Datos del trabajo

Título

Qualidade de vida na sobrevivência ao câncer: uma metassíntese

Introdução

Ser sobrevivente oncológico define-se pelo processo ou estado de viver após o diagnóstico, durante e além da doença. A presença constante do medo da recorrência tumoral e as repercussões físicas, psicológicas e sociais das terapêuticas afetam a qualidade de vida (QV) dos sobreviventes do câncer. No contexto da sobrevivência, há ausência de revisões que sintetizem e interpretem resultados de pesquisas sobre a experiência da QV dos sobreviventes a partir da perspectiva cultural. Deste modo, percebe-se a necessidade de identificar as evidências produzidas sobre QV de sobreviventes oncológicos e compreender como eles a experienciam de acordo com os recursos sociais disponíveis.

Objetivos

Sintetizar e interpretar evidências científicas qualitativas sobre a experiência da QV de sobreviventes com câncer.

Método

Seguiu-se o percurso metodológico da metassíntese e adotou-se a seguinte questão norteadora: “Quais são as evidências científicas subjetivas existentes na literatura sobre a experiência da QV de sobreviventes do câncer?” Esta revisão foi registrada no Registro Prospectivo Internacional de Revisões Sistemáticas (Prospero), sob o número CRD42018081836. Sete bases de dados foram consultadas sistematicamente, nomeadamente PubMed, CINAHL, PsycINFO, EMBASE, SCOPUS, Web of Science e LILACS. As buscas foram limitadas a estudos publicados entre os anos de 2000 e 2017, nos idiomas português, espanhol e inglês. As buscas identificaram 2861 registros e, após remoção dos duplicados, leitura de títulos e resumos e leitura na íntegra dos estudos elegíveis, um total de 31 estudos foram incluídos. Os estudos selecionados foram avaliados em termos de qualidade e validade interna de acordo com o instrumento Critical Appraisal Skills Programme (CASP). Para a elaboração da síntese, os resultados dos estudos foram extraídos de acordo com a pergunta da metassíntese e submetidos à análise temática indutiva. A robustez da síntese e a confiança nos resultados da revisão foram determinados usando a abordagem Confidence in the Evidence from Reviews of Qualitative research (CERQual).

Resultados

Os estudos incluídos foram realizados em 11 países: 12 nos EUA, quatro na Austrália, três na Suécia, três no Canadá, dois no Reino Unido, dois no Brasil, um na Finlândia, um no Chile, um no Bahrain, um na China e um no Irã. Diversos delineamentos qualitativos foram empregados nos estudos analisados, sendo que a maioria coletou dados mediante entrevistas semiestruturadas, embora também tenham sido adotadas outras técnicas de entrevista. A análise dos resultados dos estudos incluídos permitiu a construção de três temas que refletem a experiência da QV na perspectiva dos sobreviventes do câncer, que são: 1) O corpo como representação da QV (alta confiança): A sobrevivência inicia no diagnóstico do câncer, momento carregado de sofrimento e descrença diante da gravidade da doença, que culturalmente é associada à morte. Desordens no corpo físico como dor, fadiga, alopecia, alteração na sexualidade, náuseas e vômitos, foram as repercussões físicas mais comumente relatadas, ocasionadas pelas terapêuticas oncológicas. Essas alterações no corpo físico, o medo da recorrência do câncer, a incerteza do futuro e a autoimagem alterada foram fonte de sofrimento psicológico. Os sobreviventes citaram ansiedade, tristeza, depressão e estresse. As marcas corporais do câncer influenciaram o funcionamento social. Ajustes foram feitos para atender às novas demandas físicas, como diminuição de atividades de lazer, mudança na vestimenta, na alimentação e no trabalho. Todas essas repercussões contribuíram para a representação da QV. 2) Viver após o câncer: a ressignificação da QV (moderada confiança): Há a ressignificação da QV pelos sobreviventes, que é expressa pelo privilégio de estar vivo após uma doença considerada grave. Apesar do desejo de retornar à normalidade do corpo anterior ao câncer, os sobreviventes buscam QV satisfatória. Sentir-se bem emocionalmente, ter boa convivência familiar e com os amigos, alcançar conquistas na vida e bem-estar espiritual foram os novos sentidos atribuídos à QV, que foi representada pelas mudanças de prioridades, estilo de vida e crescimento pessoal. 3) Recursos utilizados para a melhora da QV (moderada confiança): Alguns recursos foram utilizados para auxiliar na manutenção e aumento da QV dos sobreviventes. A família foi a principal fonte de apoio, seguida dos cônjuges para os casados e dos amigos para os solteiros. Em alguns casos, os pares foram outra fonte de apoio potencial. Os apoios emocional e informacional, quando oferecido pelos profissionais, foram benéficos para a QV. A espiritualidade e a esperança foram recursos intrínsecos para lidar com a experiência da sobrevivência ao câncer. A adoção de práticas integrativas e complementares em saúde representou uma atitude esperançosa para melhorar a QV.

Considerações Finais

Esta revisão fornece uma síntese da experiência da QV de sobreviventes com câncer. Três temas foram construídos que refletem a experiência da QV, um corpo resignado pelas repercussões físicas dos tratamentos e suas consequências nos aspectos sociais e emocionais da QV dos sobreviventes. Um novo sentindo de normalidade é construído com base no agenciamento e há a ressignificação da QV com o apoio dos recursos sociais e intrínsecos, da esperança e da espiritualidade. Todas essas ações e experiências da QV são regidas pelas normas sociais e culturais presentes no contexto dos sobreviventes. Os achados dessa revisão apresentam alta e moderada confiança e demonstram que a abordagem multidisciplinar e integral do ser humano, bem como as orientações individuais e em grupo aos sobreviventes podem auxiliar no manejo das repercussões emocionais, físicas e sociais, contribuindo para o alívio do sofrimento e melhora da QV.

Palavras Chave

Neoplasias; Sobreviventes; Qualidade de vida; Revisão; Pesquisa qualitativa.

Area

Qualidade de vida