Datos del trabajo


Título

RISCO ERGONOMICO NA ODONTOLOGIA: REPRESENTAÇOES SOCIAIS DE ESTUDANTES

Introdução

Nos serviços de saúde, a Odontologia é considerada uma profissão vulnerável a riscos físicos que comumente são associados a lesões causadas por esforços repetitivos. O risco ergonômico apresenta-se como uma conseqüência do posicionamento incorreto das estruturas do corpo durante o atendimento clínico. Essas lesões, podem se agravar e levar ao afastamento do exercício da profissão. A importância desse estudo mostra-se a partir da proposta de investigação do risco ergonômico enquanto fenômeno social, por acreditar que nesta perspectiva será possível identificar aspectos subjetivos que certamente influenciam nos comportamentos e atitudes dos estudantes.

Objetivos

Analisar as Representações Sociais do risco ergonômico elaboradas por estudantes de odontologia.

Método

Trata-se de uma pesquisa descritiva e exploratória, de abordagem qualitativa, para analisar fenômenos sócio-culturais do risco ergonômico, subsidiada na Teoria das Representações Sociais. O estudo foi desenvolvido em uma Instituição de Ensino Superior do Nordeste do Brasil, com 64 estudantes de Odontologia do 3° ao 10° período do curso. No trabalho de campo foi utilizado um roteiro de entrevista semi-estruturado, como instrumento de pesquisa, por ser considerada importante no trabalho de campo, facilitando a compreensão da realidade social. Os dados foram processados no software ALCESTE e analisados pela Classificação Hierárquica Descendente. O estudo obedeceu aos preceitos éticos e legais conforme a Resolução 466/12.

Resultados

O grupo de vocábulos que compõe e evidencia os riscos ergonômicos para os estudantes de Odontologia foi apresentado com as palavras: ergonômico, normas, exposição e problema. Os riscos ergonômicos são elementos físicos e organizacionais que interferem no conforto da atividade realizada pelo trabalhador. O termo criado para este tipo de risco foi LER ( Resolução da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, nº 180 e 197 de 1992). Ou seja, são lesões causadas por esforços repetitivos, que atualmente se denomina DORT, doenças osteomusculares relacionadas com o trabalho (HIRATA; FILHO, 2002). O não cumprimento das normas ergonômicas é considerado como a porta de entrada para o surgimento dos DORT’s, uma postura incorreta durante o trabalho pode sobrecarregar determinada região do corpo, acarretando em lesões agudas, e quando não tratadas, essas lesões podem se tornar crônicas e de prognóstico bastante desfavorável para a saúde do profissional de Odontologia (STRAUSS et al., 2014). Este fato pode ser um reflexo dos maus hábitos adquiridos no estágio acadêmico que podem ser levados para a vida profissional, se não corrigidos precocemente (ACARO; ABANTO, 2014) e que são identificados pelos acadêmicos ainda com mínima importância, devido ao aumento progressivo de carga horária de atendimentos clínicos (SANTOS et al., 2017). A Odontologia, por meio do tempo, vem se transformando de uma atividade puramente artesanal e empírica, para uma profissão técnico-científico-humanista. No entanto, ainda se depara com o aumento da incidência de doenças infecto-contagiosas das mais variadas etiologias, impondo a necessidade de discutir e adotar mecanismos de proteção, para evitar a contaminação tanto do profissional e sua equipe, quanto do seu paciente, pois a maioria dos procedimentos realizados na Odontologia implica em contato com o paciente, favorecendo o risco de acidentes laborais com exposição a agentes biológicos, pois utiliza instrumentos perfurocortantes e equipamentos que produzem aerossóis potencialmente infectantes (SHAGHAGHIAN; PARDIS; MANSOORI, 2014). A natureza única dos procedimentos odontológicos requer estratégias específicas direcionadas para a prevenção da transmissão de patógenos entre a equipe de saúde e seus pacientes, que podem estar expostos a uma grande variedade de microorganismos presentes nas secreções orais e respiratórias. Patógenos que podem ser transmitidos durante o ato operatório por diversos meios, como contato com secreções ou com o ar contaminado por partículas e aerossóis formados durante o procedimento (CDC, 2003).O uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs) reduz os riscos de exposição a materiais biológicos, contudo muitos estudantes não os utilizam (MIOTTO. ROCHA, 2012). Pinelli et al. (2011), realizaram estudo sobre conhecimento e condutas de docentes de um curso de Odontologia e ressaltam que existe conhecimento dos acadêmicos sobre como evitar (93,3%) e proceder (81,5%) em casos de acidentes com exposição a materiais, demonstra a importância de que dos conteúdos de Biossegurança sejam abordados de maneira contínua durante a formação. Consideraram que os cursos de Odontologia em geral, oferecem conhecimento teórico necessário para o entendimento do controle de infecções. Entretanto, foi observado que os estudantes não realizaram as condutas pós exposição de maneira correta de acordo com o conhecimento recebido (PAIVA et al., 2017) e que nem sempre a teoria está relacionada com a prática, e ressaltaram a necessidade da implantação de um protocolo de medidas de precaução-padrão aplicáveis ao cotidiano da academia e a vida profissional do egresso. No entanto, essa preocupação reflete mais especificamente a proteção dos estudantes e profissionais aos riscos biológicos e químicos, sem o destaque necessário aos riscos ergonômico, evidenciado nesse trabalho como o risco mais importante na prática dos estudantes e profissionais da Odontologia.

Considerações Finais

As Representações Sociais que os estudantes de Odontologia têm dos riscos ergonômicos apresentam-se na relação existente entre um grupo e sua cultura, baseada na história individual que cada um traz consigo e, dessa maneira, em um processo contínuo de construção e reconstrução, orientam suas condutas no ambiente de trabalho. A odontologia e o seu ambiente de trabalho apresentam peculiaridades que merecem atenção especial, e que devem seguir regras de ergonomia com a disposição adequada de equipamentos e mobiliário, definição de zona de trabalho do cirurgião-dentista e auxiliares para permitir maior produtividade com menor desgaste e maior conforto a longo prazo.

Palavras Chave

Risco ergonômico. Odontologia. Psicologia social.

Area

Promoção da saúde

Autores

EMANOELLE FERNANDES SILVA, LUANA KELLE BATISTA MOURA, MARIA ELIETE BATISTA MOURA, CRISTINA MARIA MIRANDA SOUSA, GERARDO VASCONCELOS MESQUITA, VANESSA MOURA CARVALHO OLIVEIRA, ROSILANE LIMA BRITO MAGALHÃES