Datos del trabajo


Título

A INSERÇAO DO HOMEM NO PRE-NATAL E O PROCESSO DE CONSTRUÇAO DA PATERNIDADE

Introdução

Historicamente, na sociedade ocidental, tem ocorrido a valorização da maternidade em detrimento da paternidade, fato que decorreria da constante reafirmação do papel de genitora e cuidadora atribuído às mulheres e a função de provedor financeiro do lar, associado às concepções de masculinidade hegemônica conferida aos homens. Tais construções socioculturais corroboraram para o distanciamento de homens dos serviços de saúde e do cuidado com seu próprio corpo e de sua família1. Com a finalidade de promover a qualificação da saúde da população masculina foi instituída, no ano de 2009, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem que aponta eixos prioritários e norteadores para sua efetivação, abrangendo os homens em suas singularidades, visando apresentar proposições resolutivas aos seus problemas de saúde2. Dentre os referidos eixos destaca-se a Paternidade e o Cuidado, cujo principal objetivo é conscientizar os homens e incentivá-los acerca do acompanhamento ativo do pré-natal, parto e pós-parto de suas companheiras, assim como no cuidado das mesmas e de seus filhos, possibilitando o estabelecimento de vínculos afetivos profícuos para a tríade mãe-pai-filho3.

Objetivos

Objetivo: Compreender a percepção de homens sobre a sua inserção na consulta pré-natal no que diz respeito à construção da paternidade.

Método

Métodos: Pesquisa qualitativa de natureza exploratória, cuja coleta de dados se deu entre os meses de abril e maio de 2017 em uma unidade básica de saúde conjugada da capital mato-grossense. Foi utilizado como critério de inclusão ser homem que acompanhou gestantes durante as consultas de pré-natal na unidade básica de saúde no referido período. Foram excluídos, aqueles que nunca entraram na sala de consulta e/ou que participaram do pré-natal há mais de seis meses, resultando em dez sujeitos. Para a coleta de dado foi utilizada a técnica de entrevista semiestruturada que teve como temática central a percepção do homem sobre a sua participação na consulta pré-natal. As entrevistas foram gravadas e transcritas para constituição do banco de dados. Os dados foram analisados com a aplicação da técnica de Análise Temática em conformidade com a proposta de Bardin4. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller sob o protocolo nº 41468814.7.0000.5541, parecer nº 953.428, atendendo às normas da Resolução 466/12 CNS/MS5 e está vinculado à pesquisa “Condições de saúde da população masculina de Cuiabá, Mato Grosso do Grupo” conduzida por pesquisadores do Grupo de Pesquisa Argos-Gerar da Universidade Federal de Mato Grosso.

Resultados

A análise das entrevistas permitiu conhecer melhor a percepção destes homens acerca de sua inserção no pré-natal e a relação por ele estabelecida entre esta inserção e a construção da paternidade. Ao serem questionados sobre o significado de participar das consultas, vários sujeitos afirmaram ser grande importância tal participação uma vez que esta atitude contribuiu significativamente para o repensar sobre seu papel de pai e para o fortalecimento de vínculo junto à companheira e a criança que está por vir, corroborando resultados de diversos estudos sobre esta temática1,2,6,7,8. A literatura científica9,10 aponta que homens que participam do pré-natal de suas companheiras estão mais preparados para lidar com as etapas do ciclo gravídico-puerperal, tornando-se fonte de apoio emocional/físico e referência para a mulher, pois possuem maior entendimento sobre as alterações que acontecem com suas companheiras/mãe de seu filho e filhos nestas fases, oferecendo-lhes maiores subsídios e apoio11. À medida que estes homens se envolvem neste processo, por meio da busca de conhecimento, transmite maior segurança à mulher, bem como tende a ocorrer o reforço aos laços afetivos, pois reconhecem que este momento se torna uma oportunidade de preparo para vivenciar a paternidade, criando maior intimidade e envolvimento com gestante e filho, minimizando a insegurança e ansiedade assim como foi relatado pelos participantes deste estudo. Outro dado corroborado por diversos estudos relaciona-se ao fato de que a participação destes homens nas consultas de pré-natal transmite sentimentos de confiança, tranquilidade e amor para a gestante e filho, de modo a desmistificar os medos relacionados a estes momentos, proporcionando aos homens períodos de alegria e orgulho por estarem presentes, levando maior aproximação entre os envolvidos. Os entrevistados afirmaram que participar das consultas e presenciar a realização de exames, como o de ausculta dos batimentos cardiofetais, por exemplo, seria uma forma de sentir a concretização da gestação, visto que dado a anatomia e fisiologia masculina, estes não conseguem sentir em seus corpos as transformações sofridas durante a gestação8. Estudo12 mostra que a presença dos homens no pré-natal tem mudado, e que esses passam a participar mais ativamente da gravidez na medida em que se sentem valorizados pelos profissionais de saúde e pela gestante, deixando a postura omissa e afetivamente distante, adotando uma atitude mais ativa e participativa. Para tanto, torna-se necessário também, que a mudança se dê no âmbito dos serviços de saúde, com novas posturas adotadas pelos profissionais que acompanham o pré-natal.

