Datos del trabajo


Título

O SIGNIFICADO DA SEXUALIDADE NO CUIDADO DAS ENFERMEIRAS OBSTETRICAS NO PARTO DOMICILIAR PLANEJADO

Introdução

As estruturas de gênero delimitam diferenciações significativas entre os sexos. Existe uma hierarquização de poder baseada em diferenças de gênero que se dá inclusive nas relações dos profissionais de saúde junto à mulher no momento do parto no modelo medicalizado de assistência. Muitas vezes a mulher fica à mercê da equipe profissional e da tecnologia, sendo tratada como ser assexuado, ainda que esteja no pleno exercício de sua sexualidade. O fato é que há dificuldade para perceber o parto como um momento sexual, e permitir a sua expressão. Porém, a assistência de qualidade vincula-se ao direito reprodutivo e sexual na integralidade do cuidado. Neste estudo, o interesse de pesquisa está voltado para o fenômeno: a subjetividade das experiências vividas pelas enfermeiras obstétricas, relacionadas ao significado da sexualidade no cuidado no parto domiciliar planejado.

Objetivos

Compreender o significado da sexualidade no cuidado das enfermeiras obstétricas no parto domiciliar planejado.

Método

Estudo compreensivo fenomenológico baseado em pesquisa de campo qualitativa. Seguiu-se a estrutura formal da questão do ser heideggeriana. Os dados foram colhidos através de entrevista não estruturada gravada em áudio. As participantes foram dez enfermeiras obstétricas que vivenciam o parto domiciliar planejado, encontradas por snowball sampling. A questão norteadora da pesquisa foi: “Como as enfermeiras obstétricas significam a sexualidade no cuidado que dirigem à mulher que dá à luz num parto domiciliar planejado?”. Ela foi o ponto de partida para a abertura do espaço de aprofundamento sobre o questionamento do fenômeno: a subjetividade das experiências vividas pelas enfermeiras obstétricas, relacionadas ao significado da sexualidade no cuidado no parto domiciliar planejado. A coleta de dados ocorreu no período de fevereiro a maio de 2015, após a autorização do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Parecer nº 940.042. A coleta de dados e a análise ocorreram simultaneamente. Num primeiro momento, a análise compreensiva foi “vaga e mediana”. Durante a descrição das vivências das enfermeiras, a partir das entrevistas fenomenológicas, foram destacadas as unidades de significação. A aproximação permitiu que se compreendesse, a partir da compreensão do ser questionado o significado da sexualidade no cuidar das enfermeiras obstétricas no parto domiciliar planejado. O segundo momento da análise compreensiva foi a hermenêutica. Nela, a partir do conceito de ser e do fio condutor decorrentes dos caputs das unidades de significação colocados em sequência, iluminou-se o sentido do fenômeno velado pelos significados.

Resultados

O significado da sexualidade no cuidado das enfermeiras obstétricas no parto domiciliar planejado mostrou-se como: Liberdade de expressão em um ambiente próprio, livre, com intimidade e privacidade; um cuidado feminino, uma presença sutil, invisível ou discreta, com vínculo, segurança e confiança; um momento de plenitude, uma experiência ligada à relação sexual e ao poder.
A sexualidade no cuidar das enfermeiras obstétricas no parto domiciliar planejado é significada como um momento de plenitude, uma experiência ligada à relação sexual e ao poder. Não é controle ou repressão da dor, mas “cuidar para transformar a dor em expressão livre e própria de cada mulher”. Numa analogia à performance artística, o parto domiciliar planejado é uma performance fundamentada na liberdade de expressão. O trabalho de parto no ambiente domiciliar é “um resgate da história no sentido de que ao deixar de lado o estereótipo corporal, o número de possibilidades de ação pode acontecer das mais variadas formas”. Ali o cuidado não é compreendido como exclusivamente feminino. Existe uma adesão forte do sexo feminino à enfermagem, pela função cuidadora estar simbolicamente associada à mulher, porém o cuidado não deve ser tomado como exclusividade de nenhuma profissão(8), ele está ligado à natureza humana. O modelo de assistência da enfermagem obstétrica é caracterizado como humanizado, feminino e desmedicalizado, bem como geralmente se mostram as enfermeiras obstétricas, com suas habilidades específicas do modelo feminino não medicalizado. Para as participantes, ao se perceber observada a mulher tende a modificar seu comportamento. A inibição do processo natural do parto pode ocorrer com observação, monitorização constante e outras intervenções. O ambiente íntimo favorece a liberação dos hormônios necessários para o parto, ela se sente segura e não observada. Assim como entre os presentes no processo do parto, a relação é de confiança, o vínculo entre a enfermeira obstétrica e a parturiente gera segurança e confiabilidade, favorecendo uma experiência plena e prazerosa. Não é possível separar o parto da vivência da sexualidade da parturiente. Os sons emitidos pela mulher são semelhantes aos de uma relação sexual. É possível viver o próprio período expulsivo como um tempo de deleite, enquanto a enfermeira ouve o som da vida que se anuncia - muito semelhante às vocalizações do intercurso sexual humano. As mulheres que optam pelo parto domiciliar planejado não admitem que seus corpos sejam controlados. Elas são empoderadas, reconhecem sua importância, seu lugar, sua opinião, seus medos, suas fraquezas e potências. O poder da prática da enfermeira obstétrica fortalece o poder das mulheres, mobiliza suas capacidades e cria boas condições para o parto normal. O cuidado de enfermagem se liga à capacidade feminina de decidir sobre seu corpo, sua sexualidade e, consequentemente, seu processo de parturição.

Considerações Finais

As possibilidades de compreensão e interpretação que emergiram, desvelaram um modo de cuidar da enfermagem obstétrica do Brasil. Aqui se compreendeu o significado da sexualidade no cuidado das enfermeiras obstétricas no parto domiciliar planejado como liberdade de expressão em um ambiente próprio, livre, com intimidade e privacidade, sendo um cuidado feminino, uma presença sutil, invisível ou discreta, com vínculo, segurança e confiança. A fenomenologia mostrou força para contribuir na edificação do conhecimento e no pensamento da enfermagem obstétrica.

Palavras Chave

Sexualidade. Parto domiciliar planejado. Cuidado de enfermagem obstétrica.

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Marcele Zveiter, Thaynara Gabryela Santos Paiva Silva, Maysa Luduvice Gomes