violência no parto. Considerando estas questões definiu-se como objeto deste estudo: a vivência da violência institucional obstétrica na perspectiva das usuárias.

Objetivos

Objetivo: Descrever a violência institucional obstétrica na perspectiva das usuárias.

Método

Método: pesquisa de natureza qualitativa, descritiva e exploratória. As participantes do estudo foram mulheres que pariram em uma maternidade pública do município de Rio das Ostras, baixada litorânea do estado do Rio de Janeiro, maiores de 18 anos, que desejassem participar do estudo, ter tido pelo menos um parto na maternidade pública do município citado e frequentar ou ter frequentado grupo de mulheres denominado Troca-troca. Foram excluídas desta pesquisa as participantes que apresentaram complicações obstétricas durante a gestação, trabalho de parto e/ou o parto, bem como as mulheres que tiveram filho prematuro, natimorto e/ou neomorto. A coleta de dados ocorreu entre agosto e outubro de 2015, após apreciação e aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário Antônio Pedro, com parecer consubstanciado nº 1.109.636. A técnica de coleta foi a entrevista semiestruturada gravada e filmada, com a pergunta norteadora: “Fale-me como foi seu trabalho de parto e o seu parto?”. A coleta de dados foi encerrada a partir do momento em que a amostra saturou, ou seja, o número de participantes foi definido quando os dados coletados respondiam ao objetivo e se repetiam, figurando uma exaustão dos resultados. Os dados obtidos foram auscultados com acurácia, repetidas vezes, transcritos pela própria pesquisadora, e, ao final, organizados com base no referencial metodológico da análise de conteúdo. Com o intuito de aplicar a proposta metodológica, foram realizadas sucessivas leituras dos textos resultantes das entrevistas promovendo uma profundidade no entendimento dos significados das experiências apresentadas pelas participantes. Os dados então foram selecionados a partir do texto base dos relatos, comparados entre si, chegando-se a agrupamentos temáticos e unidades de significação que se seguiria em categorias e subcategorias. A participação das depoentes foi voluntária. Esta pesquisa considerou riscos emocionais, que poderiam trazer algum tipo de incômodo as participantes entrevistadas, ao serem abordados assuntos que rememoram situações desagradáveis e/ou traumáticas vividas durante o trabalho de parto e parto. Sendo que, caso fosse necessário, as depoentes seriam encaminhadas para o Serviço de Atendimento Psicológico/SPA da Universidade Federal Fluminense/Campus Rio das Ostras. Fato que não foi necessário para nenhuma participante desta pesquisa.

Resultados

Resultados: A maioria das participantes deste estudo apresentavam 30 anos de idade e haviam parido pelo menos um filho de parto vaginal. Apenas uma depoente teve parto cirúrgico. Quatro participantes se declararam casadas, tendo apenas uma depoente solteira. Quanto ao nível de escolaridade, quatro participantes possuíam ensino médio completo, e apenas uma participante possuía ensino fundamental completo. A análise dos dados permitiu compreender que as mulheres passaram por diversas situações de violência institucional obstétrica durante a parturição. A apreciação dos dados revelou 01 (uma) categoria temática, a saber: Categoria 01: Desrespeito na assistência à mulher parturiente. O desrespeito na assistência à mulher parturiente é determinado por múltiplos fatores que acarretaram repercussões na vida dessas mulheres, para um entendimento destes fatores, esta categoria vem expor a experiência destas mulheres sob uma análise aprofundada da má assistência durante a parturição. Descrevendo as situações que viveram, a partir da união de agrupamentos temáticos que apresentavam entre si uma similaridade conceitual e aproximação causal entre eles, além de uma maior relevância para o estudo. A Categoria 01 é composta por três (03) subcategorias: negação do direito a informação, anulação da autonomia e cuidado deficiente. A negação do direito a informação a mulher parturiente se apresenta nas falas das entrevistadas, quando o profissional de saúde não informa e/ou não orienta claramente as mulheres sobre os procedimentos que serão realizados. Neste estudo consideramos: episiotomias realizadas sem informar e/ou consentimento a parturiente, assinatura de documentos sem a devida orientação do que se trata, omissão de informações sobre o estado clínico (dilatação, estágio do trabalho de parto, sinais vitais, dentre outras), bem como administração de medicações sem informar o porquê da indicação das mesmas. Durante as entrevistas a anulação da autonomia da mulher em trabalho de parto foi relatada por todas as participantes, e pode ser percebida na imposição, por parte do profissional de saúde, de rotinas e atitudes sobre a vontade da mulher. Do total de mulheres que buscam as instituições hospitalares para o parto apenas 5% vivenciaram um parto sem intervenções, as demais sofreram procedimentos excessivos e sem evidencias científicas favoráveis como: restrição ao leito, ausência de estímulo para caminhar, falta de alimentação durante o parto, parir em posição litotômica e em alguns casos, ser submetida a manobra de kristeller. O cuidado deficiente é identificado nos depoimentos, uma vez que as mesmas são abandonadas durante o trabalho de parto deixando de serem acompanhadas e atendidas em suas necessidades.

Considerações Finais

Considerações finais: Este estudo revela que, as mulheres são desrespeitadas durante o trabalho de parto e parto e vivenciam sofrimento físico e emocional devido a desumanização da assistência a saúde, consequência da sujeição das mulheres a rotinas estipuladas, hierarquizadas, ausência de direitos ou recusa de atos, caracterizando violência institucional obstétrica.

Palavras Chave

Enfermagem Obstétrica, Saúde da Mulher, Violência Contra a Mulher, Parto

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Yamê Regina Alves, Jane Baptista Quitete, Daniela Matos Oliveira, Marilanda Lopes Lima, Roberta Matos Souza