Datos del trabajo


Título

GENOGRAMA FAMILIAR DE ADOLESCENTES COM DOENÇA FALCIFORME: IMPLICAÇOES PARA A PRATICA ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM

Introdução

Genograma é um instrumento que permite conhecer a estrutura familiar, sua composição, como seus membros se organizam e interagem entre si, os problemas de saúde, as situações de risco, além dos padrões de vulnerabilidade, que são de suma importância para o planejamento do cuidado. São retratos gráficos da história e padrão familiar e constitui um mapa relacional do paciente e sua família1;2;3. Pesquisas que trabalham com redes familiares têm mostrado o papel supremo do apoio social na promoção da saúde, prevenção e tratamento de patologias e no melhor manejo dos sintomas de doenças crônicas, principalmente quando referimos ao apoio da família4. A Doença Falciforme (DF) é um dos distúrbios genéticos mais comuns no mundo. No Brasil, os primeiros casos da DF ocorreram, substancialmente, no período de imigração forçada de povos africanos. Destaca-se que a incidência de pessoas com traço é de 1:35 dos nascidos vivos no País5.

Objetivos

Compreender e discutir como se constitui a rede de apoio familiar de adolescentes com Doença Falciforme e avaliar a utilização do Genograma como instrumento auxiliar para coleta de informação.

Método

Trata-se de um estudo de caráter descritivo, de abordagem qualitativa que utilizou o Genograma como um dos instrumentos de coleta de informações durante o desenvolvimento de uma pesquisa de Dissertação de Mestrado. A pesquisa foi realizada no Hemocentro Regional de uma Cidade da Zona da Mata Mineira, Minas Gerais. Os potenciais participantes foram identificados, inicialmente, com auxílio da equipe de saúde e foram abordados pessoalmente enquanto aguardavam pela consulta médica. Foram entrevistados dez adolescentes com Doença Falciforme que faziam acompanhamento no respectivo Hemocentro. Cada entrevista se deu de forma distinta, a partir de uma única questão norteadora. A partir dessa questão, outras apareciam de acordo com a narrativa dos adolescentes, até conseguirmos montar o Genograma que representasse sua família. As anotações foram realizadas seguindo a ordem cronológica da terceira geração para a primeira, da esquerda para a direita em cada uma das gerações. Os sinais gráficos utilizados foram os padronizados pelo comitê da American PrimaryCareResearchGroup6. As informações foram reunidas e organizadas à medida que o adolescente contou sua história familiar. A pesquisa foi submetida à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas HEMOMINAS, sendo aprovada sob o Parecer Consubstanciado Número: 54237916.5.0000.5118.

Resultados

Foram entrevistados sete participantes do sexo masculino e três do sexo feminino. Quanto à cor da pele, cinco se autodeclararam pardos e cinco negros. Ao construir o Genograma observou-se que nas famílias dos adolescentes o modelo hegemônico de família nuclear, em que existe um pai e uma mãe responsável pelo filho, aplicou-se somente a quatro famílias, na qual os pais ainda eram casados. Já nas demais famílias não existiam esse modelo, mostrando uma diversidade na constituição familiar: famílias monoparentais com cuidadores únicos. A partir de tal instrumento percebeu-se que as famílias dos participantes possuíam vulnerabilidades e situações de risco como alcoolismo, envolvimento com drogas, morte de parente próximo e outras doenças crônicas em membros da família, além da sobrecarga do cuidador. A figura materna aparece como uma das principais cuidadoras, estando presentes nas consultas, exames e, também, durante toda a hospitalização, fazendo com que a mesma, na maioria das vezes, deixe de ter um trabalho para se dedicar ao cuidado do filho. Em alguns casos, os adolescentes citam o pai, a avó e o irmão como cuidadores primários. No entanto, na grande maioria, essas figuras familiares são auxiliares do cuidado. Ainda que exista a figura paterna presente na vida desses adolescentes, estes, em grande parte, eram colocados apenas como auxiliares do cuidado. Cinco participantes disseram ter relações distantes e/ou conflituosas com o pai. Observou-se que entre esses adolescentes essa relação pai-filho era superficial e que não existia apoio significativo durante o enfrentamento de dificuldades relacionadas à situção de saúde. Além disso, apareceram relações conflituosas entre os membros que podem afetar diretamente o adolescente, trazendo prejuízos para o tratamento dos mesmos. A família, sobretudo a mãe, foi considerada pelo adolescente como uma forte aliada no tratamento da DF e para o enfrentamento das agudizações da patologia e das hospitalizações. O Genograma permitiu acessar a compreensão e interpretação de algumas variáveis que influenciam a construção de um determinado itinerário terapêutico pelos participantes. Ele se mostrou adequado como um instrumento de pesquisa; facilitou a apreensão das informações e atingiu os objetivos propostos com a obtenção de resultados satisfatórios de forma prática e relativamente rápida. Sua utilização trouxe informações importantes sobre as famílias de pessoas acometidas por uma doença crônica e como essas pessoas se organizam para a execução do cuidado do adolescente falcêmico.

Considerações Finais

Conclui-se pelas informações acessadas pelo Genograma que os núcleos cuidadores familiares dos adolescentes com DF possuem vulnerabilidades sociais, de saúde e psicológicas que necessitam ser consideradas pelas equipes multiprofissionais, sobretudo os enfermeiros, a fim de proporcionar o cumprimento dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde, viabilizando um cuidado holístico e eficaz a esses indivíduos, buscando garantir o pleno direito à saúde. Considerando que a incidência da DF é maior na população negra, ou seja, uma população historicamente desprivilegiada, é necessário, a partir dos resultados encontrados, considerar a necessidade de um suporte social efetivo para os indivíduos com tal patologia e suas famílias.

Palavras Chave

Enfermagem; Adolescente; Doença Falciforme; Família.

Area

Saúde do Adolescente

Autores

FRANCIANE VILELA RÉCHE DA MOTTA VILELA RÉCHE DA MOTTA, CAMILA MESSIAS RAMOS MESSIAS RAMOS, GUILHERME SACHETO OLIVEIRA SACHETO OLIVEIRA, ZULEYCE MARIA LESSA PACHECO MARIA LESSA PACHECO