Datos del trabajo


Título

VIVENCIANDO O INESPERADO: FORTALEZAS E FRAGILIDADES DAS MAE QUE REALIZAM O METODO CANGURU

Introdução

A incidência de nascimento prematuro e suas consequências associadas definem a prematuridade como um grave problema de saúde pública. O Método Canguru é uma metodologia de cuidado ao neonato que foi inicialmente idealizado na Colômbia no ano de 1979 no Instituto Materno Infantil de Bogotá, pelo Dr. Reys Sanabria e Dr. Hector Martinez1. Inicialmente a proposta tinha como objetivo reduzir os custos da assistência perinatal. No Brasil, o enfoque do Método é melhorar os cuidados prestados ao recém-nascido pré-termo, favorecendo o contato pele a pele, promover maior vínculo afetivo, além da alta hospitalar precoce com acompanhamento ambulatorial, possibilitando a desmedicalização e desospitalização1. Ao refletir sobre o cotidiano das mães que vivenciam a internação de seu filho pré-termo, encontra-se uma mulher tão fragilizada quanto a criança que nasceu antecipadamente. Assim, este estudo traz a seguinte indagação: Quais as percepções da mãe que vivencia o Método Canguru durante a internação de seu filho pré-termo?

Objetivos

Conhecer as percepções da mãe que vivencia o Método Canguru durante a internação de seu filho pré-termo.

Método

Este é um estudo descritivo com abordagem qualitativa, que foi realizado no período de junho a outubro de 2017, a partir de entrevistas individuais com 9 mulheres/mães de bebês pré-termos e/ou baixo peso, que participavam de alguma das etapas do Método Canguru no momento da coleta dos dados, em uma maternidade pública, no município de Joinville–SC. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê Ética Pesquisa sob o nº 2.212.546. A análise dos dados foi realizada a partir da Análise Temática proposta por Minayo2, que é descrita em três etapas: Pré-Análise, Exploração do Material, e Tratamento dos Resultados Obtidos e Interpretação.

Resultados

A idade das mães variou de 20 a 34 anos, e estas mencionaram como ocupação funções de professora, empreendedora, advogada, auxiliar de escritório e servente de limpeza, considerando três do lar e uma desempregada. No que se refere aos dados gestacionais das participantes, quatro eram primíparas e cinco multíparas, no entanto todas vivenciavam o Método Canguru pela primeira vez. Referente a idade gestacional, todas tiveram o seu filho antes da 34ª semanas de gestação. Igualmente todas as participantes realizaram o pré-natal, que variou de 2 a 11 consultas. Vivenciar a internação de um filho, sobretudo quando este é um recém-nascido pré-termo é um evento estressante para a família. As mães entrevistadas revelam sentimentos de medo, angústia, culpa, incapacidade, tristeza, insegurança, desespero, dúvidas. No entanto, esta vivência exprime um momento de resiliência para estes sujeitos, sendo experimentados sentimentos de alegria, carinho, amor, luta, vitória. “Tem dias que eu me desespero, cada dia é um dia diferente. No começo me sentia insegura, tinha medo de chegar lá e receber uma notícia que a gente não espera. Agora, o sentimento é de amor e alegria, a cada dia uma evolução” (Cravo). Os desafios desta nova mãe incluem a angústia quanto as habilidade para cuidar de um bebê tão pequeno e aparentemente tão frágil. “Sentimento que a cada etapa é uma grande vitória! E ao mesmo tempo o medo de pegar ela por ser tão pequenininha” (Azaleia), bem como a difícil tarefa de se dividir entre os demais membros da família e o filho internado: “É estressante ter que se dividir com a família lá em casa, e estar aqui com ela todos os dias” (Margarida). No que se refere às fortalezas para essas mulheres/mães, ficar próxima ao bebê, participar de seus cuidados, sentir-se mãe, amamentá-lo, saber que a equipe estará disponível ao seu filho, aprender a lidar com os riscos da prematuridade, reconhecer as necessidades de seu bebê, passar dias e noites dentro da maternidade, superando suas dificuldades são modos de enfrentamento utilizados pelas mães para lidar com as emoções e sentimentos decorrentes da internação. Dentre as dificuldades, o que mais chama a atenção é a sensação de falta de pertencimento, de sentir o filho como seu e não como da equipe de saúde. “É difícil enfrentar, você não poder pegar no colo, não poder tocar, abraçar... O primeiro desejo da mãe quando a criança nasce é pegar no colo e acariciar, e isso não pode. [...]” (Margarida). O Método Canguru representa uma possibilidade de empoderamento materno com relação aos cuidados a seu filho “Olha, todas as mães deveriam fazer o canguru, porque você volta aliviada e realizada para casa. Por mais que tem que ir embora, você sente aquele sentimento de dever cumprido, dedicar nem que seja uma horinha do dia para ficar e pensar só nela.” (Petúnia).

Considerações Finais

O período de internação do bebê pré-termo é marcado pela assistência focada na criança, e a mãe muitas vezes desenvolve apenas o papel coadjuvante nos cuidados de seu filho. Percebe-se uma limitação da equipe de saúde em conciliar a assistência ao neonato e atender as necessidades emocionais das mães, incluindo-as nos cuidados do seu filho. É necessário refletir sobre o papel das mães no processo do Método Canguru, e a importância da equipe multiprofissional oferecer uma assistência de qualidade e individualizada, com ênfase no olhar para estas mulheres/mães como sujeitos participantes do processo. A mãe percebe a internação de seu filho a partir de um misto de sentimentos, os quais a partir do Método Canguru e apoio da equipe são capazes de transformar experiências muitas vezes negativas em crescimento e aprendizado.

Palavras Chave

Descritores: Método canguru; Recém-nascido; Relações Mãe-Filho

Area

Saúde da Criança

Instituciones

Maternidade Darcy Vargas - Santa Catarina - Brasil

Autores

Tâniélyn Tuan Testoni, Roberta Costa, Luana Cláudia dos Passos Aires