Datos del trabajo


Título

APROXIMAÇOES TEÓRICAS DA SOCIOLOGIA COMPREENSIVA COM O QUOTIDIANO DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E SUA FAMÍLIA

Introdução

A Sociologia Compreensiva e do Quotidiano do Sociólogo Francês Michel Maffesoli volta o olhar para a análise de tudo o que não é produzido pela racionalidade tradicional, isto é, trabalhar a liberdade do olhar. Possibilita a compreensão de um fenômeno de maneira complexa e singular apontando caminhos nas diferentes dimensões do cuidado a partir do quotidiano das pessoas. Nesta percepção, o quotidiano do cuidado da criança com Transtorno do Espectro Autista-TEA e sua família se mostra como algo complexo e singular, exigindo uma compreensão aprofundada deste cenário a fim de conhecê-lo e, a partir daí, possibilitar um cuidado que venha ao encontro de suas necessidades.

Objetivos

Refletir acerca da adoção do referencial teórico da Sociologia Compreensiva para compreender o quotidiano de cuidado da criança com Transtorno do Espectro Autista e sua família.

Desenvolvimento

Ao visualizar a Pós-Modernidade e no movimento de compreensão das nuances que permeiam o quotidiano expresso nos diversos cenários, Maffesoli deixa de lado o uso tradicional de conceitos e sugere o uso de noções. Estas, ao contrário dos conceitos, apresentam propostas flexíveis, factíveis de mudanças e em movimento cíclico que possibilitam compreender os fenômenos em seu movimento de maneira singular, a fim de estar mais perto da fluidez e da diversidade da vida em seu devir. Maffesoli aponta algumas noções que permeiam os cenários de vida e que nos auxiliam a compreender os fenômenos na sua complexidade dando possibilidade de apreender os fenômenos do quotidiano em sua inteireza. Em uma aproximação inicial ao quotidiano da criança que tem TEA e sua família, pode-se perceber que as particularidades, as similaridades, as dificuldades que simbolizam o viver destes grupos os caracteriza, conforme Maffesoli nos traz, como tribos. Segundo ele, as tribos constituem-se de pessoas que aparecem e se reconhecem em tal ou tal maneira de representar, de imaginar as maneiras de ser, constituindo-os como grupos. Ainda, algumas outras noções trazidas por Maffesoli para compreender estes cenários podem emergir no percurso deste estudo, dentre elas o quotidiano entendido como a maneira de viver dos seres humanos, expressa no dia-a-dia, através de suas interações, crenças, valores, imagens e símbolos, que constroem seu processo de viver, num movimento de ser saudável e adoecer, pontuando seu Ciclo Vital. Esse percurso pelo ciclo vital tem uma determinada cadência que caracteriza nossa maneira de viver, influenciada tanto pelo dever ser, como pelas necessidades e desejos do dia a dia, que se denomina como ritmo de vida e do viver. O quotidiano não se mostra apenas como cenário, mas sobretudo integra as cenas do viver e do conviver. Nesse quotidiano permeado por dificuldades, frustrações, medo, insegurança, dúvida pode estar presente a astúcia, vista como o conjunto de atitudes e situações cotidianas, que, de alguma forma, permite a resistência frente aos desafios vivenciados pelas famílias das crianças com TEA. Nesse movimento, as tribos se reconhecem como tal e buscam um estar-junto grupal, que consiste na espontaneidade vital que assegura sua força e solidez privilegiando o todo em relação aos diversos componentes individuais. Assim, nesse estar-junto, indo e vindo pela busca de possíveis respostas às suas inúmeras dúvidas, as famílias das crianças com TEA re(descobrem) o valor (não aquele que pode ser quantificado mas que pode ser sentido) da interação com os animais, seres desprovidos de pré-conceitos, julgamentos e detentores de sensibilidade e amor incondicional. Nessa relação entre criança e animal, estabelece-se uma comunicação não verbal, sensitiva por vezes “silenciosa” aos nossos ouvidos e indiferentes à nossa compreensão caracterizando laços ainda pouco compreendidos aos olhos científicos e técnicos, mas com significado imensurável. Maffesoli fala que a comunicação, seja ela verbal ou não verbal, constitui-se como uma vasta rede que liga os indivíduos entre si. Em uma perspectiva racionalista, apenas a verbalização configurava-se laço social. Com este olhar, muitas situações “silenciosas” escapam deste laço ou não são percebidas pelas relações . Inevitavelmente, pensamos em comunicação não verbal sempre como um “complemento” da verbal, demonstrada por meio de imagens, comportamentos, atitudes, expressões. Assim, nos perguntamos: e a criança com TEA que, por muitas vezes, tem sua comunicação verbal dificultada? Não seria a comunicação não verbal a protagonista de suas interações? Será que a sociedade está preparada para compreender, incluir e aceitar, saber viver e estar-junto com essas pessoas que tem seu jeito singular de ser e existir? Nesse cenário, a razão sensível se mostra indispensável para compreender as maneiras de viver e conviver da criança com TEA e sua família e a busca por uma possibilidade terapêutica que possibilite outras interações e potencialize suas habilidades como na Terapia Assistida por Animais. Assim, concordamos que é preciso considerar os afetos e o emocional, pois permitem integrar as forças do imaginário no entendimento holístico que se pode ter do estar-junto

Considerações Finais

O referencial de Michel Maffesoli, portanto, adequa-se ao estudo, pois apontam caminhos nas diferentes dimensões do cuidado a partir do quotidiano das pessoas, ressignificando o cuidado que vai para além da técnica, incitando-nos a mudar o olhar e a direção, para que possamos estar em sintonia com as diferentes situações do viver e do conviver. Deste modo, considerando as singularidades e complexidade do quotidiano das crianças com TEA e de suas famílias, entendemos ser necessário visualizar esse cenário com olhar sensível e singular, fazendo escolhas e traçando um percurso metodológico, fundamentadas nos pressupostos teóricos da sensibilidade e nas noções apresentadas por Maffesoli, para compreender essa maneira de viver e com(viver) entre seres humanos e animais, oportunizando possibilidades de cuidado que promovam a saúde.

Palavras Chave

Sociologia compreensiva
Atividades cotidianas
Criança
Transtorno do Espectro Autista
Família

Area

Saúde da Criança

Autores

TASSIANA POTRICH, Rosane Gonçalves Nitschke, ADRIANA DUTRA Tholl, DANIELA Priscila Oliveira do Vale TAFNER, SELMA MARIA DA FONSECA VIEGAS, DANIELA LAUREANO, MARTA NABARRO, MARIA LAURA CARBONERA