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Título

ESCOLHA DO TRATAMENTO PARA A DOENÇA RENAL CRONICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE BRASIL E MEXICO

Introdução

A doença renal crônica (DRC) tem sido reconhecida como um problema de saúde pública pela elevada incidência e prevalência (1,2). Entre as modalidades de terapia renal substitutiva (TRS), a utilização da hemodiálise (HD) é superior à diálise peritoneal (DP), tanto no Brasil quanto em diversos países (1,2). Entretanto, o México é o segundo país com maior número de pessoas em DP, ficando atrás apenas da China (1), e no Brasil dados do Censo Brasileiro de Diálise vem apontando um crescente número de pessoas ingressando nesta modalidade (2). No entanto, nestes países poucos estudos tem explorado a tomada de decisão, considerando a perspectiva da pessoa com DRC, sobre qual terapia de substituição renal utilizará. Tal tema necessita ser considerado, uma vez que pacientes e familiares, querem participar da escolha da modalidade, e na ausência de contraindicações, o tratamento deve ser aquele que melhor atenda as necessidades e preferências das pessoas considerando suas atividades diárias e estilo de vida (3,4).

Objetivos

Descrever e comparar as percepções que as pessoas com doença renal crônica, do Brasil e do México, têm sobre o processo de escolha e tomada de decisão da terapia renal no momento do diagnóstico da doença.

Método

Estudo qualitativo, etnográfico, a partir de uma perspectiva crítico interpretativa. Participaram 32 pessoas com DRC em diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD), Jalisco, México e Rio Grande do Sul, Brasil. Os dados foram coletados no período de abril de 2013 a junho 2016, mediante entrevista aberta e semiestruturada, além de observação participante, e registros em notas de campo. Os dados foram organizados e gerenciados pelo Software Ethnograph 6.0. A análise ocorreu por meio da análise de conteúdo. No México, foram cumpridos os princípios éticos da Declaração de Helsinque; além da utilização do consentimento informado para registrar as entrevistas, sendo assegurado o anonimato e a confidencialidade dos dados. No Brasil respeitaram-se os aspectos éticos conforme Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, assinatura do termo de consentimento livre esclarecido, e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o número 538.882.

Resultados

Os participantes, tanto do México como do Brasil, mencionaram que no início da DRC não possuíam conhecimento sobre as modalidades de TRS, uma vez que, os profissionais de saúde proporcionaram pouca informação a respeito e, ao final não tiveram oportunidade de escolher e decidir sobre a modalidade que consideravam ser mais conveniente. No Brasil, a principal modalidade sugerida foi HD, enquanto que no México a DP.
No Brasil a escolha da modalidade de diálise a ser realizada foi de escolha médica devido à condição clínica das pessoas sendo necessário intervir de forma emergencial com início do tratamento mediante a HD. Os possíveis motivos descritos pelos participantes que justificaram o início com HD foram: diagnóstico tardio da doença e, encaminhamento tardio para assistência especializada. Para a maioria destes, a DP foi à segunda opção e isto, ocorreu devido à exaustão da rede venosa, restando para eles apenas a DP como única opção de tratamento. Poucas pessoas tiveram possibilidade de escolher a DP, sendo os que estavam em tratamento conservador, os mais jovens para seguir trabalhando e ou estudando, e por viverem na área rural. Em outros casos, alguns familiares participaram da tomada de decisão indo de encontro com a decisão médica. A maioria desconhecia a DP como modalidade de tratamento; além do medo de complicações como infecções.
Por outro lado, no México a situação apresentou-se de forma diferente devido à DP ser a primeira opção de tratamento, principalmente por ser a terapia de menor custo econômico. Os participantes mencionaram, da mesma forma como os do Brasil, que, devido à emergência da diálise, foram submetidos ao centro cirúrgico para implantação do cateter e necessidade de iniciar imediatamente o tratamento. No entanto, vários deles manifestaram que desconheciam a DP e não sabiam que seria para toda a vida, ou até que mudassem de terapia, porém acreditaram que seria algo temporário. No caso daqueles que tinham conhecimento das terapias, porém não possuíam previdência social naquele momento, quando mencionaram que preferiam iniciar a HD, o médico sugeria que o melhor era a DP por ter um custo econômico menor. Os participantes de ambos os países mencionaram que gostariam de ter tido mais acesso as informações sobre o assunto e participar da tomada de decisão e escolha do tratamento.

Considerações Finais

Constatou-se que em ambos os países, Brasil e México, não ocorreu um processo participativo para escolha da TRS, devido ser o médico o único pela tomada de decisão. Em relação às modalidades prescritas, no México, parece que a predominância da DP responde às condições econômicas da população e à falta de cobertura do sistema de saúde. Entretanto, no Brasil a HD foi vista como primeira opção atendendo a emergência da pessoa, por preferencia do profissional e serviços. Frente ao exposto, coloca-se em questão se a decisão de escolher uma ou outra modalidade de tratamento corresponde às necessidades do paciente ou responde ao contexto socioeconômico do país ou aos interesses dos serviços de saúde. No entanto, existem outros fatores que deveriam ser levados em consideração para escolha, como: condição clínica, duração do tratamento, condições do domicílio, distância e tempo de deslocamento para acessar os serviços de diálise, o equipamento necessário, entre outros. Frente ao exposto, mais pesquisas devem ser realizadas com pessoas com DRC e familiares sobre o processo de tomada de decisão e escolha da modalidade de tratamento.
Referências
1. Liu F, Gao X, Inglese G, Chuengsaman P, Pecoits-Filho R, Yu A. A global overview of the impact of peritoneal dialysis first or favored policies: an opinion. Perit Dial Int. 2015;35(4):406-20.
2. Sesso RC, Lopes AA, Thomé FS, Lugon JR, Martins CT. Inquerito Brasileiro de Diálise Crônica 2016. J. Bras. Nefrol. 2017;39(3):261-266.
3. Lee A, Gudex C, Povlsen JV, Bonnevie B, Nielsen CP. Patient’s views regarding choice of dialysis modality. Nephrology dialysis transplantation, 23(12):3953-3959, 2008
4. Keeney S, McKenna H. An exploration of the choices of patients with chronic kidney disease. Patient Preference and Adherence 2014;8:1465-1474.

Palavras Chave

Insuficiência renal crônica; Diálise peritoneal; Tomada de decisões

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

Universidad del Valle de México - - Mexico, Universidade Federal de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Juliana Graciela Vestena Zillmer, Blanca Alejandra Díaz Medina