Datos del trabajo

Título

O DIAGNOSTICO “CANCER”: SENTIMENTOS VIVENCIADOS POR PACIENTES

Introdução

As doenças oncológicas são consideradas problema de saúde pública pela elevada incidência, prevalência, mortalidade, gastos hospitalares e, acima de tudo, as consequências sobre a qualidade de vida do sujeito, bem como demandas de cuidado para os profissionais de saúde. Apesar de todos os avanços tecnológicos disponíveis nas últimas décadas para os portadores de neoplasias, esta doença apresenta características diferenciadas em relação a várias outras doenças crônicas, pois além de aspectos relacionados ao acometimento físico, como dor e mutilações, a doença traz em si um forte impacto psicológico, gerando sentimentos de várias intensidades e naturezas, tais como medo, ansiedade, angústia, raiva, entre outros. Diversos estudos apontam o câncer como uma patologia permeada de construções simbólicas, que interferem diretamente no cotidiano dos portadores, em sua vivência, na qualidade de vida das famílias, no processo de adesão à terapia e na construção de perspectivas para o futuro. A assistência ao paciente oncológico requer um atendimento não só voltado para o acometimento físico, mas deve abranger aspectos psicológicos, sociais, culturais, espirituais e econômicos, e para isto é necessário entender como os portadores de câncer vivenciam a experiência de conviver com a doença.

Objetivos

Compreender os sentimentos vivenciados por pessoas quando receberam o diagnóstico de câncer.

Método

Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório na perspectiva fenomenológica realizado em março de 2017. Participaram da pesquisa quatro mulheres e um homem e a técnica escolhida para abordagem dos entrevistados foi o grupo focal. Todos os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e nomes fictícios foram utilizados para o tratamento dos dados (Lilian, Berta, Silvia, Bella e Lucas). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros sob o parecer nº 1.916.433. O grupo focal teve duração de três horas e foi conduzido pela seguinte questão norteadora: como foi para você descobrir e viver com o câncer? As falas foram gravadas em áudio e vídeo e posteriormente transcritas na íntegra. Utilizou-se para a organização e interpretação das falas o método de construção de narrativas, tomando como base a proposta organizada por Trindade, Menandro & Gianordoli-Nascimento. O método utilizado propõe cinco passos ou fases para a transformação das entrevistas em estruturas: transcrição integral das entrevistas, leitura exaustiva traduzida em unidades de significado, reorganização por entrevista e suas unidade de significado respeitando a transcrição literal, conteúdo da fala do sujeito presente em cada unidade de significado convertido em linguagem parcialmente padronizada focalizado no fenômeno sob observação e por fim as narrativas iniciais produzidas a partir das unidades de significado foram transformadas em um texto único, no qual os temas abordados são articulados e organizados para compreender as experiências vivenciadas.

Resultados

Receber o diagnóstico de câncer é um momento muito difícil para o paciente e permeado de muitos sentimentos. Lilian, após receber o diagnóstico da médica, entra no banheiro e após enxugar as lágrimas, olha no espelho e fala para si “[...] Cadê sua fé? Se você é uma mulher de fé, não é isso aqui que vai te derrubar, não”. Ela estabelece um diálogo com Deus e em tom afirmativo e de confiança fala olhando no espelho “[...] Deus, eu vou morrer um dia, eu sei disso, mas não vai ser esse câncer que vai me matar, jamais!” Retornando ao consultório ela fala para a médica”[...] comigo ele pode ter tentado, mas não conseguiu e o inimigo você não tem que dar as costas para ele não, você tem que olhar ele nos olhos. E eu estou aqui é para lutar”. Para Berta o diagnóstico foi recebido por meio do resultado do exame impresso, que ao abri-lo ela conta que “[...] pensou em tudo e não deu conta de falar e as palavras que saiam da minha boca, assim, eu não sou melhor que ninguém”. Manifestou através de sua fala que é “[...] assustador, não é um diagnóstico de gripe e no primeiro momento o sentimento foi de negação, questionando “será que este diagnóstico não está errado?” Neste momento seus filhos vieram a sua mente. Silvia relata que há sete anos vem lutando contra o câncer. Primeiro foi um nódulo na mama e depois um nódulo no pulmão. Relata que está curada, mas quando recebeu o diagnóstico sua maior preocupação foi com sua filha...”[...] ai meu Deus, o que vai ser da minha filha, eu só olhava para ela e chorava, chorava, chorava [...] se Deus me deu ela eu já sabia de onde eu ia tirar minha força, talvez se eu não a tivesse o que ia ser de mim”. Bella fala do momento diagnóstico expressando que a ideia do câncer está associada a morte e estabelece que existe dois momentos em sua vida “[...] existe uma vida antes do câncer e depois [...] retada, eu estou orgulhosa de mim, [...] então a gente passa a se conhecer mais e quando a gente passa por esta, por essa reviravolta a gente vê que a gente pode até ter morrido, morreu aquela que ficou lá atrás, vive outra, uma transformação.” O momento do diagnóstico de câncer para Lucas é expresso como um grande susto e uma preocupação com a virilidade "[...] eu estou observando aqui, é aquela coisa do feminino e o masculino, machuca muita gente não é? O peito da mulher, no meu caso, o sexo masculino essa coisa viril, então quando se recebe o diagnóstico do câncer é um susto que você não têm ideia, no caso masculino seria um câncer de próstata, aí a coisa pira, é uma piração total".

Considerações Finais

Os sentimentos experimentados por pessoas com câncer no momento que recebem o diagnóstico nos revela um grande impacto devido a associação com a morte, a preocupação com a família, principalmente com os filhos, a sexualidade e o repensar a vida. Os portadores encontram força para enfrentar a doença na religião, na fé, na família, nos amigos e principalmente em si mesmos, experimentando transformações significativas em suas vidas.

Palavras Chave

Câncer.
Fenomenologia.
Narrativas.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas