Datos del trabajo


Título

WORLD CAFE: DIMENSOES TEORICO-METODOLOGICAS PARA TRANSFORMAÇAO DE POSSIBILIDADES EM REALIDADE NOS ESTUDOS PARTICIPATIVOS

Introdução

O World Café é um processo de coleta e partilha de informação que reúne pessoas em torno de questões importantes, fundamentado na hipótese de que as pessoas têm a capacidade de trabalhar juntas para buscar soluções societais. Nessa perspectiva, vêm sendo usado em diferentes contextos e com finalidades variadas em organizações e comunidades, com fim de intervenção social e de pesquisa. Mais do que uma tecnologia, é um espaço e um convite a um modo de ser, com um outro que já é parte de um grupo, convidando a conversações significativas e estratégicas, onde as pessoas participam e buscam juntas, sentidos para os múltiplos contextos que vivem, trabalham ou se divertem. Nele as conversas favorecem a descoberta e a construção participativa de soluções conjuntas para problemas coletivos1.

Objetivos

Refletir acerca das dimensões teórico-metodológicas do World Café para transformação de possibilidades (do presente) em realidade (no futuro) nos estudos participativos.

Desenvolvimento

O World Café é baseado no entendimento de que a conversa é o processo central que impulsiona mudanças pessoais e organizacionais. A rede International Collaboration for Participatory Health Research (ICPHR) tem impulsionado o uso desta técnica na produção de documentos que ancoram a sua missão2,3 e na dinamização do Curso Internacional de Pesquisa-ação Participativa4. Na Universidade Federal de Santa Catarina o World Café vem sendo aplicado pelo Núcleo de Estudos em Inovação, Gestão e Tecnologia da Informação (IGTI) com jovens aprendizes para geração de ideias no processo de inovação em cursos de capacitação em empresas e instituições públicas5. Os pressupostos são: o conhecimento e a sabedoria são necessários para gerar ideias que já estão presentes e acessíveis; há uma inteligência coletiva que emerge quando o sistema se conecta a si próprio de forma criativa. Nesse sentido, as dimensões teórico-metodológicas fundamentais para a transformação de possibilidades em realidades vibrantes são: a crença em todos; a diversidade; o convite; o ouvir; o movimento; boas perguntas; a energia. A partir disso sete princípios fundamentais são definidos para seu desenvolvimento: Princípio 1 – EstabeleçIMENTO do contexto: quem planeja o World Café (o anfitrião – pesquisador) deve determinar a estrutura contextual, o objetivo a ser atingido (propósito - o porquê?), os participantes (o grupo - quem?), e sobre qual tema as ideias devem ser geradas ou qual o problema a ser resolvido (parâmetros – como?). Detalhes estruturais importantes são apontados neste princípio: o convite, o nome do World Café, o espaço, um logo ou símbolo especial, as mesas, toalhas e vasos de flores. Princípio 2 – CriAÇÃO de um espaço acolhedor: escolher um ambiente caloroso, seguro, confortável e com comida e bebida disponíveis para que todos se sintam num ambiente informal e livres para oferecer seus melhores pensamentos. Colocar sobre as mesas folhas flip chart com canetas coloridas para que se possam fazer as anotações desejadas. Cada mesa será organizada com quatro a seis lugares. Esse passo deixa claro o fator ambiental no processo criativo, ou seja, a importância de criar um ambiente propício à criatividade. Princípio 3 – ExplorAÇÃO de questões significativas: as ideias surgem em resposta a perguntas interessantes, com temas geradores. Devem-se encontrar perguntas relevantes ao tema, que sejam um convite aberto ao exame de problemas e suas soluções, para ajudar os convidados a pensar no problema em questão. Dependendo do tempo disponível o World Café pode explorar um único tema ou mais. No caso de utilizar a mesma reunião para tratar de mais de um problema deve-se caracterizar bem a mudança de tema, formalizando uma nova rodada de conversação. Princípio 4 – EstimulAÇÃO da contribuição de todos: as pessoas se engajam profundamente quando sentem que estão participando e contribuindo, por isso cabe ao relator de cada mesa incentivar a participação de todos. Cada participante expõe sua ideia de acordo com seu conhecimento e experiência, proporcionando a escuta ativa e uma construção dialógica. Este princípio evidencia o fazer coletivo, a geração de conexões entre as responsabilidades e oportunidades para o bem comum. Princípio 5 – PromoÇÃO da polinização cruzada e as conexões dos diferentes pontos de vista: os membros são convidados a mover-se entre as mesas. Esse movimento promove novas conexões no processo do World Café, e com as sucessivas rodadas um conjunto de possibilidades revela a totalidade para o alcance da inteligência coletiva. A polinização cruzada possui variações podendo operacionalizar as percepções coletivas também por meio de desenhos. No início, as pessoas devem ser distribuídas aleatóriamente nas mesas, recebendo um número (ou simbolo) à entrada que corresponde à mesa onde iniciarão as conversas. Princípio 6 – Escutar COMPARTILHADA para descoberta de padrões, percepções e questões mais profundas: saber ouvir é um passo importante neste processo para se criar facilmente o que está sendo compartilhado. O grupo é um todo significativo e uma fala em conjunto; do centro de cada mesa emerge o que é comum (ou não) e que faz emergir uma síntese. Princípio 7 – REColha e compartilhaMENTO das descobertas coletivas: o grupo deve discutir as ideias mais significativas que emergiram do processo e posteriormente, devem-se compartilhar as ideias com o grande grupo de forma que todos possam opinar. É importante certificar-se que essas ideias foram registradas de alguma forma: as toalhas de papel, um vídeo, um jornal, uma exposição por mesa ou um centro final por mesa. Finalmente, o grande grupo pode optar por uma ou mais ideias, dependendo da necessidade e do objetivo a serem atingidos.

