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Título

PRODUÇAO DE SENTIDOS PARA A COMUNICAÇAO NO CAMPO DA SAUDE: A TENSAO DA PARTICIPAÇAO PELO OLHAR DAS PERSPECTIVAS DA COMUNICAÇÃO

Introdução

A presente proposta traz como elemento central a tensão da participação que se estabelece no campo da saúde a partir de um olhar sobre os processos comunicativos. Toma-se como referencial a relação de uma comunicação construída a partir de uma perspectiva relacional da comunicação – que tem como elemento constitutivo a produção de sentidos nos mais diferentes contextos que atuam os sujeitos -, com perspectivas mais clássica da comunicação - que compreendem o processo comunicativo como uma transmissão unidirecional de informações desde um emissor detentor de conhecimento para um receptor que pouco ou nada conhece sobre sua saúde. Esta proposta situa-se no âmbito da investigação de doutorado realizada na Universidade Autônoma de Barcelona, cujo tema é o campo da Comunicação e Saúde no Brasil.

Objetivos

A pesquisa esteve orientada a analisar o campo da comunicação e saúde a partir do debate dos diferentes usos das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na saúde e seus efeitos nos processos participativos em dois dispositivos localizados no âmbito do SUS, o programa Telessaúde Brasil Redes e a Rádio Maluco Beleza (programa de rádio protagonizado pelos usuários do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, município de Campinas – SP), desde uma perspectiva relacional da comunicação, definida por um processo de produção de sentidos no marco de um contexto social e cultural.

Método

Na pesquisa, optei por realizar um estudo de caso a partir destes dois espaços, na medida em que possibilitou uma aproximação à realidade dos processos comunicativos no campo da saúde e sua diversidade, considerando que não existem práticas homogêneas de cuidado. Tomados como casos múltiplos de análises, representam uma imersão no campo orientada a descobrir, captar e compreender as dinâmicas presentes nos contexto singulares escolhidos. Dessa maneira, me permitiu aprofundar no debate dos distintos usos que podem existir das TIC no campo da saúde e a tensão que estabelece na participação das pessoas a partir das diferentes perspectivas que atravessam o pensar e o fazer comunicativo.

Resultados

Destaca-se que a experiência brasileira no campo da saúde tem características como traço constitutivo da própria construção no campo das políticas públicas, e que influenciam distintas formas de participação e suas diferentes experiências comunicativas. Dentro do mesmo território, a Atenção Básica, onde se localiza o Telessaúde Brasil Redes, e a Saúde Mental, onde encontramos a Rádio Maluco Beleza, enunciam práticas de cuidado distintas e constroem, em conseqüência, relações aparentemente opostas de seus processos comunicativos e participativos.
O território da AB prevê desenhos mais clássicos e formais para a participação, estabelecida em lugares determinados como o controle social, o que provoca efeitos nas suas ofertas comunicativas, como o Telessaúde Brasil Redes, que na sua lógica de comunicação tem por objeto da recepção uma intervenção técnica e unidirecional. A preocupação que orienta este modelo é alcançar o máximo de rendimento na transmissão de mensagens para determinados públicos, limitando as possibilidades de interação e negociação dos sentidos.
Por outro lado, o campo da saúde mental tem a influencia de uma luta marcada por apostas distintas de ver o sofrimento das pessoas e pelo rompimento com componentes clássicos da intervenção médica, como os manicômios ou a psiquiatria medicalizante Desta maneira, abre espaços para que outras perspectivas sejam incorporadas aos processos comunicativos, como é o caso da Radio Maluco Beleza, que trabalha desde uma visão de produção e circulação de outros sentidos para os discursos sobre a loucura e a doença, como também aposta em outro fazer comunicativo, onde todo o processo é levado a cabo por usuários, comunicadores e trabalhadores da saúde.
Destaca-se que a possibilidade de uma comunicação feita pelos usuários, desde uma perspectiva relacional, que contempla instâncias de produção, circulação e reconhecimento, tem grande potencial de ampliar e aprofundar as possibilidades de expressão e promover a participação das pessoas, fazendo emergir outros sentidos e reconhecendo que todos são produtores de conhecimento sobre a saúde. Em lugar do tradicional esquema de emissor-mensagem-receptor, a perspectiva relacional não só coloca os usuários como produtores ativos dos processos comunicativos, como promove outras redes de existência e pertencimento, contribuindo na melhora do cuidado em saúde.

Considerações Finais

A partir das reflexões propostas, pensar a participação nas estratégias comunicativas no campo da saúde, a partir do debate dos usos das TIC, pressupõe, em primeiro lugar, afirmar que nas distintas perspectivas da comunicação existe uma forma de participar. Em segundo lugar, e como conseqüência, interessa pensar, por um lado, o que significa participar sob influencia de uma perspectiva informacional, a qual pressupõe uma participação que está localizada na recepção de informações, que busca um processo livre de ruídos e que tem por objetivo ativar uma mudança de comportamento das pessoas em relação aos hábitos de saúde. Por outro lado, quais relações emergem quando os contextos, os atores constituídos como sujeitos ativos, as necessidades, sejam elementos em destaque e onde são negociados os distintos sentidos que pode adquirir a saúde e vida.
A interpretação dos usuários sobre os fatos do cotidiano, inclusive sua doença, é uma produção de saberes não contemplada nos espaços hegemônicos. A comunicação dentro desta lógica, em lugar de valorizar os discursos tradicionalmente autorizados, fomenta a participação e reconhece a existência de uma polifonia social, com a capacidade de acolher e amplificar as muitas vozes que comportam uma multiplicidade de significados para a saúde e a vida.
A participação está relacionada à possibilidade de circulação e negociação da multiplicidade de sentidos existentes, reconhecendo praticas e saberes dos diferentes atores da saúde – trabalhadores e usuários – e a relação que se estabelece no encontro entre eles. Refere-se a um espaço em que uma pessoa possa tomar uma posição para falar sobre seus conhecimentos, seja sobre sua saúde, seu corpo, como também outros temas de interesse. Esse posicionamento extrapola os discursos oficiais, científicos, etc, e pode caracterizar processos participativos mais equitativos e democráticos.

Palavras Chave

Comunicação e saúde, participação, perspectiva relacional, produção de sentidos

Area

Comunicação e Saúde

Instituciones

Universidad Autónoma de Barcelona - - Spain

Autores

Nathália Silva Fontana Rosa