Datos del trabajo


Título

DESAFIOS, AVANÇOS E PERSPECTIVAS NA COMPREENSAO E VALORIZAÇAO DAS REDES DE AÇOES DE CUIDADO NO CONTEXTO FAMILIAR

Introdução

A promoção da saúde consiste em incluir pessoas e grupos no processo saúde-doença, de modo que possam identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o ambiente, o que significa compreender as pessoas e grupos como agentes promotores de vida. A ação de cuidado está em considerar que a saúde é um recurso aplicado à vida e não um objeto(1). A perspectiva apresentada reafirma a interface social da saúde e do cuidado, propondo uma projeção para a vida, o território e as relações socioculturais. Os arranjos de cuidado tomam dimensões que incluem a vivência e suas experiências, que podem ter outro espaço quando se determina a ouvir as verbalizações, compreender a lógica do sofrimento e as práticas de cuidado significativas na visão de mundo daquele contexto. Estas perspectivas poucas vezes são consideradas pelo profissional de saúde. O grupo de pesquisa em saúde rural e sustentabilidade, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, tem investigado as práticas de cuidado e o uso de plantas medicinais e bioativas, junto às famílias rurais do bioma pampa, constatado que estas organizam suas prioridades dentro da sua práxis, construída com a experiência e os recursos disponíveis. Verificou-se significativo uso de plantas para a manutenção da saúde e no tratamento de diferentes estados de desconforto e doenças. Prática passada de geração em geração, (re)construída entre os membros da comunidade. Nas visitas, às residências, uma prática de cuidado observada foi tintura de plantas medicinais, os frascos estavam etiquetados com o nome popular e armazenados uma farmácia caseira. O uso fora descrito como imprevisível, pois no dia-a-dia necessitam das plantas, que desaparecem dependendo da estação do ano, por isso buscam apreender sobre o preparo de tinturas.

Objetivos

A partir desta realidade de prática de cuidado familiar este resumo tem o objetivo identificar as redes significativas de cuidado ordenadas por prioridade, no contexto familiar rural.

Desenvolvimento

Para identificar essas redes apresenta-se um protótipo adaptado por Slusky(2) com base nos conceitos de Whight & Leahey(3) e Menéndez(4) e testada no projeto “Autoatenção e uso de plantas medicinais no bioma pampa: perspectivas para o cuidado de enfermagem rural(5)¨. O protótipo consiste em um círculo dividido em quatro quadrantes onde se situam as ações de cuidado em ordem de importância, demonstradas em um degrade de tonalidades, sendo que a mais intensa significa vínculo forte, e a mais clara o fraco. Identificou-se que as famílias sobrepõem cuidados, podendo mobilizar várias pessoas e diferentes ações. A intenção é objetivar este protótipo enquanto uma ferramenta que auxilie a potencializar o trabalho do enfermeiro para conhecer o contexto daqueles a quem presta cuidado. Acredita-se que este poderá otimizar o vínculo com as famílias, ampliando a capacidade de raciocínio clínico e as negociações entre os sistemas de cuidado, estimulando a tomada de decisão em conjunto, revertendo as ações em qualidade de vida. Na interação com a família, considera-se de extrema importância ouvir a experiência que trazem diante de adversidades que superaram ou estão vivenciando. A investigação se deu ao questionar e solicitar que relatassem as ações realizadas diante da situação de cuidado em que emergiu o discurso, do qual tem experiência e elenque a ordem adotada. Na investigação realizada em 25 municípios do bioma pampa, as ações mais significativas de cuidado relatadas foram: repouso alimentar, diálogo entre marido/esposa e uso de planta medicinal. Observou-se que estas ações acontecem sem alterar a rotina, sendo que o cuidado subsequente de repouso físico já mobiliza para algo mais grave, interferindo no trabalho, tencionado para a ampliação do diálogo entre a família (filhos próximos/irmãos), vizinhos e filhos que residem na zona urbana. Se a ação de cuidado não reverte o desconforto, seguem mobilizados ao encontro de outras ações ao seu alcance como: ir consultar no posto de saúde e ou procurar o benzedor ou a pessoa mais velha da família que tenha conhecimentos acumulados no uso de plantas medicinais.

Considerações Finais

A utilização do protótipo permitiu compreender a dinâmica e as especificidades do sistema de cuidado das famílias contempladas no estudo. Cabe destacar que embora se constatem avanços em relação à oferta de serviços oficiais de saúde no espaço, há lacunas quanto à capacitação dos profissionais, para que os mesmos possam atuarem de forma que se aproximem da intersetorialidade, contemplem a realidade dos diferentes territórios e possibilitem compreender as práticas de autoatenção e as integrem ao sistema de saúde oficial. Por fim, é importante apontar que, frequentemente, os profissionais de saúde, por possuírem uma orientação formativa de controlar, aferir e monitorar as ações voltadas ao viver humano, apresentam dificuldades em agregar aos cuidados componentes da cultura, que integram o contexto de ser saudável. Este protótipo facilita a aproximação e o vínculo com as famílias, visto que apoia iniciativas de cuidado que potencializem a vida e contribuem para a autonomia.
Referências
1. Organización Mundial de la Salud. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional 2002-2005. Genebra: 2002.
2. Sluzki CE. A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
3. Wright LM, Leahey M. Enfermeiras e famílias: um guia para avaliação e intervenção em família. 5ª ed. Roca: 2012.
4. Menéndez EL. Modelos de atención de los padecimientos: de exclusiones teóricas y articulaciones prácticas. Ciênc. saúde coletiva. 2003; 8(1):185-07.
5. Heck RM. Relatório do Projeto Autoatenção e o Uso de Plantas Medicinais no Bioma Pampa: Perspectivas Para o Cuidado de Enfermagem Rural. Pelotas, 2017.

Palavras Chave

Saúde da Família; Saúde da População Rural; Enfermagem Rural.

Area

Saúde Coletiva

Autores

Ângela Roberta Alves Lima, Rita Maria Heck, Eliana Buss, Teila Ceolin