Datos del trabajo


Título

TECENDO APROXIMAÇOES ENTRE SALUTOGENESE E PROMOÇAO DA SAUDE

Introdução

A abordagem Salutogênica foi desenvolvida na década de 70 por Aaron Antonovsky. Os estudos sobre saúde de Antonovsky tiveram ápice no período pós-guerra, e colaboraram de maneira considerável para a compreensão do processo de enfrentamento e superação em um contexto devastador como foi o da Segunda Guerra. Segundo Heiman (2004), a salutogênese procura elementos que levam o indivíduo a manter-se saudável mesmo diante de elementos desfavoráveis do meio físico e social. O que, ao nosso olhar, é fundamental para a promoção da saúde. O conceito atual de promoção da saúde percorreu vários caminhos antes de firmar-se no que é hoje e apresenta profunda relação com as diferentes concepções de saúde e de doença. A promoção da saúde foi referida pela primeira vez no Informe Lalonde em 1974 (WESTPHAL, 2015), ganhou forma e consistência na I Conferência Internacional de Promoção da Saúde, Ottawa (Canadá/1986), e resultou na carta que priorizava ações que estavam sempre relacionada ao bem-estar dos indivíduos (WESTPHAL, 2015). Para Cruz (2011), promover saúde é, em última instância, promover a vida de boa qualidade para as pessoas, em que a estratégia de promoção da saúde é orientada para a modificação dos estilos de vida e a adoção de hábitos saudáveis. Mas como atingir o impulso necessário para modificar a vida, no sentido de promover a saúde?! Antonovsky e sua teoria colaboram com a resposta para essa questão.

Objetivos

Apresentar uma reflexão teórica sobre a possível relação entre salutogênese e promoção da saúde.

Desenvolvimento

Na salutogênese, a questão não é classificar o ser humano como saudável ou doente, mas compreender o quanto ele está longe ou perto dos extremos desse contínuo. Antonovsky coloca que sua intenção não é provocar uma abordagem contrária à abordagem patogênica, mas de complementá-la. O que ocorre na proposta de Antonovsky é que o foco passa a ser a compreensão do que é saudável na vida de alguém, e como essa pessoa consegue manter-se mais próxima desse polo. Para Dantas (2007), a salutogênese deixa de focar apenas na etiologia de certa doença e passa-se a investigar a história completa do ser humano. Com isso, ao invés de se questionar o que causa (ou causará) determinada doença, a questão a ser respondida passa a ser outra: como os indivíduos mantém-se ou direcionam-se para o polo saudável? Os estudos de Antonovsky mostraram que muitos indivíduos que sofreram perdas (familiares, status, condição sócio-econômica), encontraram uma coerência interna em sua vida. Essa coerência possibilitou o desenvolvimento de uma capacidade de resistência dos indivíduos que lhes deram força e capacidade de sobrevivência (FERREIRA, 2007), que provocou a manutenção da saúde dessas pessoas, colaborando com o fortalecimento de protagonismos sociais. Lopes et al (2010) destacam que o conceito de promoção da saúde na Carta de Ottawa identifica-a como um processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, por meio de uma maior participação nesse processo. É preciso ponderar que Antonovsky não enquadra a promoção da saúde em uma única norma (ou padrão aceitável), como se costuma fazer no campo da saúde (por exemplo nas discussões de hábitos saudáveis). Ele faz uma abordagem subjetiva daquilo que deixa a pessoa bem, com ânimo para realizar ações que promovam sua saúde. Assim, a salutogênese auxilia a saúde e os eventos estressantes fora do determinismo biomédico, tornando-se um modelo alternativo ao modelo patogênico (FERREIRA, 2007). Para Dantas (2007), Antonovsky rejeita a categorização dicotômica “saúde-doença”. Sua sugestão é aproximar os polos (saúde e doença) que foram situados pela patogênese em lugares distantes, criando um conceito de um processo contínuo no qual ao longo da vida as pessoas irão se confrontar com os dois polos, e não conservar-se permanentemente em um desses polos extremos. Assim, estar completamente saudável ou completamente doente não é compatível com a vida humana. Brêtas e Gamba (2006) defendem que essa relação (processo saúde-doença) é também demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais (alimentação, água, clima, habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais), levando a crer, que o processo saúde-doença-adoecimento ocorre de modo desigual entre indivíduos, classes e povos. Antonovsky (1987) chama os determinantes sociais elencados por Brêtas e Gamba (2006) de Recursos Generalizados de Resistencia (RGR), que ajudam o indivíduo a manter um sentido interno coerente na manutenção da saúde. A concepção de saúde proposta por Antonovsky aponta caminhos possíveis para se compreender e manter a promoção da saúde. Primeiro, pelo fato de considerar ser possível manter a saúde mesmo vivendo em lugares e territórios identificados como desfavoráveis. Depois, pela proposta de aproximar os polos saúde e doença, fortalecendo a ideia de promoção de saúde, que procura fortalecer as ações intersetoriais e o empoderamento. Antonovsky faz uma crítica a abordagem patogênica, em que sua predominância acentua a anormalidade funcional, caminhando para a investigação do que leva ao aparecimento das doenças e não a manutenção da saúde (DANTAS, 2007).

Considerações Finais

Considera-se importante fortalecer o entrelaçamento da salutogênese com a promoção da saúde, haja vista que a salutogênese apresenta potencial para visibilizar os fatores de resistências de indivíduos diante de processos que desfavorecem, em grande maioria das vezes, a saúde, sendo necessário reconhecer que a herança social e histórica do modelo patogênico propiciou um afastamento no campo da saúde de reflexões mais profundas do vem a ser saúde ou saudável, dificultando as possibilidades de um agir para a promoção de saúde. Com isso, reflexão procura abrir espaço para um debate teórico-reflexivo acerca da concepção de saúde presente nas ações de promoção da saúde.

Palavras Chave

Saúde; Promoção de Saúde; Salutogênese

Area

Promoção da saúde

Autores

Dayse Paixão e Vasconcelos, Raimunda Magalhães Silva, Christina César Praça Brasil