Considerações Finais

O World Café propõe dimensões teórico-metodológicas que acessam e estimulam a ação co-inteligente e co-criativa em torno do diálogo autêntico e da inteligência coletiva. Promove a transformação do jeito de fazer a realidade de modo não ameaçador. Ao colocar as pessoas a pensarem em conjunto e explorarem ideias para a transformação de possibilidades (do presente) em realidade (no futuro), estratégica aos estudos participativos. As dimensões teórico-metodológicas do World Café favorecem a sabedoria combinada, construtiva, em rede expansível pessoa-a-pessoa e grupo-organização, que aproveita e celebra a diferença.

Palavras Chave

Estudos Participativos, Pesquisa Ação Participativa, World Café.

Referências:
1. CAFÉ WORLD COMMUNITY FUNDATION. Disponível em: http://www.theworldcafe.com . Acessado em: 27 mai. 2018.
2. ICPHR. What is Participatory Health Research - Position paper 1. Disponível em: International Collaboration for Participatory Health Research: www.icphr.org, 2013
3. Wright, M. T. What is participatory health research? Prävention Und Gesundheitsförderung, 8(3), 122–131, 2013. https://doi.org/10.1007/s11553-013-0395-0
4. Brito, I., & Mendes, F. Curso Internacional de Pesquisa-ação Participativa em Saúde em português (CIPaPS). Coimbra: ESEnfC/UICISA-E, 2015, Disponível em: www.esenfc.pt
5. TEZA, P.; et al. Geração de Ideias: aplicação da técnica world café. Int. J. Knowl. Eng. Manag. Florianopolis, v. 3, n. 3, p. 1-14 , jul/out, 2013.
6. BROWN, J.; DAVID, I. O World Café: dando forma ao nosso futuro por meio de conversações significativas e estratégicas. São Paulo: Cultrix, 2007.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

Darlisom Sousa Ferreira, Flávia Regina Souza Ramos, Elizabeth Teixeira, Wagner Ferreira Monteiro, Eduardo Jorge Sant'Ana Honorato, Edinilza Ribeiro dos Santos, Vera Maria Sabóia, Irma da Silva Brito