Datos del trabajo


Título

A EXPERIENCIA DE INTERAÇAO DO HOMEM ATENDIDO NO SERVIÇO DE URGENCIA E EMERGENCIA COM SEU PROCESSO SAUDE-DOENÇA

Introdução

Durante muitos anos, as diferenças entre sexos, no que diz respeito ao adoecimento e à morte, foram consideradas naturais, tendo sua explicação alicerçada na biologia, ciência neutra e objetiva. As diferenças mais evidentes eram relacionadas ao aparelho reprodutor, como por exemplo, as mulheres podem ser agredidas por neoplasias de colo de útero, enquanto os homens podem ser acometidos pelo câncer de próstata. Outra questão muito importante no que tange ao tema é como a sociedade educa e lida com as questões de gênero, apesar das mulheres terem conquistado grande espaço no mundo do trabalho, convivemos com gerações de mulheres que foram educadas como sendo frágeis, sendo o homem o oposto, ou seja, forte e provedor da família. As questões que envolvem gênero em saúde, revelam que a forma como a sociedade conduziu tais diferenças contribuíram para o a invisibilidade do homem na atenção primária e como consequência seu adoecimento, fazendo com que busque os serviços de saúde quando a doença já encontra-se instalada, as vezes em situação de urgência e emergência.

Objetivos

compreender a experiência interacional homem-processo saúde-doença de usuários de serviços de urgência e emergência atendidos com crise hipertensiva e propor um modelo teórico representativo dessa experiência.

Método

Tratou-se de pesquisa na abordagem qualitativa realizada na cidade de Londrina, Paraná, Brasil. Tendo como questão norteadora: “Conte-me sobre a sua experiência em relação aos cuidados com a sua saúde. A saturação teórica se configurou mediante a apreciação da vigésima primeira entrevista do tipo não diretiva. As entrevistas foram audiogravadas, e após transcritas na íntegra e avaliadas, pautada nos passos da Teoria Fundamentada nos Dados, no período de junho de 2011 a junho de 2012.

Resultados

Da análise das experiências emergiram três subprocessos: I) Concebendo o cuidado à saúde inerente ao feminino: uma fantasia do masculino. Nesta categoria trata-se da concepção masculina de que o cuidado com a saúde é próprio do feminino e, logo, não se cuidar da saúde é uma conduta característica ao homem, especialmente aos pertencentes às gerações mais antigas. A atitude de não buscarem serviços de saúde em caráter preventivo está relacionada ao excessivo senso de orgulho masculino, adotando um papel de herói e protagonista de possuir uma saúde inabalável, ou seja, que nada de ruim irá lhe acontecer no decorrer dos tempos; II) Aprisionando-se ao papel de homem com superpoderes sobre sua saúde. O fato de o homem se julgar indisciplinado ao adotar comportamentos de riscos à sua saúde, por não conceber o cuidado à saúde como um comportamento inerente ao gênero, torna-o vulnerável ao adoecimento. A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens buscam menos do que as mulheres os serviços de atenção primária. Adentram aos serviços de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade. Outra questão é que, o homem, pelas suas particularidades próprias ao gênero, apresenta dificuldade em aceitar suas necessidades, quem sabe conservando um pensamento mágico que repeli a possibilidade de adoecer. A relutância de homens em suportarem sintomas, ao invés de buscarem auxílio à saúde, preferem manejar os sinais e sintomas, como também não gostam de discutir questões relacionadas à doença, mesmo sob suspeita de lesão ou doença, tais comportamentos colaboram para o surgimento da próxima categoria; III) vivenciando a materialidade da doença nas comorbidades. Nesta categoria o homem já perdeu o autocontrole, ele passa até a relativizar sinais e sintomas associados aos fatores de riscos, principalmente ao cardiocirculatórios como Acidente Vascular encefálico (AVE) e o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), como os mais lembrados. É a fase em que a doença ultrapassou a capacidade de controle, evoluindo para comorbidades mais graves, como: insuficiência renal crônica e obstruções arteriais, culminando em situações extremas de múltiplas amputações e de tornar-se dependente de tratamento dialítico. Para algum deles, uma preocupação mais constante com sua saúde só ocorrerá nesse momento, quando a doença sai definitivamente do plano da invisibilidade para a materialidade. Com a doença já materializada significa que o homem adoeceu que ele também e frágil que também precisa de cuidados ele já não simboliza para sociedade um homem com superpoderes sobre sua saúde. Do realinhamento dos componentes desses subprocessos originou a categoria central e modelo teórico, intitulado “movendo-se entre o fortalecimento e a fragilização do poder como homem de saúde inabalável: o medo do diagnóstico médico imaginado como componente interveniente para a materialidade da doença.”

Considerações Finais

Nesta pesquisa foi possível verificar que o homem apresenta dificuldades nos cuidados com sua saúde, por imaginar que cuidados coma saúde tem a ver com questões de gênero, pensando ser forte provedor acaba ignorando a atenção primária, outra questão e que mesmo sentindo alguns desconfortos vai fazendo autocontrole sem buscar ajuda, o homem persistindo neste comportamento adoece, adentrando os serviços de saúde em sua maioria na urgência e emergência. Diante deste contexto, é imperativo ao indivíduo mude sua forma de pensar e se conscientize da importância dos cuidados com sua saúde dando a si mesmo a oportunidade de romper com a concepção de homem com superpoderes sobre a sua saúde, para assim, buscar inserir no seu cotidiano comportamentos mais saudáveis, abandonar o autocontrole de sua saúde sem auxílio de serviços de saúde. O modelo teórico descoberto, movendo-se entre o fortalecimento e a fragilização do poder como homem de saúde inabalável: o medo do diagnóstico médico imaginado como componente interveniente para a materialidade da doença, poderá ser utilizado como um protótipo tecnológico para profissionais da saúde auxiliarem homens a refletirem e se auto avaliarem, ao interagirem com o modelo teórico em ações educativas. Ademais, a realização deste trabalho reforçou a necessidade da adequação dos serviços de saúde, principalmente na atenção primária, pautados nos princípios já estabelecidos na Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem (PNAISH), cujo objetivo é nortear as ações e serviços de saúde para a população masculina, com integralidade e equidade, zelando pela humanização da atenção.

Palavras Chave

Homens. Saúde. Doença. Saúde do homem. Processo saúde-doença.

Area

Saúde do Homem

Autores

Silvia Cristina Mangini Bocchi, Rosana Claudia de Assunção, Cesar Junior Aparecido de Carvalho