Datos del trabajo


Título

PREPARAÇAO PARA O PARTO CENTRADA NA GESTANTE: ATENDIMENTOS PSICOLOGICOS FAVORECENDO AUTONOMIA

Introdução

O Ministério da Saúde tem desenvolvido campanhas voltadas à humanização do parto, assim como, diversas áreas do conhecimento têm se dedicado para mudanças de práticas, a partir das evidências científicas desta temática. Este interesse decorre do grande número de cesarianas no Brasil, com percentuais muito distantes do que preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente na saúde suplementar. O Governo brasileiro elaborou normativas e políticas que visam assegurar direitos, estabelecer condutas orientadoras paras os envolvidos e garantir cuidados humanizados à saúde, tais como: o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), em 2000; a Política Nacional de Humanização (PNH), em 2003; a Política Nacional de Atenção Obstétrica e Neonatal (PNAON), em 2005; a Rede Cegonha, em 2011; e recentemente, o Aprimoramento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia (Apice ON), em 2017. Entre as práticas de cuidados às gestantes, embora a maioria delas ainda se respaldam na transmissão de informações e treinamentos estruturados e intelectualizados, encontra-se também crescimento das abordagens psicológicas junto aos casais grávidos, conforme registra Sabatino et al na obra Atenção ao nascimento humanizado baseado em evidências científicas: paradigmas educacionais. Por sua vez, a preparação para o parto se faz etapa importante, como defende Maldonado, em seu livro Psicologia da Gravidez, pois possibilita diversos ganhos, como diminuição do tempo do trabalho de parto, índices menores de complicações de parto, redução das intervenções cirúrgicas e, no que tange aos aspectos psicológicos, a participação da mulher de forma ativa, permitindo a ela vivenciar as emoções do parto e diminuir as consequências psicológicas comuns no pós-parto, como depressão e angústia. O referencial teórico adotado para a leitura dos dados foi a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) proposta pelo psicólogo norte-americano Carl Ransom Rogers, a partir do qual considera-se que os seres humanos são dotados de tendência realizadora que orienta o organismo para o crescimento, sendo este alcançado mais satisfatoriamente quando um clima facilitador é ofertado, a partir da adoção das atitudes de congruência, consideração positiva incondicional e compreensão empática.

Objetivos

Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi compreender, a partir de atendimentos psicológicos, os sentimentos e as motivações das gestantes para as escolhas durante a preparação para o parto.

Método

A Pesquisa Participante dialogou com a ACP no que se refere ao processo experiencial da pesquisadora-psicóloga, pois foi possível desenvolver interação entre pesquisadores e pesquisados, buscando informações aprofundadas no próprio grupo, conforme define Farias Filho em sua obra Planejamento da pesquisa científica. Nesse sentido, as pessoas da pesquisa deixam de ser consideradas objeto – que remete a ideia de categoria abstrata – para serem consideradas sujeitos, na medida em que participam tanto do conhecer como do transformar, conforme nos diz Brandão em seu livro Repensando a Pesquisa Participante. O estreitamento entre a ACP e a Pesquisa Participante se evidencia também pela ausência roteiros e as técnicas prévias, pois os sujeitos são os que possuem maior capacidade de eleger a lógica da questão investigada e não pesquisador e sua ciência. Assim, a construção dos dados foi realizada por meio de escuta ativa e centrada nas gestantes, através do Plantão Psicológico e do Grupo, sendo a coleta realizada em Unidade Básica de Saúde, na qual foi possível “participar” e “experienciar” as histórias trazidas pelas mulher, não apenas aprofundar conhecimentos científicos, mas com a postura de compromisso, sendo a pesquisa ferramenta a serviço de um projeto político e social com a comunidade. O Plantão Psicológico acolheu 16 participantes e 20 gestantes participaram dos grupos, sendo realizados seis encontros. Os atendimentos foram gravados a partir da assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e, posteriormente, os áudios transcritos foram processados pelo software IRAMUTEQ.

Resultados

Do processamento dos dados gerados na escuta pelo Plantão emergiram cinco classes temáticas que foram denominadas: 1) Insegurança/medo do parto diante da falta de ambiente facilitador; 2) Autonomia da gestante, tentar ou preferir um parto normal?; 3) Angústia e medo de morrer no hospital; 4) As relações no processo gravídico: a importância do apoio; 5) Expectativas e desafios frente ao novo: os conflitos do cotidiano familiar. As classes demonstram sentimentos de medo relacionados à desassistência, descaso, incompreensão pelos profissionais no processo de trabalho de parto, revelando desejo pela tranquilidade no ambiente e por sentirem confiança nos cuidados recebidos. O parto normal foi considerado como sendo o melhor pela maioria das gestantes, mas também demonstraram incertezas quanto ao controle desta escolha, depositando a decisão nas mãos divinas ou na do médico/a. Ademais, há referência às mudanças ocorridas pela gestação e chegada do bebê relacionadas ao campo pessoal, familiar e conjugal. Com relação aos dados coletados pelos compartilhamentos nos grupos emergiram seis classes: 1) O processo gestacional e a preocupação com suporte conjugal nos cuidados com o filho; 2) A gestação, suas incertezas e expectativas; 3) Mãe, mulher e maternidade: desafios para o suporte familiar; 4) Dar à luz: o momento de incerteza centrado no saber médico; 5) O processo gestacional e o sentimento da espera; 6) Parto normal: compreendendo as dores da escolha. Preliminarmente visualizamos uma separação das classes em dois grandes blocos, sendo um deles abarcado pelas as três primeiras classes, cujos compartilhamentos são relacionados às questões familiares, conjugais e financeiras, no que se refere aos cuidados com o bebê que está para nascer, tendo como referência a vivência com os filhos mais velhos. O no outro bloco estão presentes as três últimas classes e se refere ao processo gestacional, a expectativa do parto e as possibilidades de escolha quanto ao seu tipo.

Considerações Finais

Os dados da pesquisa estão em fase de análise, todavia podemos indicar a partir do processo experienciado e das leituras preliminares da primeira etapa da pesquisa, e do contato com as classes e compartilhamentos da segunda etapa, de que a proposta metodológica de oferecer atendimentos psicológicos para as gestantes possibilitou um mergulho no clima facilitador de crescimento a partir do qual puderam compreender melhor o processo gestacional e si mesmas, desenvolvendo autoconfiança e autonomia relacionadas às escolhas deste período, tornando o aprendizado significativo.

Palavras Chave

Psicologia. Parto Humanizado. Abordagem Centrada na Gestante

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

UFMT - Mato Grosso - Brasil

Autores

Daiane Correia Sales, Fernanda Cândido Magalhães