Datos del trabajo


Título

ACOMPANHAMENTO AO PARTO HOSPITALAR HUMANIZADO: O PAPEL DA ENFERMEIRA OBSTETRICA

Introdução

Apesar das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a assistência ao parto normal, no cenário obstétrico brasileiro predominam práticas assistenciais autoritárias e padronizadas, que limitam a autonomia das mulheres no processo de parto e nascimento. Esse modelo, centrado em rotinas institucionais e na figura do profissional médico, é responsável pelos altos índices de intervenções desnecessárias e muitas vezes prejudiciais, incluindo as elevadas taxas de cesarianas - 55,4% do total de nascimentos no Brasil, sendo mais prevalente no setor privado (85%) do que no público (40%). Considerando que a maioria dos partos acontece em ambiente hospitalar, 98,36% em 2016, as mulheres que decidem por esse local de nascimento enfrentam o desafio de garantir seu direito por uma assistência humanizada, baseada em evidências científicas e boas práticas para o parto e nascimento. Nesse contexto, o acompanhamento pela enfermeira obstétrica, profissional com formação voltada para o cuidado, durante o processo de gestação, trabalho de parto/parto e pós-parto, como um serviço além da equipe hospitalar, fortalece a mulher através da informação e de um cuidado centrado nas suas necessidades e expectativas.

Objetivos

Descrever como acontece o acompanhamento ao parto hospitalar humanizado (PHH) pela enfermeira obstétrica.

Método

Relato de experiência do acompanhamento ao parto hospitalar humanizado, realizado pelas enfermeiras obstétricas da Equipe Hanami, em maternidades do sistema suplementar de saúde, Florianópolis/SC.

Resultados

O acompanhamento é assumido por duas enfermeiras obstétricas, sendo que a mulher decidirá, por empatia, qual delas irá acompanhá-la no trabalho de parto e parto. Na primeira consulta, em torno de 36/37 semanas de gestação, a enfermeira discute com a mulher/família o contrato de prestação de serviços, conhece o acompanhante de sua escolha, avalia exames laboratoriais e realiza avaliação obstétrica. Além disso, a consulta tem um aspecto sensível importante que merece ser destacado: levanta-se a história de nascimento da mulher, seus medos e anseios, a história de concepção do bebê, sua aceitação, desenvolvimento. A consulta tem duração média de duas horas, sendo que a maior parte do tempo é dedicada ao cuidado através da fala e escuta, troca de informações e orientações, com vistas à construção de vínculo. A segunda consulta, geralmente com 39/40 semanas, é realizada por outra enfermeira da dupla, a fim de que a mulher possa usufruir de diferentes olhares acerca do seu cuidado. Além de atender as demandas da mulher, procura-se nessa consulta reforçar as diferenças entre verdadeiro e falso trabalho de parto, a fim de que a mulher/acompanhante se sintam tranquilos e seguros para chamar a equipe no momento oportuno. Discute-se também o plano de pós-parto, que inclui cuidados com o recém-nascido, amamentação e adaptação da casa/vida para a chegada do bebê. Cabe salientar que a mulher tem acesso livre às enfermeiras da equipe, através de grupo de whatsapp e contato telefônico. No dia em que suspeitar trabalho de parto, ou em caso de bolsa rota, a mulher ou acompanhante entra em contato com a enfermeira. Juntas, definem a melhor conduta a ser tomada naquele momento, as quais dependem geralmente da dinâmica uterina e da ansiedade da mulher. Já no domicílio, a enfermeira realiza a avaliação da mulher (física e emocional), faz os registros necessários e a monitorização fetal conforme a evolução do trabalho de parto. Além disso, a enfermeira promove um ambiente favorável para que o desenrolar do trabalho de parto aconteça de forma ativa e o mais agradável possível. Através de técnicas não farmacológicas para o alívio da dor e outros cuidados, que incluem massagem, homeopatia, rebozo, spinning babys, entre outros, a enfermeira contribui para favorecer o processo parturitivo natural e incluir o acompanhante nos cuidados. Nesse sentido, o deslocamento do domicílio para o ambiente hospitalar acontece no final da fase ativa do trabalho de parto, visto que se compreende que menos tempo em ambiente hospitalar é sinônimo de menos intervenções desnecessárias ou, no momento em que a mulher solicitar. Na maternidade, a enfermeira acompanha a mulher, como segunda acompanhante, desde a triagem até o quarto no pós-parto. Seu papel é apoiar a mulher, ajudá-la a suportar as contrações, auxiliá-la em caso de tomada de decisão, favorecer um ambiente saudável, e ser a profissional de confiança e referência da mulher naquele espaço. No entanto, a enfermeira obstétrica não tem autonomia para decidir condutas nem atender ao parto em ambiente hospitalar, visto que essa atribuição é da equipe plantonista da instituição. No pós-parto imediato, a enfermeira auxilia com a amamentação e cuidados com a mulher e o bebê, no sentido de fortalecer esse vínculo precocemente. Ainda na maternidade, acontece após 24h a primeira consulta de pós-parto, que tem como objetivo principal o estabelecimento da amamentação. Além disso, promove cuidados ao períneo, ou ferida operatória, esclarece dúvidas no manejo com o recém-nascido e permite uma escuta sensível e acolhedora. Na sequência, já em domicílio, acontece a consulta de terceiro ou quarto dia de pós-parto, que visa principalmente auxiliar a mulher com a apojadura e suas demandas. O encerramento do atendimento é realizado no décimo dia pós-parto, quando se realiza uma avaliação do acompanhamento e do estado geral da mãe e do bebê.

Considerações Finais

A enfermeira obstétrica pode favorecer a redução de procedimentos desnecessários durante o processo parturitivo, aumentando a satisfação da mulher e a qualidade na assistência. No entanto, a enfermeira obstétrica tem sua autonomia limitada nas instituições quando oferece serviço de acompanhamento ao PHH, visto que o atendimento ao parto não é permitido. Considerando que a enfermeira obstétrica é profissional habilitada e capacitada para o atendimento ao parto de risco obstétrico habitual, os benefícios da assistência de enfermagem no cenário obstétrico, bem como as recomendações da OMS, questiona-se a impossibilidade da continuidade dessa assistência em ambiente hospitalar. Haja vista, permitir que a mulher tenha opção pelo profissional que atenderá ao seu parto é fortalecer o protagonismo e a autonomia feminina.

Palavras Chave

Parto humanizado; enfermeira obstétrica; acompanhamento.

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil

Autores

Franciele Volpato, Juliana Jacques da Costa Monguilhott, Joyce Green Koettker, Vania Sorgatto Collaço, Soliane Scapin