Datos del trabajo


Título

WORLD COFFEE COMO TECNICA PARA PENSAR ESTRATEGIAS DE CUIDADO A MAES EM SITUAÇAO DE PERDA FETAL

Introdução

É sabido que o ponto final da nossa existência é, inevitavelmente, a morte. Esperamos encontrá-la apenas na senilidade, quando boa parte da nossa vida foi vivida. Contudo, por vezes, essa sequência de existência é invertida e a morte surge em um momento indesejado ou, no mínimo, inesperado, como nos casos de morte fetal. Normalmente, a perda de um bebê para a mãe e sua família resulta em grande frustração, com a cissura de expectativas existenciais depositadas no projeto que corresponde à vida da maternidade. Nesse momento de fragilidade, a mãe que perdeu seu bebê precisa ser amparada e receber uma assistência humanizada e respeitosa para melhor recuperação e elaboração do luto. Todavia, ainda são observadas lacunas assistenciais para este público em específico, sendo necessários cuidados em saúde que visem melhorias nessa assistência, seja de forma direta ou indireta. Frente a este contexto, desenvolveu-se a proposta de uma oficina com o auxílio de metodologias ativas para trabalhar a temática morte fetal; de forma que o processo de construção do conhecimento pudesse ser coletivo, crítico, reflexivo e participativo.

Objetivos

Diante do exposto, é objetivo deste trabalho relatar uma experiência sobre a metodologia ativa do World Coffee, como técnica para pensar estratégias de cuidado a mães em situação de perda fetal.

Desenvolvimento

Tal atividade foi realizada durante oficina intitulada “Estratégias de cuidado a mães em situação de perda fetal”, durante a 79ª Semana Brasileira de Enfermagem e 14ª Semana de Enfermagem - Núcleo Chapecó/Santa Catarina, ocorrida no dia 23 de maio do corrente ano, com duração de quatro horas e meia. Participaram da oficina 29 pessoas, entre elas: acadêmicos de Enfermagem de três instituições de ensino da cidade de Chapecó, técnicos de Enfermagem, enfermeiros e residentes do hospital local da cidade. Duas mediadoras graduadas em Enfermagem conduziram as atividades, inicialmente, dando boas-vindas aos participantes e apresentando os principais pontos da formação de cada uma, bem como o envolvimento com a temática morte fetal. Em seguida, ocorreu uma aproximação com a temática por meio de breve explanação sobre os conceitos e diferenças entre morte fetal, natimorto e aborto, seguido do relato das experiências na obstetrícia e situações de morte fetal vivenciadas pelas proponentes da atividade. Dando sequência, foram apresentados os objetivos da oficina, bem como as etapas desta com explicação sobre a metodologia escolhida e a relevância de trabalhar ativamente para a construção de saberes a fim de atingir os objetivos propostos. Como disparador de ideias foi exibido um vídeo de 23 minutos, baseado em fatos reais, que versava sobre a experiência de uma mãe no momento do diagnóstico da morte fetal, perpassando pela assistência recebida por profissionais da saúde, as emoções vividas, as lembranças, as decisões tomadas, o parto, a concretização da morte e o enfrentamento da situação no puerpério imediato. Após esse momento, discutiu-se com todos os participantes sobre as impressões causadas pelo vídeo, explorando-se situações relatadas por alguns participantes, vivências tidas por eles na assistência a situações de abortamento e/ou perda fetal. Foram discutidos alguns aspectos destas vivências e, em seguida, os participantes foram divididos em quatro grupos de seis participantes e um grupo de cinco para o início da técnica World Coffee. Os grupos se dispuseram em círculos e cada um recebeu um período da assistência à mulher em situação de morte fetal para pensar em estratégias de cuidado, a saber: diagnóstico de morte fetal, o parto (trabalho de parto, parto e nascimento), pós-parto imediato, na maternidade e na atenção primária à saúde. As mesas foram dispostas uniformemente na sala e continham papel pardo, canetas atômicas coloridas, canetas esferográficas coloridas, folhas de ofício, tintas guache e pincéis para a realização das anotações de forma criativa. Ocorreram cinco rodadas e todos os participantes circularam pelos cinco grupos formados de maneira a discutir sobre todas as fases da assistência. Em cada mesa um participante desenvolveu o papel de anfitrião, trabalhando com os demais participantes e recebendo os que chegavam a cada rodada. A primeira rodada durou 25 minutos e as demais duraram 15 minutos, cada. A cada nova rodada as produções grupais ganhavam corpo, forma e eram discutidas com mais profundidade, principalmente pelo anfitrião. Durante todos os momentos os participantes demonstraram interesse na atividade, discutindo e debatendo sobre a temática e expondo suas ideias de forma criativa, seja oralmente ou na folha de papel pardo disponibilizada. Ao final da atividade os grupos formados no momento inicial da oficina apresentaram suas produções e discutiram de forma coletiva sobre os principais pontos pensados para cada fase da assistência. O uso da metodologia ativa como o World Coffee desenvolve a escuta ativa, tanto dos sujeitos quanto dos mediadores da proposta, além de viabilizar o pensamento crítico, mesmo em grandes grupos, podendo transformar um diálogo sobre uma questão social ou de saúde para uma experiência compartilhada, como um filme. A escolha da estratégia em grupo contribuiu para uma maior integração dos participantes e promoveu o compartilhamento de ideias de forma inclusiva, favorecendo a autonomia de cada participante. Corroborando com o exposto, atividades em grupo permite o desenvolvimento de uma série de papeis que contribuem para a construção da autonomia e do autoconhecimento do indivíduo, pelo fato de lidar com o diferente, com a exposição de ideias e contraposição destas, pela ação de sintetizar e resumir conhecimentos, habilidades essenciais que contribuirão para uma melhor assistência.

Considerações Finais

Apesar da temática morte fetal ser considerada, por vezes, delicada e geradora de sentimentos entristecedores, trabalhar uma metodologia ativa como o World Coffee gerou um ambiente agradável e permitiu construir o conhecimento de forma compartilhada e eficaz. Ainda, foi possível aproximar situações vivenciadas na prática com a teoria, tanto por parte dos participantes quanto das mediadoras. Essa troca de conhecimentos e vivências foi essencial para o vislumbre de uma assistência mais humanizada, empática, respeitosa e necessária para as mulheres que passam por uma situação de perda fetal e, muitas vezes, encontram-se fragilizadas e desamparadas.

Palavras Chave

Saúde da Mulher, Morte Fetal, Assistência à Saúde

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Santa Catarina - Brasil

Autores

Iasmim Cristina Zilio, Joice Moreira Schmalfuss, Regina Yoshie Matsue, Lucimare Ferraz