Datos del trabajo


Título

CONTRIBUIÇOES DA ATENÇAO DOMICILIAR PARA O TRABALHO EM ATENÇAO PRIMARIA: REFLEXOES SOBRE O SENTIDO DO TRABALHO E ATENÇAO AS NECESSIDADES DE SAUDE.

Introdução

A Atenção Domiciliar (AD) em Campinas tem mais de 25 anos de história e iniciou a partir de visitas domiciliares realizadas pelos Centros de Saúde em início da década de 90. Desde então, esta estratégia de cuidado desenvolveu-se e se qualificou, contando hoje o município com quatro equipes que realizam cuidados cada vez mais complexos do ponto de vista das tecnologias duras. Temos também, no município de Campinas, 62 Centros de Saúde, distribuídos entre os cinco distritos de saúde, sendo 11 no distrito Norte, 16 no distrito Sul, 10 no distrito Leste, 12 no distrito sudoeste e 13 no distrito Noroeste. Cabe lembrar que quase todos contam com mais de uma equipe (usualmente duas a quatro) com população adscrita média de 20 a 30.000 habitantes, fazendo assistência à uma população de aproximadamente 1.200.000 habitantes.

Objetivos

O objetivo deste trabalho é compreender como os sentidos do trabalho verificados em uma equipe de atenção domiciliar nos cuidados paliativos pode ser ponto de partida para reflexão acerca da ressignificação do trabalho na atenção primária, compreendendo suas limitações atuais e traçando perspectivas de contribuições para reformulação do trabalho em saúde.

Desenvolvimento

Trata-se de um estudo qualitativo de análise de dois grupos de discussão realizados com uma equipe de AD do distrito sanitário sul da cidade de Campinas, no primeiro semestre de 2014. O estudo foi conduzido a partir da identificação de categorias empíricas encontradas nos grupos de discussão. Foram destacadas quatro categorias empíricas de sentido no trabalho: aprendizado, autonomia, resolutividade e reconhecimento. Estas, por sua vez, correlacionaram-se com as necessidades de saúde enquanto boas condições de vida, graus crescentes de autonomia, vínculo e consumo tecnológico. A correlação entre sentido no trabalho e necessidades de saúde demonstra como a subjetividade se interrelaciona com a práxis participativa, acarretando maior atendimento às necessidades de saúde. Aqui começa a discussão acerca das possibilidades de reflexão da contribuição do modo de produzir cuidado na atenção domiciliar para a atenção primária “in loco” – sejam as unidades de saúde da família (USF), unidades básicas de saúde (UBS) ou unidades mistas. Temos constantes impasses presentes no funcionamento relacionados à Atenção Primária. Alguns dos mais citados seriam a rotatividade de profissionais médicos, limitações à prática de clínica ampliada, de poucas ações de promoção em saúde, restrição de assistência a consultas de pacientes “programáticos”- hipertensos, diabéticos, pré natal, puericultura, etc. Também temos grande parte da produção de conhecimento sobre nossa Atenção Primária mais voltada à pesquisas quantitativas que qualitativas. O que se propõe no presente trabalho é buscar ponderar que tais críticas, apesar de corretas, talvez sejam mais fecundas se buscarem ir além do diagnóstico, colocando em análise as razões pelas quais os mesmos profissionais de saúde que apresentam alta vinculação e motivação em serviços de atenção domiciliar podem não ter a mesma relação quando trabalhando na Atenção Primária, seja em unidades de saúde da família, unidades básicas de saúde ou unidades mistas. Estariam as categorias de sentidos do trabalho presentes no discurso de profissionais trabalhadores da Atenção Primária “in loco”? Acerca das limitações, muitas hipóteses podem ser descritas: a demanda quase sempre muito acima da capacidade de assistência das equipes, a fragilidade da rede para encaminhamentos à especialidade, urgência e emergência, hospitais, promovendo sensação de “solidão” no cuidado aos usuários. A intensa normatização e fiscalização das agendas dos profissionais, com pouco privilégio à autonomia e protagonismo nas atividades. Isto, aliado a uma rotina de demandas de diversas complexidades, com pouco ou nenhum programa de educação permanente/ matriciamento podem acabar por produzir uma relação de alienação no trabalho. Aprender com os avanços importantíssimos que tivemos em saúde nos 12 anos que antecederam o golpe e defendê-los é tão importante quanto lançarmos olhar para as suas limitações, afim de que possamos aprimorá-la e não incorrer em críticas que a deslegitimem. Isso diz respeito a retomar e intensificar políticas públicas que ampliem e qualifiquem a Atenção Primária, bem como os outros níveis de atenção à saúde, afinal, a integralidade do cuidado não pode ser feita por um único equipamento de saúde. Entender que a condição de implicação do trabalhador de saúde com seu trabalho é diretamente vinculada às necessidades de saúde dos usuários, e que esta depende de arranjos e condições que priorizem a autonomia, aprendizado e propiciem percepção de resolutividade e reconhecimento podem ser bons apontamentos para políticas públicas. Boa parte dos trabalhadores atuais do SUS nasceram próximos à formulação do SUS na Constituição. Tiveram atravessamentos muito mais intensos de suas subjetividades, ainda em formação, da governamentalidade. Essa pesquisa também tem por intenção atualizar a compreensão sobre os afetos da luta pela saúde como direito de todos e dever do Estado para que os ideais da Reforma não comecem a parecer pertencentes à utopia de um passado distante.

Considerações Finais

A subjetividade contemporânea de trabalhadores, bem como de usuários, deve ser considerada em ações micro — no cuidado em saúde cotidiano, na gestão do cuidado — e macropolíticas — na formulação de políticas públicas e na gestão para que ações em saúde sejam tanto mais efetivas/ eficazes quanto promotoras de liberdade e felicidade.

Palavras Chave

Atenção Domiciliar, Atenção Primária, trabalho em saúde

Area

Políticas públicas em saúde

Autores

Carina Almeida Barjud, Silvia Maria Santiago, Gustavo Tenório Cunha