Datos del trabajo


Título

FORMAÇÃO E ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ENFERMEIRO EM RELAÇÃO AO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Introdução

A formação profissional do enfermeiro apresenta diversas lacunas quando trata-se do cuidado à criança com Transtorno do Espectro Autista-TEA e sua família. O TEA vem despertando interesse em pesquisadores na área da saúde, desde os seus primeiros registros, em 1943. Sabe-se hoje, que os primeiros sinais do TEA podem apresentar-se ainda antes do primeiro ano de vida. Neste cenário, o enfermeiro é um dos profissionais que tem o primeiro e maior contato com esse público e teria condições de ofertar a orientação e apoio necessário. Mais de seis décadas se passaram e ainda hoje podemos evidenciar o despreparo dos profissionais da saúde tanto no que se refere à identificação precoce de sinais sugestivos do TEA, quando na orientação de familiares e na indicação de possibilidades de cuidado que vem ao encontro das singularidades que a condição traz consigo.

Objetivos

Identificar a produção científica da enfermagem em relação à criança com transtorno do espectro autista e sua família, com ênfase na formação profissional.

Método

Revisão integrativa da literatura, seguindo os passos: identificação do tema e questão de pesquisa, estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão, definição das informações a serem extraídas do estudo e categorização destes, avaliação dos estudos selecionados, interpretação dos resultados e apresentação da síntese do conhecimento. Salienta-se que este estudo faz parte de uma revisão mais ampla, sendo esta apenas uma das categorias encontradas. Elaborou-se uma estratégia de busca com os seguintes descritores e/ou mesh terms: Autismo, Transtorno do espectro autista- Transtorno autístico, autismo infantil,
Criança- pré-escolar- escolar-infância- lactente- pediátrico, Enfermagem, enfermeiro. A busca foi realizada de setembro a novembro de 2017 e foram incluídas artigos completos disponíveis na íntegra, publicados nas línguas, português, francês, espanhol e/ou inglês. As bases de dados utilizadas foram: Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (Cinahl), Pubmed/Medline, Web of Science (WOS), Scopus, Scielo, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Base de dados da Enfermagem (Bdenf). Como critérios de exclusão adotou-se: não responder a questão de pesquisa, não ser da enfermagem e estar repetido nas bases de dados. Adotou-se ainda como recorte temporal, publicações entre 2013 a 2017 justificando-se pela publicação do DSM-V, manual reconhecido e utilizado internacionalmente que especifica os critérios diagnósticos para o TEA.

Resultados

A busca inicial resultou em 505 artigos, sendo que após a aplicação dos critérios de exclusão e a leitura de artigos na íntegra, foram incluídos no estudo 68 artigos. Destes, 14 se referem à formação profissional do enfermeiro, que serão discutidos neste trabalho. Dos 14 artigos analisados, nenhum indicou ter feito uso de referencial para subsidiar seu estudo. Em relação à abordagem, 43% (6) eram descritivo exploratório, 29%(4) artigos de revisão, 14%(2) quantitativos, 14%(2) misto metodológico. Em relação aos participantes, 29% eram enfermeiros hospitalares, 21% não apontavam, 21% (3) eram enfermeiros escolares, 14% (2) enfermeiros da atenção primária à saúde, 7% (1) professores universitários do curso de enfermagem e 7%(1) acadêmicos de enfermagem. No que diz respeito ao cenário do estudo, 29% (4) indicavam o hospital, 21% (3) não indicavam cenário, 21% (3) escola, 14%(2) universidade e 14% (2) atenção primária á saúde. No que tange ao tipo de coleta, 29%(4) foi bibliográfica, 21%(3) entrevista, 21%(3) questionário, 7%(1) entrevista+ observação+ nota de campo 7%(1) grupo focal e entrevista 7%(1) questionário+ bibliográfica. Em relação a análise, 29%(4) fizeram análise estatística, 29%(4) análise de conteúdo, 21%(3) indicavam análise temática, 7%(1) análise descritiva e 7%(1) análise representacional. Os resultados apontaram três categorias: formação profissional, necessidade de educação permanente e desafios na realização do cuidado. Na categoria formação profissional do enfermeiro (A2, A10, A11, A13), os estudos apontam as lacunas na formação do enfermeiro em relação ao tema, a necessidade de ofertar estudos acerca de como realizar o cuidado ás crianças com transtorno do espectro autista e sua família. Apontam os desafios que as enfermeiras enfrentam no seu cotidiano de trabalho, principalmente em relação à dificuldade de comunicação e de avaliação da saúde deste público. Sugerem estratégias de ensino integrativas e criativas para os alunos aprenderem e aplicarem as melhores práticas para o cuidado de pessoas com ASD sem sobrecarregar um currículo, como o uso de simulação e estudos de casos com pacientes ou familiares que demonstrem fenômenos relacionados ao cotidiano de cuidado do TEA. Na categoria necessidade de educação permanente de profissionais (A1, A2, A4, A5, A8, A9, A12, A14) as produções apontam a necessidade do profissional enfermeiro reconhecer e saber identificar padrões de desenvolvimento atípico, sinais e sintomas característicos da condição, possibilitando assim a correta orientação aos familiares oportunizando a possibilidade de diagnóstico precoce e início de tratamento e terapias. Considerar a sexualidade como um processo normal no desenvolvimento da criança com TEA e considerá-la no seu cuidado. Os estudos sugerem ainda a elaboração de materiais educativos de acordo com as necessidades de cada serviço de saúde para a sensibilização da equipe. Na categoria desafios na realização do cuidado à criança com TEA: (A1, A3, A6, A7, A12, A14), os resultados apontam as dificuldades que as enfermeiras enfrentam para fornecer cuidados adequados à criança com TEA por falta de conhecimento, má comunicação entre os profissionais, falta de coordenação do cuidado, o ceticismo familiar, comunicação ineficiente com a família, falta de tempo e falta de diretrizes que orientem a prática. A assistência muitas vezes torna-se fragilizada e por vezes os próprios profissionais demonstram preconceitos acerca da condição da criança.

Considerações Finais

A produção científica da enfermagem em relação à criança com transtorno do espectro autista e sua família, com ênfase na formação/atualização profissional apontou lacunas na formação profissional do enfermeiro, a necessidade de criar estratégias de inclusão da temática nos cursos de graduação, aponta a importância e a necessidade de educação permanente nos serviços de saúde em todos os níveis de atenção e sinaliza os desafios enfrentados pelos enfermeiros na oferta de cuidado à esse público, seja por falta de informação, problemas organizacionais e ainda falhas na comunicação entre a equipe de saúde e entre profissionais e famílias das crianças com TEA.

Palavras Chave

Criança
Transtorno do espectro autista
Enfermeiro
Formação profissional
Cuidado

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Autores

TASSIANA TASSIANA POTRICH, ROSANE GONÇALVES NITSCHKE, ADRIANA DUTRA THOLL, DANIELA PRISCILA OLIVEIRA DO VALE TAFNER, ALESSANDRA PAIZ, DIEGO TASSIANA POTRICH MENDES, PAOLA DA SILVA DIAZ, EZEQUIEL RODRIGUES DIAS