Considerações Finais

Diante do exposto, inferimos que a participação dos homens nas consultas de pré-natal é de fundamental importância na tríade mãe-pai-filho, uma vez que além de produzir conhecimentos que influenciarão diretamente em suas relações de cuidado, viabilizarão o estreitamento de vínculos entre estes. Para tanto faz-se necessário a mudança da prática do profissional de saúde, principalmente, de enfermagem para que promovam maior estímulo na participação dos homens nas consultas de pré-natal. A participação deste público a partir de um entendimento do trinômio mãe-pai-filho deve ser vista como uma forma de implementar a PNAISH, para que os homens sejam vistos como sujeitos ativos na gestação, produtor de cuidado, construtor da paternidade e pertencentes aos espaços de saúde.

Palavras Chave

Saúde do Homem; Pré-natal; Paternidade.

1- Ribeiro CRR, Gomes R, Moreira MCN. Encontros e desencontros entre a saúde do homem, a promoção da paternidade participativa e a saúde sexual e reprodutiva na atenção básica. Physis Revista de Saúde Coletiva. 2017; 27(1): 41-60.
2- Chakora ES. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Esc Anna Nery. 2014; 18(4): 559-561.
3- Moura AR, Fonseca DGP. A importância da política nacional de atenção integral a Saúde do homem na atenção primária à saúde na visão de Enfermeiros em uma cidade do interior de Minas Gerais [acesso em 24 de março de 2018]. Disponível em: http://jornal.faculdadecienciasdavida.com.br/index.php/RBCV/article/view/722/353.
4- Bardin L. Análise do conteúdo. Edições 70, Lisboa; 2011.
5- Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n° 466, 2012. Diretrizes e Normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos [Resolução na internet]. Brasília, 13 jun. 2013. Seção 1, (59). Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/reso466.pdf.
6- Matos MG, Magalhães AS, Feres-Carneiro T, Machado RN. Construindo o vínculo pai-bebê: A experiência dos pais. Psico-USF [online]. 2017; 22(2): 261- 271.
7- Ribeiro JP, Gomes GC, Silva BT, Cardoso LS, Silva PA, Strefling ISS. Participação do pai na gestação, parto e puerpério: refletindo as interfaces da assistência de enfermagem. Revista Espaço para a Saúde. 2015; 16(3): 73- 82.
8- Petito ADC, Cândido ACF, Ribeiro LO, Petito G. A importância da participação do pai no ciclo gravídico puerperal: uma revisão bibliográfica. Revista Eletrônica da Faculdade de Ceres. 2015; 4(1).
9- Ferreira TN, et al. A Importância Da Participação Paterna Durante O Pré-Natal Percepção Da Gestante E Do Pai No Município De Cáceres – MT. Revista Eletrônica Gestão & Saúde. 2014; 5(2): 337- 345.
10- Figueiredo MGAV, Marques AC. Pré-natal: experiências vivenciadas pelo pai. Cogitare Enferm. 2011;16(4):708-713.
11- Newmann ABT, Garcia CTF. A percepção da mulher acerca do acompanhante no processo de parturição. Revista contexto saúde. 2011; 10(20):113-22.
12- Pereira D, Alarcão M. Avaliação da parentalidade no quadro da proteção à infância. Temas em psicologia. 2010; 18(2):499-517.

Area

Saúde do Homem

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil

Autores

Kauana Meire Pereira Guerra, Sáskia Eduarda Lorenzetti Alves, Isabele Torquato Mozer, Áurea Christina de Paula Corrêa, Luanna de Arruda e Silva Dalprá, Renata Marien Knupp Medeiros