Datos del trabajo


Título

TRAJETORIA METODOLOGICA DO TRABALHO DE CAMPO EM PESQUISA DE ESTUDO DE CASOS

Introdução

O Marco de Sendai para Redução do Risco de Desastres, dentre as prioridades de ação, propõe desenvolver pesquisas e tecnologias sobre riscos e às soluções de gestão de desastres, incluindo profissionais da saúde nas estratégias em nível local e nacional1. O método qualitativo na pesquisa do fenômeno dos desastres considera as circunstâncias que se tem em função da fase do evento e o contexto em que se dá o estudo, influenciando no emprego de métodos e instrumentos2. O estudo de casos consiste em investigação empírica que focaliza fenômenos contemporâneos dentro do seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidos e o pesquisador tem pouco ou nenhum controle sobre os acontecimentos ou comportamentos estudados3. Pesquisa em andamento, contando com apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Santa Catarina, Edital PPSUS/FAPESC-2016. Método sob abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso coletivo ou múltiplos, descritivo e integrado3,4. Caracteriza-se por não se concentrar em um único caso para investigar o fenômeno5. Foram selecionados como casos os serviços de Atenção Básica e de Atenção Psicossocial de três municípios da Rede de Atenção do Vale do Itajaí/SC, os quais têm histórico de recorrentes situações de desastres naturais. No Mapa Brasileiro de Desastres Naturais estes tiveram acima de 10 ocorrências de desastres por inundação brusca entre 1991 e 2010, sendo Blumenau e Rio do Sul os mais frequentemente atingidos por inundações graduais6. Quanto ao presente estudo de casos, define-se pelo caráter descritivo com o propósito de descrever o fenômeno do cuidado psicossocial em transições por desastres, em seu contexto de vida real3. Se classifica ainda como integrado, por envolver a presença de subunidades de análise dentro de cada caso7: a percepção profissional sobre o impacto psicossocial e a demanda das famílias afetadas por desastres, o cuidado às necessidades psicossociais em transições por desastres, as estratégias da Rede de Atenção para gestão de riscos e a resiliência a desastres. O estudo de casos envolve múltiplos recursos de informação para aprofundamento e detalhamento do estudo4. Utilizou-se das técnicas de entrevista narrativa8, observação participante9, registros e documentos, abordados na presente reflexão.

Objetivos

Relatar a trajetória metodológica de trabalho de campo e coleta de dados de um estudo de casos múltiplos.

