Datos del trabajo


Título

BOLA DE NEVE E SUA APLICABILIDADE EM PESQUISAS QUALITATIVAS COM POPULAÇOES IDENTIFICAVEIS APENAS PELOS MEMBROS DE SUA REDE SOCIAL

Introdução

Bola de neve ou snowball sampling é um método não probabilístico que utiliza da formação de cadeias de referência para acesso aos participantes de determinado estudo (1,2). Tem sua aplicação indicada para contato com populações de difícil alcance, que contenham peculiaridades e em pesquisas cujo objeto perpassa por assuntos privados, quando as características almejadas pelo estudo são definidas pelos próprios participantes ou quando não há precisão sobre a quantidade da amostragem (1-3). Essa técnica tem sido empregada em pesquisas qualitativas quando precisamos identificar os participantes que, em um primeiro momento possam parecer estar ocultos a nós, mas visíveis e identificáveis por outros membros de uma mesma rede social. Com a utilização da bola de neve são formadas cadeias de referências construídas a partir de pessoas que compartilham ou sabem de outras pessoas que possuem as características que são de interesse do estudo. Os indivíduos acessados inicialmente são denominados sementes (2). Durante os encontros, as sementes são convidadas a indicar possíveis novos participantes tornando possível a criação e a ampliação da rede de contatos. Um a um os participantes são indicados até que não haja mais indicações ou; até que os dados já estejam saturados não agregando novas informações ao estudo ou ainda; quando as sementes e os participantes começam a indicar indivíduos já acessados pelos pesquisadores.

Objetivos

Relatar a experiência da utilização da técnica bola de neve, como um método aplicável em pesquisas qualitativas em enfermagem, quando a população a ser acessada apresenta peculiaridades ou difícil acesso.

Desenvolvimento

Trata-se de um estudo de caráter descritivo, de abordagem qualitativa que utilizou o método bola de neve como ferramenta para acesso e captação de participantes, com a criação de redes de contato de travestis e transexuais. A coleta de dados ocorreu no segundo semestre de 2017 em um município da Zona da Mata Mineira, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para o início da amostragem foram acessadas as informantes-chaves (sementes) que durante os encontros foram convidados a indicar possíveis novos participantes, com as características desejadas pelo pesquisador. Isso acontece porque uma amostra probabilística inicial é impossível ou impraticável, e assim as sementes ajudam o pesquisador a iniciar seus contatos e a encontrar o grupo a ser pesquisado, no entanto a cada encontro o pesquisador verificava se as depoentes atendiam aos critérios de inclusão. Tais informantes foram acessados através do cadastro em uma Unidade Básica de Saúde. Desta forma, o número de participantes foi crescendo a cada entrevista. Em um determinado ponto tivemos que ir a busca de novas sementes, pois a rede de contato tornou-se saturada com indicação de participantes já acessadas. No final a pesquisa teve dez participantes, uma vez que o pesquisador atento às sutilezas da pesquisa, compreendeu que as informações narradas não traziam informações novas ao quadro de análise. A cada encontro as participantes eram convidadas a participarem do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e somente após era realizada a entrevista fenomenológica. O roteiro de coleta de informações era composto por caracterização sócio-demográfica e questões norteadoras que permitiram uma maior interação com as participantes. O estudo seguiu o referencial teórico, filosófico e metodológico de Martin Heidegger. Na sua primeira parte haviam perguntas que nos deram subsídios de futuramente construir a historiografia das participantes, ou seja, a dimensão ôntica do ser, e na segunda, questões que vislumbravam o desvelamento das facetas fenomenais do objeto investigado.

Considerações Finais

Através deste método foi possível a formação de cadeias de referências compostas por indivíduos que se caracterizavam como travestis ou transexuais. Estes indivíduos compartilhavam ou sabiam de outras pessoas, que como eles poderiam atender aos critérios de inclusão do estudo. Devido à invisibilidade vivenciada por travestis e transexuais e por compreender que as identidades de gêneros são múltiplas e definidas pelos indivíduos que as vivenciam, a utilização do método bola de neve permitiu o acesso àqueles que vivenciam o fenômeno, sem julgamentos e pré-conceitos estabelecidos pelos pesquisadores.: O processo de cuidar pode ser compreendido como essência da enfermagem, transcendendo aspectos biológicos e psicossociais dos indivíduos, envolvendo aspectos como respeito e compreensão do ser cuidado. O método bola de neve se mostrou como possibilidade de acesso a estas populações para elaboração de pesquisa qualitativa em enfermagem com vistas a garantir embasamento para o cuidado a populações com características que, por muitas vezes, as tornam invisíveis aos profissionais de enfermagem. Perceberam-se como vantagens da utilização deste método a possibilidade em se realizar contatos populações de difícil acesso ou peculiaridades, o fato de ser um processo econômico e que requer planejamento, porém, utiliza de poucos recursos humanos. Em relação aos inconvenientes, cabe citar a falta de controle sobre a constituição e sobre o número de participantes. Sendo assim, o método bola de neve mostrou-se eficaz para o acesso a população que, por muitas vezes, permanecem na invisibilidade de nossa sociedade.

Palavras Chave

Pesquisa em Enfermagem. Pesquisa Qualitativa. Metodologia.

Area

Saúde e populações vulneráveis

Autores

GUILHERME SACHETO OLIVEIRA SACHETO OLIVEIRA, CAMILA MESSIAS RAMOS MESSIAS RAMOS, FRANCIANE VILELA RÉCHE DA MOTTA VILELA RÉCHE DA MOTA, ZULEYCE MARIA LESSA PACHECO MARIA LESSA PACHECO