Datos del trabajo


Título

DOENÇAS PREVALENTES E MEDICAMENTOS POTENCIALMENTE INAPROPRIADOS EM IDOSOS QUE REALIZARAM CIRURGIA PARA CORREÇAO DE FRATURA DE FEMUR PROXIMAL POR QUEDA

Introdução

As quedas consistem em uma mudança de posição inesperada, não intencional, em direção ao chão ou em outro nível mais baixo. São frequentes na população idosa, em especial nas mulheres e, quanto mais idoso for o indivíduo, maior a prevalência de quedas1. As quedas em pessoas idosas são um problema de saúde pública2 e, podem ter causas internas ou externas1. As causas internas ou intrínsecas são secundárias às alterações próprias do processo de envelhecimento e de doenças que podem estar presentes, além de efeitos adversos de medicações. As externas ou extrínsecas se relacionam aos riscos presentes no ambiente em que o idoso interage, desde sua residência até locais públicos. Medicamentos cujos riscos de utilização superam os seus benefícios, se classificam como de uso inapropriado para idosos. Atualmente utilizam-se os critérios de Beers para a classificação dos medicamentos inapropriados, divididos em três categorias: potencialmente inapropriados em idosos - MINPI, potencialmente inapropriados de acordo com as doenças e síndromes dos idosos e a serem usados com cautela em idosos. A classificação de Beers 2012 foi elaborada pela American Geriatrics Society, considerando os medicamentos disponíveis nos Estados Unidos3.

Objetivos

Caracterizar as doenças prevalentes e classificar os medicamentos potencialmente inapropriados para idosos utilizados anteriores à hospitalização de idosos para correção cirúrgica de fratura de fêmur proximal por queda.

Método

O local do estudo foi a Clínica Cirúrgica (CC) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Essa unidade atende pacientes no pré e pós-operatório de cirurgias de várias clínicas, sendo que 15 a 20 leitos estão constantemente ocupados por pacientes da traumatologia. Para a coleta de dados foram consultados os prontuários dos pacientes a fim de identificar a idade dos participantes, as doenças mais prevalentes, os medicamentos utilizados anteriores à internação e, os idosos que realizaram cirurgia de quadril devido à queda. Participaram da pesquisa 102 idosos no período de janeiro a dezembro de 2016. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Santa Maria com parecer de número 1.374.779.

Resultados

Acerca das doenças mais prevalentes nos idosos que realizaram a cirurgia para correção de fratura de fêmur proximal por queda, foram constatados nove idosos com Hipertensão Arterial Sistêmica (67,65%), 23 com Diabetes Mellitus (22,55%), 19 tabagistas (18,63%), 16 tiveram Acidente Vascular Encefálico - AVC (15,69%), 13 com Osteoporose (12,74%), nove portadores de demência (8,82%) e nove com dislipidemia (8,82%). A chance do paciente que usa alguma medicação apresentar fratura por queda é de 57,46%, representando um fator de risco para quedas e que, os fármacos alteram o grau de atenção, respostas motoras e pressão arterial, deixando o idoso propenso à queda4. Sobre as classes de medicamentos mais utilizados pelos participantes da pesquisa, destacam-se: 53 faziam uso de anti-hipertensivos (51,96%), 29 utilizam diuréticos (28,43%), 25 antiagregantes plaquetários (24,5%), 23 antidiabéticos (22,55%), 22 antilipemiantes (21,57%), 17 antidepressivos e vitaminas e sais minerais (16,67%), respectivamente; 16 antiepiléticos e anticonvulsivantes, antiulcerosos (15,69%), respectivamente; e 13, antipsicóticos (12,74%). Pelos critérios de Beers3 são considerados potencialmente inapropriados em idosos, os antiagregantes plaquetários dipiridamole e ticolopidina, o primeiro por causar hipotensão ortostática e, o segundo, por ter alternativas mais seguras e eficazes disponíveis; a clonidina como anti-hipertensivo apresenta alto risco de efeitos adversos no Sistema Nervoso Central (SNC) e, pode causar bradicardia e hipotensão ortostática. Insulina em larga escala ocasiona maior risco de hipoglicemia, sem melhora na gestão de hiperglicemia, independentemente da configuração de cuidados. São considerados potencialmente inapropriados de acordo com as doenças e síndromes dos idosos: em relação ao delirium, anticolinérgicos, benzodiazepínicos, clorpromazina (antipsicótico), corticosteroides, meperidine (analgésico depressor do SNC), hipnóticos sedativos e tioridazina (antipsicótico sedativo) devem ser evitados, por induzir ou piorar o delirium em idosos. Na demência, anticolinérgicos, benzodiazepínicos, fármacos hipnóticos e antipsicóticos, causam efeitos adversos no SNC. Deve-se evitar antipsicóticos para problemas comportamentais de demência, a menos que meios não farmacológicos falharem e o paciente representar uma ameaça para si ou aos outros. Antipsicóticos são associados a um aumento do risco de AVC e mortalidade em pessoas com demência. Em histórico de quedas ou fraturas, são inapropriados anticonvulsivantes, antipsicóticos, benzodiazepínicos, pois refletem em ataxia, função psicomotora prejudicada, síncope e quedas. Medicamentos a serem usados com cautela em idosos elencam o plagrel (antiagregante plaquetário), devido ao maior risco de agregação plaquetária; e vasodilatadores, que podem exacerbar episódios de síncope em indivíduos com história de síncope3.

Considerações Finais

Considerações finais: São recorrentes as quedas em idosos consequentes do uso de alguma medicação, o que constitui um problema de saúde pública, em razão do elevado índice de ocorrência das quedas entre idosos, bem como os custos inerentes ao tratamento. A utilização da classificação de Beers para medicamentos inapropriados em idosos é indicada para levar a reflexão acerca dos riscos da utilização de determinados medicamentos em idosos, relacionados à maior sensibilidade e aos efeitos adversos, como as quedas, além da iatrogenia medicamentosa, referente à prescrição e utilização de variados medicamentos. Referências: 1. Moraes EM, Azevedo RS, Barroso ABP et al. Problemas da Marcha e Quedas: Instabilidade Postural. In: Moraes EM, Azevedo RS. Fundamentos do Cuidado ao Idoso Frágil. Belo Horizonte: Folium, 2016. cap. 6, p. 109-124. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Série Pactos pela Saúde de 2006, volume 12. Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento. Brasília, DF, 2010. 3. The American Geriatrics Society 2012 Beers Criteria Update Expert Panel. AGS updated Beers Criteria for potentially inappropriate medication use in older adults. J Am Geriatr Soc 2012; 60(4):616-631. 4. Hamra A, Ribeiro MB, Miguel OF. Correlação entre fratura por queda em idosos e uso prévio de medicamentos. Acta ortop. bras. 2007; 15(3):143-45.

Palavras Chave

Idoso. Acidentes por Quedas. Fraturas do quadril. Enfermagem Geriátrica.

Area

Saúde do Idoso

Autores

Carolina Backes, Caren da Silva Jacobi, Margrid Beuter, Eliane Raquel Rieth Benetti, Larissa Venturini, Jamile Lais Bruinsma, Francine Feltrin de Oliveira