Datos del trabajo


Título

ATIVIDADES LUDICAS NA CONSTRUÇAO DO GENOGRAMA E ECOMAPA DA FAMILIA DE CRIANÇA COM CANCER: POSSIBILIDADES EM PESQUISA QUALITATIVA

Introdução

O câncer infantil caracteriza-se por um conjunto de doenças que acomete crianças de zero a doze anos sendo um importante problema de saúde no Brasil, apresentando incidência crescente de aproximadamente 1% ao ano e sendo a segunda causa de morte na população abaixo de 14 anos, inferior apenas a causas externas¹. Afeta a vida da criança e sua família impactando as atividades lúdicas. Entende-se como Atividades Lúdicas ações que tem como objetivo propiciar alegria, diversão, aprendizado e desenvolvimento infantil, forma como a criança cresce e conhece o mundo². Sendo assim, ao realizar uma pesquisa qualitativa em saúde com crianças e famílias, torna-se importante utilizar métodos lúdicos que expressem as relações, vínculos e opiniões de seus membros. Neste ínterim, o genograma e o ecomapa são instrumentos simples de serem elaborados e que possibilitam delineamentos estruturais internos e externos importantes em estudos com famílias³.

Objetivos

Identificar a estrutura e vínculos da família da criança com câncer por meio de atividades lúdicas.

Método

Este trabalho é um recorte da Dissertação de Mestrado apresentada a PPGEn/UFPel cujo título é “Atividades Lúdicas no Contexto Familiar de Crianças com Câncer e sua Família”. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa e descritiva, que visou a interação lúdica entre a família e a criança na construção de genograma e ecompa para identificar a estrutura familiar e vínculos antes e após o diagnóstico de câncer infantil. Foi realizado na cidade de Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil no período de julho a outubro de 2017, por meio da construção de genograma, ecomapa, entrevista semiestruturada e proposta de intervenção. Os participantes da pesquisa foram 06 famílias de crianças com câncer com um total de 18 participantes. Utilizou-se a técnica snow ball para identificação das famílias e o contato inicial ocorreu por telefone ou internet, dependendo da via de contato fornecida. Ao aceitarem participar do estudo, agendou-se a uma data para o encontro na residência da família, momento em que foi apresentado os objetivos do estudo e assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram analisados pela análise temática4. O estudo teve a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas sob o parecer n° 2.130.783, e foram respeitados os princípios éticos referentes a pesquisa com seres humanos.

Resultados

A construção de tal atividade propiciou o contato inicial entre pesquisadora e famílias sendo utilizado como ferramenta lúdica na coleta de dados. A atividade foi desenvolvida de maneira conjunta e cada membro contribuiu com informações para serem colocadas nos desenhos do genograma e ecomapa. O genograma possibilitou ver como a família se enxerga enquanto estrutura percebendo que as crianças desenharam os membros que mais gostavam colocando corações ou fazendo com mais detalhes enquanto evitaram desenhar membros que não tinham vínculos. O ecomapa foi uma ferramenta de grande auxílio, uma vez que representou graficamente os relacionamentos dos membros da família com o meio externo a este núcleo familiar. Identificou-se que as crianças expressaram no ecomapa atividades lúdicas que realizavam anteriormente ao diagnóstico, que lhe traziam alegria além de caracterizar o desenvolvimento infantil saudável. Após o diagnóstico, as famílias expressaram as atividades lúdicas que mudaram, retratando que passeios e encontros com os outros parentes deram espaço ao vínculo conflituoso/estressante com as internações, o medo, o estresse e todas as dúvidas relacionadas ao tratamento. Vínculos interrompidos com escola, animais de estimação e com amigos foram identificados durante a construção do ecomapa como perdas importantes para as crianças durante o tratamento. O medo dos pais em relação à doença e a permitir que a criança brincasse foram apresentadas por 4 famílias. As crianças desenharam vínculos interrompidos com brincadeiras que realizavam antes como andar de bicicleta, pular corda, correr, jogar bola, tomar banho de piscina, entre outras. Apontaram vínculos mantidos apenas com brincadeiras que não necessitavam de esforço físico como quebra-cabeça e jogos eletrônicos. Em 2 famílias as crianças mantiveram vínculos com brincadeiras que realizavam antes em que os pais as adaptaram de acordo com as restrições da criança. Percebeu-se que a utilização do método facilitou a interação entre os membros da família com a pesquisadora, contribuindo positivamente na coleta de dados uma vez que os participantes ficaram a vontade para falar, desenhar, escrever e representar com brinquedos a estrutura familiar, os vínculos que tinham antes do diagnóstico de câncer da criança e os vínculos e atividades que necessitaram ser interrompidos após o adoecimento.

Considerações Finais

O presente estudo possibilitou conhecer as mudanças vivenciadas pela criança com câncer em seu contexto familiar antes e após o diagnóstico expressado de forma lúdica no genograma e no ecomapa. A técnica utilizada permitiu que, tanto a criança como a família, utilizassem o lúdico para demonstrar suas vivências.Observou-se que enquanto o genograma mostrou uma visão mais histórica e interna da família, o ecomapa revelou foi mais geral da situação, retratando conflitos, vínculos perdidos e novos vínculos após o diagnóstico, bem como as relações com o mundo externo, retratando o funcionamento atual familiar em seu contexto social.

Referencias
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Particularidades do câncer infantil. Rio de Janeiro: 2015.
PIAJET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 4º Ed. São Paulo: LTC, 2010
WRIGHT L. LEAHEY, M. Enfermeiras e Famílias: Um guia para Avaliação e Intervenção na Família. 4° ed. São Paulo: Roca. 2012.
BRAUN, V. CLARKE, V. Using thematic analysis in psychology. Qualitative research in psychology, v. 3, n. 2, p. 77-101, 2006.

Palavras Chave

Neoplasia. Pediatria. Criança. Jogos e Brinquedos. Desenvolvimento infantil

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Rosani Manfrin Muniz, Juliana Amaral Rockembach, Bruna Knob Pinto , Franciele Budziareck das Neves, Aline Blaas Schiavon , Michele Nachtigal Barbosa, Aline da Costa Viegas