Datos del trabajo

Título

ARTICULAÇAO ENTRE AS DIMENSOES ASSISTENCIAL E GERENCIAL NO COTIDIANO DE TRABALHO DE ENFERMEIROS EM UM HOSPITAL PUBLICO 1

Introdução

O trabalho de enfermagem, assim como o trabalho em saúde, integra a prestação de serviços à saúde. É um trabalho da esfera de produção não material, pois não produz bens a serem estocados, mas serviços que são consumidos no ato da sua produção, ou seja, no momento da assistência coletiva ou individual 1. Na enfermagem há mais de um processo de trabalho que pode ou não ser executado concomitantemente: assistir, gerenciar, ensinar, pesquisar e participar politicamente 2. A articulação de ações gerenciais e assistenciais é imprescindível no processo de trabalho do enfermeiro na urgência e emergência, tendo em vista o fluxo de usuários atendidos e a dinamicidade da rotina, o que demanda do enfermeiro realizar atendimento emergencial e o gerenciamento da unidade, com o intuito de sistematizar a organização e atender às necessidades dos usuários 3. A importância da articulação entre as dimensões assistir e gerenciar tem sido discutidas em uma concepção de gerência do cuidado de enfermagem, apesar de muitos enfermeiros ainda considerarem gerenciar e cuidar como dimensões dicotômicas, embora sejam complementares 4,5. Por outro lado, embora seja reconhecido que o trabalho do enfermeiro na urgência e emergência envolve o processo gerencial e assistencial, estudos revelam dificuldades de articulação destas dimensões no cotidiano de trabalho em enfermagem 6,7,8. Neste contexto, ressalta-se que a articulação entre gerenciar e assistir, embora considerada essencial, ainda se apresenta como um desafio no processo de trabalho de enfermeiros em unidades de urgência e emergência de um hospital público.

Objetivos

Analisar a articulação entre as dimensões assistencial e gerencial no cotidiano de trabalho de enfermeiros na unidade de urgência e emergência de um hospital público.

Método

Trata-se de um estudo de caso único de abordagem qualitativa. Os participantes foram vinte enfermeiros que atuam na gerência e na assistência em uma unidade de urgência e emergência de um hospital público da Fundação Hospitalar de Minas Gerais, referência no atendimento a usuários vítimas de politraumatismo. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas com roteiro semiestruturado, no período de outubro a dezembro de 2015. Os dados foram analisados segundo a técnica de Análise de Conteúdo Temática 9. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais e do hospital.

Resultados

Os participantes revelaram como ações dos enfermeiros assistenciais a realização do acolhimento com classificação de risco, assistência direta ao usuário grave, supervisão de enfermagem e encaminhamentos como rotinas da unidade. Foi enfatizada a importância da presença do enfermeiro na unidade de urgência e emergência e sua participação ativa nos procedimentos assistenciais, seja nas intercorrências ou em ações que remetem aos cuidados diários com o usuário. Os enfermeiros reconhecem as atribuições do gerente/coordenador atreladas à finalidade do processo gerencial, sendo exigidos conhecimentos e ações gerenciais como suporte para que a assistência ocorra de forma segura. Os enfermeiros coordenadores fazem parte da gestão intermediária do hospital, assessorando a direção e criando condições para que o processo assistencial aconteça, destacando a gestão de leitos e transferência de usuários que são um nó critico em unidades de urgência. As principais atividades dos enfermeiros coordenadores foram relacionadas às questões mencionadas como burocráticas, como confecção de escalas do enfermeiro assistencial e avaliação de desempenho dos mesmos, articulação com a diretoria e ações que envolvem a gestão de leitos. Destacam-se também como atividades dos enfermeiros coordenadores a gestão de pessoas, capacitações, identificação e resolução de problemas, envolvendo o funcionamento de toda unidade. Torna-se importante enfatizar que os enfermeiros coordenadores, por meio da provisão de recursos materiais, promovem condições para viabilizar o processo assistencial. Destaca-se que o enfermeiro no contexto da urgência e emergência, além da assistência direta ao usuário, participa da organização do serviço no que tange a provisão de recurso materiais e humanos10. Os enfermeiros identificam a importância da comunicação entre os profissionais em prol das relações interpessoais e do funcionamento da unidade. As articulações entre os processos assistir e gerenciar se fazem presentes na gestão de pessoas; em aspectos que estão bem estabelecidos, mas que são cruciais no processo, como os recursos materiais; e até mesmo no direcionamento do processo assistencial, por meio de revisão de rotinas, cumprimento de normas e orientações. Esta articulação promove ambos os processos e os enfermeiros que atuam nos cargo gerencial e assistencial contribuem para oferta de cuidados em enfermagem de qualidade.

Considerações Finais

As ações gerenciais e assistenciais configuram uma linha tênue do processo de trabalho do enfermeiro, independente de atuarem em cargos de coordenação ou de enfermeiros assistenciais. Identificou-se uma articulação entre o assistir e o gerenciar, notadamente nos aspectos de provisão de recursos materiais, gestão de pessoas e organização do processo assistencial. O processo comunicativo e o diálogo revelou-se como condição intrínseca da articulação presente entre enfermeiro coordenador e enfermeiro assistencial. A limitação desse estudo centra-se no fato de ter sido realizado em um único contexto. Sugere-se novas investigações que focalizem maior número de unidades de urgência/emergência para que se possa, então, obter maior compreensão do cotidiano de trabalho de enfermeiros que atuam nestes cenários complexos, focalizando os diferentes processos de trabalho na enfermagem.

Palavras Chave

Enfermeiras; Enfermeiros; Trabalho; Emergência

Area

Processo de trabalho e profissionalização