Datos del trabajo


Título

AVALIAÇAO DA QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM NECROSE DOS MAXILARES SUBMETIDOS A OZONIOTERAPIA

Introdução

A saúde oral foi considerada, pela primeira vez, como qualidade de vida na 2ª Guerra Mundial, quando o bem-estar oral foi estabelecido como um meio para avaliar a adequação do indivíduo para o serviço. Consideramos que a avaliação da qualidade de vida se refere à capacidade de se ter um olhar crítico diante da realidade existencial de um indivíduo, incluindo processos de saúde, doença, cura e morte, além disso, saúde como direito à vida com qualidade; saúde como direito à atenção integral, com privilégio da promoção e da prevenção, sem prejuízo da recuperação e reabilitação dos estados de saúde; como expressão do andar da vida. Pacientes com necrose dos maxilares devido ao uso de medicamentos (MRONJ), para tratamento de osteoporose, hipercalcemia e metástase óssea de radioterapia (osteoradionecrose-ORN) e osteomielite(OM) se encontram em situação de vulnerabilidade biológica, psicológica e social, devido às condições clínicas de saúde bucal em que se encontram. Tratamentos complementares, que beneficiam a melhoria de sinais e sintomas são de extrema importância para a qualidade de vida, como a ozonioterapia, que é um tratamento à base de Ozônio (O3), formado por três átomos de oxigênio, possui efeito na ativação e modulação do sistema imune, antimicrobiano, indução da revascularização, antiviral e antifúngico. Embora vejamos, na literatura, a manifestação de resultados positivos do tratamento com ozônio nesses casos, não encontramos referências que abordem a experiência dos pacientes e suas percepções acerca dos efeitos da doença e dos tratamentos em sua qualidade de vida. A compreensão do impacto das condições orais na qualidade de vida deve ser parte da avaliação das necessidades da saúde bucal porque indicadores clínicos não conseguem, isoladamente, descrever a satisfação ou sintomas de pacientes odontológicos ou a sua capacidade de exercer atividades diárias, uma vez que, esses indicadores estão relacionados a presença ou ausência de fatores patológicos, não às percepções de melhoria ou não, conforme enxergadas pelos pacientes.

Objetivos

Este estudo tem, como objetivo, avaliar a qualidade de vida de 50 pacientes com necrose dos maxilares, ou risco de possuí-la, submetidos a ozonioterapia, atendidos na Clínica Odontológica do HUB e analisar, de forma associada, dados epidemiológicos e de percepção, pela perspectiva dos pacientes, acerca das influências da doença e dos tratamentos na qualidade de vida, identificando e os modos de lidar com a doença, os tratamentos e a vida mesma neste contexto.

Método

A metodologia deste estudo misto de caráter sequencial exploratório, integra componentes e se divide em duas etapas: uma de caráter quantitativo, que obteve dados epidemiológicos sobre a história médica do paciente, por meio de análise de prontuários de 50 pacientes acima de 18 anos de idade e aplicação do questionário OHIP14 para 20 pacientes; outra de caráter qualitativo, estabelecida por entrevistas semi-estruturadas, cujo roteiro se estabeleceu a partir da observação dos dados epidemiológicos e do questionário. A quantificação dessa percepção de qualidade de vida pelo paciente foi observada através do questionário Oral Health Impact Profile (OHIP14), composto por 14 itens delineados para avaliar um relato de limitação funcional, desconforto e incapacidade atribuídos às condições orais. No entanto, durante o preenchimento desse questionário, decidimos por lançar mão de uma pesquisa qualitativa, para dar visibilidade e aprofundamento às questões abordadas. As entrevistas foram realizadas também com 20 pacientes. Os critérios de inclusão foram: pacientes portadores de necrose dos maxilares como osteomielite-OM, osteorradionecrose-ORN e necrose por medicamentos-MRONJ e pacientes com risco de desenvolverem necrose óssea, que precisam receber tratamento odontológico mais invasivo, devido ao uso de medicamentos. Todos os procedimentos éticos foram respeitados. Os dados epidemiológicos e dos questionários receberam tratamento estatístico simples; os dados qualitativos foram analisados, tomando-se, como referência, a perspectiva nietzschiana de que podemos observar vivências nos ditos e nos escritos, ao que lançamos mão do método otobiográfico de análise em pesquisa qualitativa.

Resultados

Ao associar estes três instrumentos para o estudo: a análise epidemiológica, o questionário de qualidade de vida OHIP 14 e anotações em diário de campo, resultantes do encontro com os pacientes, tivemos como objetivo destacar suas vivências e conceitos ligados à qualidade de vida, especialmente relacionados ao tratamento efetuado com ozonioterapia. Ao fazermos a análise quantitativa, verificamos que as doenças de base prevalentes nos pacientes que procuram o tratamento como forma de prevenção ou curativa, são neoplasias de cabeça e pescoço; pacientes submetidos a radioterapia, quimioterapia, uso de medicamentos antireabsortivos que prevalecem ao risco de necroses ósseas; observamos, também, que em mais de 90% dos casos analisados houve reparação tecidual e recobrimento de tecido mole sobre osso. Observamos, com a articulação de dados quantitativos e qualitativos, que os pacientes apontaram o estresse, a dor, o sentimento de estar pouco à vontade com a situação da condição bucal, alimentação prejudicada e envergonhado como elementos relevantes que afetam a qualidade de vida no contexto estudado. A ozonioterapia amenizou essas sensações e ampliou perspectivas de criação de maneiras de viver. Nota-se que, diante da experiência de adoecer gravemente e necessitar de tratamentos mutiladores e/ou desconfortáveis, há um impulso à reinvenção de si, à reorganização de novos estilos de vida, diante do processo de doença, tratamento e cura.

Considerações Finais

Nossa prática de atenção à saúde pode ser ampliada, para além de números e protocolos estabelecidos, ao considerarmos as sensações e percepções específicas de cada paciente com sua realidade de vida. Este estudo aponta para a importância de enfocar o paciente, suas vivências e seus modos de lidar com o processo saúde-doença-cuidado, tratarmos o paciente, que se queixou de uma determinada doença, ao invés de tratarmos a doença que nós profissionais da saúde enxergamos no paciente. Logo, o questionário OHIP14 e as entrevistas semiestruturadas se mostraram eficientes para este tipo de análise qualitativa que, adicionados às analises epidemiológicas, quantitativas, nos permitiram concluir que a ozonioterapia possibilita melhoria na qualidade de vida dos pacientes submetidos ao tratamento, tanto pela visão deles quanto pela do profissional.

Palavras Chave

Ozônio; qualidade de vida; Necrose de maxilares

Area

Qualidade de vida

Instituciones

Universidade de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Luana Sousa Oliveira, Emília Carvalho Leitão Biato, Sérgio Bruzadelli, Adriano Lima