Desenvolvimento

O trabalho de campo da pesquisa teve sua trajetória findada com a coleta dos dados entre janeiro e maio de 2018. Iniciou-se em 2016 com a apresentação da proposta às Secretarias Municipais de Saúde selecionadas para o estudo e subsequente submissão do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSC. Iniciou-se o trabalho de campo no final do ano de 2017, através da retomada do contato com as Secretarias para reapresentação da proposta de pesquisa tendo em vista mudanças correntes das gestões públicas no período. Após a indicação dos serviços de saúde que entravam nos critérios de inclusão para pesquisa, iniciaram-se as idas a campo atendendo em sequencia a coleta de dados de cada caso: 1) Rio do Sul, 2) Itajaí e 3) Blumenau. Foram selecionados todos os Centros de Atenção Psicossocial (II adulto, álcool e drogras, e infantil) dos municípios e algumas das equipes de saúde da família localizadas em territórios mapeados como áreas de risco para desastres. Em Rio do Sul foram 24 entrevistados, de 5 Unidades de Saúde da Família, 1 CAPS e dois gestores de saúde. Em Itajaí foram 41 entrevistados, de 4 Unidades de Saúde da Família, 3 CAPS e dois gestores de saúde. No município de Blumenau foram 37 entrevistados, de 4 Unidades de Saúde da Família, 3 CAPS e 3 gestores de saúde. O perfil dos entrevistados caracteriza os sujeitos da pesquisa, em sua maioria na função de Agentes Comunitários de Saúde (ACS), seguido de enfermeiros, técnicos em enfermagem, psicólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, educador físico e médico. A maioria entre 25 e 45 anos de idade, concursados, com mais de 10 anos de formados na profissão e entre 5 a 10 anos de trabalho nos respectivos serviços. O convite de participação extendeu às equipes por contato telefônico ou via e-mail dos coordenadores responsáveis, procedendo-se o agendamento dos encontros para entrevista. Foram realizadas de 3 a 4 idas a cada município para coleta dos dados, em pequenas equipes de pesquisadores para atender aos agendamentos concomitantes em data e horário préviamente acordados. Para a realização das entrevistas narrativas permitiu-se que fossem entrevistados individualmente e coletivamente mais de um participante da mesma equipe, uma vez que a disponibilidade dos mesmos contava com o horário destinado à reunião de equipe ou na presença dos ACS na Unidade. As entrevistas foram áudio gravadas e transcritas. Para transcrição fidedigna das narrativas, cada entrevistado identificava-se com a sua função e nomes, não transcritos, um auxílio para a identificação das vozes. Foi realizada observação durante o período de estada dos pesquiadores nos serviços, com registros em instrumento próprio da coleta de dados. Foram solicitados amostra ou cópia de documentos formais ou informais, ou registros de imagem que porventura tenham sido mencionados nas narrativas durante as entrevistas. Obteve-se imagens fotográficas sobre o território, imagem dos mapas inteligentes das Unidades, cópia de documentos com orientação aos serviços de saúde para o período de enchente, esboços de estratégia de gestão para atuação das equipes em situação de desastre. Informações dos gestores a respeito da estrutura das respectivas redes municipais de saúde contextualizaram os casos.

Considerações Finais

O desenho de estudo de caso oportunizará interpretar diversas fontes de dados sobre as quais as narrativas estão manifestadas, expressando o significado atribuído à realidade. A referência de desastre amplamente narrada foi a “tragédia de 2008”, marco a partir do qual as narrativas sobre a percepção e atuação dos profissionais foram construídas e refletidas para a atualidade. Metodologicamente, a efetividade do trabalho de campo necessita de planejamento e de gestão dos recursos disponíveis, da disposição dos colaboradores, do tempo e das condições imprevistas que ao invés de ferir a viabilidade da obtenção de dados qualitativos oportunizam o exercício da criatividade no processo de investigação.

Palavras Chave

Desastres Naturais, Pesquisa qualitativa, Estudo de Caso.

Referências:
1. UNISDR. The United Nations Office For Disaster Risk Reduccion. Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015-2030. 1st edition. Geneva, 2015. Disponível em: https://www.preventionweb.net/files/43291_sendaiframeworkfordrren.pdf
2. Stallings RA. Methods of Disaster Research: Unique or Not? International Journal of Mass Emergencies and Disasters. March 1997, 15(1):7-19. Disponível em: http://www.ijmed.org/articles/408/download/
3. Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
4. Creswell JW. Qualitative inquiry and research design: choosing among five traditions. Thousand Oaks: Sage Publications, 1998.
5. Stake RE. The art of the case study research. Thousand Oaks: Sage, 1995.
6. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Santa Catarina/ Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianopolis: CEPED UFSC, 2011. 89p.
7. Favero L, Rodrigues JAP. Pesquisa estudo de caso. In: Lacerda MR, Costenaro RGS. Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde: da teoria à prática. Porto Alegre: Moriá, 2015:291-324
8. Jovchelovitch S, Bauer MW. Entrevista narrativa. In: Bauer MW, Gaskell G. Pesquisa qualitativa com texto e imagem: um manual prático.Petrópolis: Vozes, 2002. p. 90-113.
9. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2008.

Area

Ambiente e Saúde

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

GISELE CRISTINA MANFRINI FERNANDES, ASTRID EGGERT BOEHS, Maria Fernanda Baeta Neves Alonso da COSTA, Maria Lígia dos Reis BELLAGUARDA, Ivonete Teresinha Schulter Buss HEIDEMANN, Betina Horner Schlindwein MEIRELLES