Datos del trabajo


Título

Quando uma mulher é mãe de um bebê prematuro: quais os sentidos e significados?

Introdução

A prematuridade pode ser compreendida observando-se a idade gestacional e o peso do bebê ao nascer. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) são considerados prematuros os bebês que nascem antes de completar 37 semanas de gestação e se subdividem em três categorias: Prematuros extremos, aqueles cuja idade gestacional é <28 semanas; Muito prematuros, os bebês que nasceram com idade gestacional entre 28 e 32 semanas e os Prematuros moderados, com idade gestacional entre 32 e 37 semanas de gestação (1). O estudo “Prematuridade e suas possíveis causas”, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), mostra que a prevalência de partos de crianças prematuras no Brasil chega a de 11,7%, segundo os últimos dados epidemiológicos divulgados em 2013 (2), isso coloca o país na décima posição entre os países onde mais nascem bebês prematuros. Segundo o Ministério da Saúde, a prematuridade está entre as principais causas de morte no primeiro mês de vida e suas causas são multifatoriais, como: ruptura de membrana, hipertensão crônica, pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gestação), deslocamento prematuro da placenta, infecções uterinas, gestação múltipla, fertilização in vitro, dentre vários outros fatores (3). Importa ainda salientar, que a saúde emocional da mãe durante o período gestacional pode influenciar na prematuridade (4). Com o acesso e avanço da tecnologia, há um aumento da sobrevida desses frágeis bebês, entretanto, quando se dá o parto prematuro, principalmente em casos dos prematuros extremos e/ou dos muito prematuros, é necessário que o bebê fique internado em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, recebendo cuidados especializados 24 horas por dia. Para as mães, a construção da maternidade nesses casos foi abruptamente interrompida, podendo ser entendida como um evento traumático, excedendo a capacidade de elaboração e simbolização pela mãe. Dessa maneira, para além de um bebê prematuro, existe também uma mãe prematura (5).

Objetivos

A presente pesquisa de mestrado, que se encontra em andamento junto ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), objetiva interpretar os sentidos e significados da maternidade para mulheres maiores de dezoito anos que tiveram bebês que nasceram com idade gestacional abaixo de 32 semanas.

Método

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, cujo enfoque metodológico é a pesquisa clínico-qualitativa, cujo foco são os múltiplos fenômenos presentes no campo saúde-doença. Este método é um aprimoramento dos métodos qualitativos das Ciências Humanas, voltado para o setting e as vivências em saúde, por meio de um olhar clínico, utilizando-se de um enfoque psicodinâmico a fim de apreender os sentidos e significados trazidos pelos indivíduos em relação às vivências no campo da saúde-doença (6). Logo, trata-se de um método que busca alinhar as concepções metodológicas do método qualitativo e os conhecimentos e atitudes clínico-psicológicas. A coleta de dados está sendo realizada, no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina (HU/UEL), na Unidade Neonatal (UN), que possui a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) e a Unidade de Cuidado Intensivo Neonatal (UCIN). Os sujeitos são selecionados por amostra proposital e a coleta será concluída quando se der a saturação teórica, como proposto por Turato (2003)(7). Os participantes dessa pesquisa são mães de bebês prematuros que nasceram com idade gestacional abaixo de 32 semanas. O instrumento de pesquisa utilizado é a entrevista semidirigida de questões abertas, em que tanto o entrevistador como o entrevistado conduzem a direção da entrevista, o que proporciona o surgimento de informações mais livres e maior flexibilidade do entrevistador (8). Para o tratamento dos dados, está sendo utilizada a técnica de análise de dados, que consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações, com o objetivo de apreensão dos sentidos de um documento e de descrição do conteúdo das mensagens (9). A análise das categorias estipuladas se fundamenta na perspectiva da teoria psicanalítica, principalmente sob um referencial lacaniano.

Resultados

Até o presente momento, foram realizadas quatro entrevistas, sendo que os resultados preliminares indicam a construção de cinco categorias de análise: “A fragilidade da prematuridade” que engloba os sentimentos vivenciados pelas mães em relação à baixa idade gestacional do bebê e o iminente risco de morte; “Choro de vida”, que se refere à necessidade das mães em escutar o choro de seus bebês no momento do parto como indicativo de que estão vivos; “Não posso tocá-lo”, que diz respeito aos sentimentos das mães no que tange à impossibilidade de tocar e segurar seus filhos no colo; “Plástico bolha”, que diz respeito aos cuidados extremos das mães para proteger seus bebês de infecções e a contatos com microrganismos e “Separação materna: saída do hospital” que engloba os sentimentos vivenciados pelas mães quando vão para suas casas e precisam deixar seus bebês no hospital.

Considerações Finais

Justifica-se esta pesquisa devido a escassez de estudos relacionados aos sentimentos vivenciados pelas mães prematuras com o embasamento teórico da psicanálise lacaniana.

Palavras Chave

Palavras-chave: maternidade, nascimento prematuro, psicanálise, clínico-qualitativo.

Referências
¹Organización Mundial de La Salud (OMS). Nacimientos prematuros – nota descriptiva. 2017. Diposnível em: http://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/preterm-birth

2Caparelli, E, Amorim, A. Estudo faz alerta sobre a situação da prematuridade no Brasil. UNICEF. 2013. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/media_25849.html

³ Ibid

4Conde, A, Figueiredo, B. Ansiedade na gravidez: implicações para a saúde e desenvolvimento do bebê e mecanismos neurofisiológicos envolvidos. Acta Pediátrica Portuguesa. 2005; 36 (1):41-49. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/4646

5Mathelin, C.O sorriso da Gioconda: Clínica psicanalítica com bebês prematuros. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 1999.

6Turato, ER. Tratado de metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

7 Ibid

8 Ibid

9 Bardin, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

Area

Saúde da Mulher

Autores

Karina Stagliano de Campos, SILVIA NOGUEIRA CORDEIRO